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Uma em cada seis mulheres pede demissão ao sofrer assédio no trabalho

Uma em cada seis mulheres pede demissão ao sofrer assédio no trabalho

Pesquisa apontou ainda mulheres negras e pardas são as maiores vítimas; objetivo da pesquisa é promover um ambiente de trabalho seguro para as profissionais dentro e fora da internet

Publicado em 20 de outubro de 2020 às 14:33

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Mulher trabalhando em casa; home office
Mesmo com o trabalho em home office mulheres continuam sofrendo assédio. (Pixabay)

Uma a cada seis mulheres pede demissão ao sofrer assédio sexual no ambiente de trabalho. Além disso, mulheres negras e pardas e de baixa renda são as principais vítimas. O resultado foi apontado em uma pesquisa "Trabalho sem Assédio" promovida pelo LinkedIn, em parceria com a consultoria de inovação social Think Eva. O estudo traçou o cenário de casos em ambientes corporativos on e offline.

De acordo com os desenvolvedores, o resultado dá início a um projeto de promoção de um ambiente de trabalho seguro para mulheres dentro e fora da internet. A pesquisa priorizou ainda a perspectiva racial e econômica para a busca de insights e traz como foco as mulheres, uma vez que o maior número de ocorrências se dá neste gênero.

A consultoria ouviu 381 mulheres usuárias de internet no Brasil para uma avaliação quantitativa e análise de percepção sobre como os casos de assédio são detectados e tratados. A análise foi feita no início do ano, antes da pandemia do novo coronavírus.

E apesar do isolamento social, e os profissionais em home office, as mulheres continuaram sendo suscetíveis ao assédio no contexto online.

Durante a pandemia, o LinkedIn registrou níveis recordes de engajamento, com crescimento 55% nas conversas entre os usuários na plataforma reagindo, comentando, compartilhando e respondendo a comentários. Também houve, com o incremento do diálogo, manifestações de mensagens contendo assédio, cujos responsáveis são encorajados pela sensação de proteção que a tela do computador lhes dá.

"Mais do que falar, queremos trazer a discussão para um nível de consciência e de quebra de um mercado profissional que pouco age em casos de denúncia. Temos como objetivo chamar lideranças empresariais e vozes relevantes nas redes sociais a assumirem um compromisso público e aberto de combate ao assédio no ambiente de trabalho, conclamando para a adoção de ações preventivas de contenção e proporcionando, assim, um ambiente mais seguro", afirma a executiva de soluções de talentos e líder do Comitê de Mulheres do LinkedIn Brasil, Ana Plihal.

Mais de 95% das entrevistadas no estudo afirmam saber o que é assédio sexual no ambiente de trabalho, mas pouco mais de 51% falam com frequência sobre o tema. A pesquisa indicou que a maioria (54%) é composta por mulheres pretas ou pardas (seguindo nomenclatura oficial do IBGE) com renda entre dois e três salários, das regiões Nordeste e Centro-Oeste.

54%
Das mulheres assediadas são pretas ou pardas

Outro dado do estudo aponta que quase a metade das entrevistadas (47,12%) já sofreu alguma forma de assédio sexual no ambiente de trabalho.

A diretora de impacto da Think Eva, Maíra Liguori, destaca que o assédio sexual era, até pouco tempo, naturalizado e legitimado no ambiente de trabalho.

“Graças a muitas mulheres e campanhas comprometidas com tal questão, esse comportamento foi exposto à sociedade pelo que ele realmente é: uma violência de gênero que traz danos profundos e traumas irreversíveis para as profissionais. Mas, com esta pesquisa inédita, fica claro que os ambientes profissionais ainda encontram dificuldades em assumir sua parte nessa mudança cultural. Ao fechar os olhos para este problema, reproduzem os mesmos comportamentos que, direta ou indiretamente, protegem o agressor e reforçam um cenário perverso em que ele, por sinal, é o único que não sai perdendo. A vítima é revitimizada e excluída do mercado, a própria empresa perde talentos e a diversidade de seu corpo de funcionários, e a comunidade segue vendo a violência ser perpetuada" , destaca Maíra Liguori, diretora de impacto da Think Eva.

A pesquisa mostra ainda que, apesar do aumento das conversas públicas sobre o tema, o entendimento sobre o que caracteriza assédio ainda é muito literal, associado à violência física apenas. Entre as consequências do assédio relatadas, as vítimas afirmam sentir raiva e nojo, sentimentos seguidos pela sensação de impotência e humilhação. Trata-se de um problema de larga escala (atinge uma em cada duas mulheres).

Apenas 5% das mulheres recorre ao RH das empresas para reportar um caso. O baixo índice de queixas está associado ao senso de impunidade, ineficiência de políticas internas e ao medo, além do sentimento de culpa pelo assédio sofrido.

O levantamento mostra que, apesar de haver um debate da sociedade, no universo do trabalho, o que se vê é a reprodução de comportamentos que privilegiam o assediador e culpabilizam as vítimas.

Perguntadas sobre quais caminhos podem levar a uma solução, as respondentes apontam:

  • Adotar tolerância zero para os casos de assédio denunciados

  • Responsabilizar os agressores

  • Monitorar constantemente os casos e as estatísticas

  • Ouvir e acolher as vítimas

  • Assumir publicamente o seu papel na luta contra o assédio

  • Atribuir maior responsabilidade às empresas para conter o assédio.

O QUE É ASSÉDIO SEXUAL?

Definido por lei como o ato de “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função” (Código Penal, art. 216-A).

Com informações do Linkedin.

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