Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 06:00
O Espírito Santo do futuro já está em construção. São obras de portos, aeroportos, ferrovias e estradas, capazes de alavancar negócios de Norte a Sul, reduzir as desigualdades regionais e baixar os preços do frete e das mercadorias. Também começam a sair do papel projetos industriais estratégicos para a economia capixaba, em segmentos tradicionais, como mineração, siderurgia, celulose, petróleo e gás. >
Até o ano de 2029, está previsto para o Estado o investimento recorde de R$ 137,6 bilhões, com recursos públicos e privados, segundo levantamento do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN). >
O diretor-presidente do instituto, Pablo Lira, observa que, nos últimos 25 anos, os investimentos, antes concentrados na Grande Vitória, migraram para outras áreas, garantindo maior equilíbrio no desenvolvimento regional, fortalecendo microrregiões litorâneas e interioranas. Atualmente, cerca de 70% das obras estão fora da área metropolitana.>
Na carteira de investimentos do Espírito Santo, estão previstos 1.290 projetos, 70% já em execução e 30% em planejamento. Do total, 641 são da indústria e somam R$ 126 bilhões. Na sequência está o setor de comércio, serviços e administração pública com 648 projetos, num total de R$ 11,4 bilhões, seguido pela agropecuária, com um único projeto de R$ 6 milhões. >
>
Lira aponta o potencial transformador dessas iniciativas. “Os aportes anunciados devem dinamizar a economia capixaba, criar novos postos de trabalho e consolidar o Espírito Santo como um polo atrativo, seguro e competitivo para investir, empreender, trabalhar e viver”, completa.>
O investimento de maior valor está sendo realizado pela Petrobras. São R$ 35 bilhões destinados a atividades de exploração e produção de petróleo e gás, com destaque para o início da operação, no litoral capixaba, da plataforma Maria Quitéria, a primeira da estatal que é totalmente elétrica.>
O setores de siderurgia e mineração também têm planos ambiciosos. A Samarco vai investir R$ 5,9 bilhões para retomar 100% da sua capacidade operacional até 2028, reativando as usinas de pelotização 1 e 2, na planta de Ubu, em Anchieta, Litoral Sul do Espírito Santo.>
Já Vale e ArcelorMittal estão implementando práticas sustentáveis, com projetos para redução de impactos ambientais de acordo com Termos de Compromisso Ambiental (TACs) firmados. Estão previstos investimentos que somam mais de R$ 6 bilhões. >
Com o olhar para o futuro, o governo do Estado projeta a construção de uma usina de dessalinização para converter a água do mar em potável. >
Com investimento de R$ 1 bilhão, a planta deve ter volume de água compatível para abastecer uma cidade com mais de 550 mil habitantes. “A implementação dessa tecnologia representa um marco histórico no saneamento capixaba. A iniciativa atende às necessidades de abastecimento e está alinhada com nossa visão de sustentabilidade ambiental”, frisa o presidente da Cesan, Munir Abud. >
Também ganha destaque na carteira de investimentos, o montante de R$ 35 bilhões, que será destinado a obras estruturantes, com a construção e melhorias de portos, ferrovias e rodovias federais.>
O secretário de Desenvolvimento do Estado, Rogério Salume, destaca que esses investimentos logísticos levam progresso a regiões que antes estavam fora do radar dos investidores, ao mesmo tempo em que conectam o Espírito Santo ao Brasil e o país ao mundo.“Para que o Espírito Santo avance, é essencial garantir conectividade com o Brasil e o mundo, e isso se faz com infraestrutura. Precisamos plugar o Estado às grandes rotas nacionais, por meio de rodovias modernas e seguras, e avançar na integração ferroviária, para conectar a grande malha logística do país”, analisa. >
A localização estratégica do Espírito Santo, próxima dos maiores centros consumidores do país, coloca-o no planejamento estratégico de multinacionais. A Nestlé anunciou que vai investir R$ 7 bilhões no Brasil. A produção da fábrica de chocolates Garoto, em Vila Velha, será ampliada. >
Dentro do plano nacional da companhia até 2028, a Garoto receberá novas linhas de produção de chocolates, bombons e chocobiscuits, impulsionando marcas como Caribe e Serenata de Amor. O diretor da unidade, Fabiano Marins, destaca que a planta capixaba é, hoje, a maior operação de chocolates da Nestlé no mundo em volume, com exportações para mais de 20 países. “O Espírito Santo é estratégico por reunir tradição e excelência produtiva. A fábrica de Vila Velha desempenha um papel fundamental tanto no abastecimento nacional quanto nas exportações, contribuindo para o alcance global das marcas brasileiras da Nestlé.” >
O mapa dos investimentos do Espírito Santo, desenhado pelo IJSN, revela que a maior injeção de recursos será na microrregião Litorânea Sul (R$ 53,7 bilhões). A Região Metropolitana aparece em segundo lugar (R$ 47,4 bilhões), seguida pela Microrregião Rio Doce (R$ 13,4 bilhões). Na sequência estão: Nordeste (R$ 5,8 bilhões) Sudoeste Serrana (R$ 5,5 bilhões), Centro-Oeste (R$ 3,1 bilhões), Caparaó (R$ 3 bilhões), Central Sul (R$ 2,5 bilhões), Central Serrana (R$ 1,6 bilhão) e Noroeste (R$ 1,2 bilhão).>
No Norte do Estado, a Suzano implementa um pacote de investimentos de R$ 1,17 bilhão. A maior produtora de celulose do mundo e uma das gigantes da produção de papel da América Latina vai construir uma fábrica de papel tissue em Aracruz. A nova unidade deve começar a operar em 2026. Também está incluída no montante uma nova caldeira de biomassa, que vai aumentar o ganho energético da fábrica.>
“O Espírito Santo é um Estado estratégico. Ao investir em mais uma fábrica e na nova caldeira, a Suzano fortalece a cadeia de fornecedores, gera empregos e renda”, ressalta o gerente-executivo de Relações Corporativas da empresa, André Brito.>
Já na Região Sul, está em construção o Hospital do Câncer, numa parceria entre o Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (Heci) e o governo estadual. Segundo o superintendente da instituição, Wagner Medeiros, com novos equipamentos e tecnologias, o hospital vai aumentar a quantidade de procedimentos ofertados na região.“A nova unidade terá 120 leitos para pacientes oncológicos, fortalecendo a rede de saúde e ampliando o acesso da população a serviços de alta complexidade.”>
Os investimentos surtem um efeito cascata, observa o CEO da Le Card, Erly Vieira, à medida que a expansão das atividades de grandes companhias no Estado abre novos mercados para a prestação de serviços. “Há uma grande concentração de investimentos na indústria, o que deve impulsionar fortemente a demanda por soluções da LeCard. Além disso, o crescimento do setor de serviços, comércio e tecnologia também abre espaço para a ampliação de benefícios corporativos, gestão de despesas e programas de incentivo, áreas como grandes oportunidades.”>
Para acompanhar a guinada da economia capixaba, é preciso investir em formação profissional, observa Moacir Lellis, presidente do Sindicato das Empresas Particulares de Ensino (Sinepe). “As instituições estão atualizando os currículos para incluir disciplinas e conteúdos alinhados às necessidades atuais do mercado, como gestão da cadeia logística, planejamento urbano e práticas voltadas à sustentabilidade.”>
Petrobras
Investimentos em exploração e produção, com destaque para o início da operação do FPSO Maria Quitéria. Estão relacionados projetos nas áreas de refino, comercialização, energia e gás. Investimento: R$ 35 bilhões
Ecovias Capixaba
Duplicação de 169 km da BR 101, com faixas adicionais, contornos, rodovias marginais, passarelas para travessia de pedestres e pontos para parada e descanso de motoristas. Investimento: R$ 10,3 bilhões
BW Energy
Revitalização dos campos de Golfinho e Camarupim, com foco em novos poços, aumento da produção e expansão do FPSO Cidade de Vitória. Investimento: R$ 5,6 bilhões
Prio
O projeto de Wahoo contempla a perfuração de poços e a conexão entre os poços e o FPSO de Frade. Investimento: R$ 4,9 bilhões
Vale
Redução da emissão de poluentes para melhorar a qualidade do ar, de acordo com Termo de Compromisso Ambiental (TCA). Investimento: R$ 4,7 bilhões
Porto Central
Porto Central Construção do porto-indústria para atender setores como petróleo e gás, minério, granito, agricultura, indústria automobilística, entre outros. Investimento: R$ 2,6 bilhões
Imetame Logística
Construção do terminal portuário multipropósito para a indústria petrolífera, contêineres, cargas gerais, granéis sólidos e líquidos. Investimento: R$ 2,3 bilhões
Seacrest Petróleo
Desenvolvimento e Produção dos campos em terra no Polo Cricaré - Norte do Espírito Santo. Investimento: R$ 2 bilhões
Portocel
Ampliação do porto com a construção de armazéns, pátios, retroáreas, novos berços, realização de dragagem e extensão do ramal ferroviário. Investimento: R$ 2 bilhões
ArcelorMittal Tubarão
Projetos para redução de impactos ambientais de acordo com Termo de Compromisso Ambiental (TAC) firmado. Investimento: R$ 1,9 bilhão
Duplicação da BR 262
Duplicação e restauração de cerca de 180 km da rodovia BR 262, entre Viana e a divisa com Minas Gerais. Investimento: R$ 8 bilhões
Ferrovia EF 118
Construção da Ferrovia ligando Santa Leopoldina a Anchieta. Investimento: R$ 7,4 bilhões
Samarco
Retomar 100% da capacidade operacional, por meio da reativação e modernização das usinas de pelotização 1 e 2, em Ubu, Anchieta. Investimento: R$ 5,9 bilhões
ArcelorMittal Tubarão
Implantar um Laminador de Tiras a Frio (LTF) e uma linha de Revestimento Contínuo (Galvanização), na planta da Serra. Investimento: R$ 4 bilhões
Private Log Mestre Álvaro
Construção de megacomplexo logístico de padrão triple A, com mais de 620 mil m² de área locável, na Serra. Investimento: R$ 2 bilhões
Cesan e GS Inima Brasil
Construção de usina de dessalinização da água do mar entre os municípios de Vila Velha e Guarapari. Investimento: R$ 1,1 bilhão
Duplicação da BR 259
Duplicação da BR 259, pelo Dnit-ES, entre o km 0 e o km 63, abrangendo o trecho entre os municípios de João Neiva e Colatina. Investimento: R$ 1 bilhão
UTE Serra SPE
Implantação da usina de geração de energia elétrica, por intermédio da combustão de biometano e gás natural, na Serra. Investimento: R$ 350 milhões
Macrodrenagem
Obra de macrodrenagem e pavimentação do Balneário de Guriri, em São Mateus, pelo DER-ES. Investimento: R$ 344 milhões
Rodovia ES 466
Construção da rodovia ES 466, trecho entre a BR 101 (Vila Velha) e BR 262 (Viana), pelo DER-ES. Investimento: R$ 243,9 milhões
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta