Estagiária / [email protected]
Publicado em 5 de dezembro de 2025 às 19:15
Por décadas, campanhas de enfrentamento à violência contra as mulheres foram voltadas para elas — as vítimas. Mas, como ressalta o cientista social Odmar Péricles Nascimento, assessor especial da Secretaria de Estado das Mulheres do Espírito Santo (SESM), também é preciso falar com eles, já que a violência “via de regra é praticada por homens".>
É com esse propósito que a secretaria lança nesta semana um conjunto de iniciativas que desloca o eixo do debate e chama os homens para o centro da conversa. O anúncio coincide com o Dia do Laço Branco, celebrado neste sábado (6), movimento internacional criado por homens comprometidos com o fim da violência contra mulheres.>
A campanha surgiu após o massacre de 6 de dezembro de 1989, no Canadá, quando mulheres foram assassinadas em uma universidade. Em resposta, um grupo de homens se organizou para declarar que, embora haja quem pratique violência, há também homens que a repudiam. O laço branco foi adotado como símbolo, com o compromisso de jamais cometer um ato violento contra mulheres e não ser cúmplice do silêncio.>
Para Odmar, o gesto simbólico precisa vir acompanhado de aprofundamento público sobre comportamentos masculinos. “O Laço Branco já existe há algum tempo, mas precisa, ano a ano, ser ampliado. Ele trata de um tema fundamental: ‘por que os homens cometem violência e como podemos mobilizá-los para combater isso’”, afirma.>
>
A principal novidade anunciada pela Secretaria é a criação do Comitê Técnico de Promoção da Masculinidade Positiva, uma instância inédita no governo capixaba. A portaria será apresentada oficialmente durante as atividades do Laço Branco.>
O comitê nasce com a missão de articular diferentes áreas do governo e parceiros externos — educação, saúde, segurança pública, cultura, universidades, empresas e instituições religiosas — para construir políticas que estimulem novas formas de ser homem na sociedade.>
“É uma abordagem que vem antes da violência acontecer. Queremos tratar da integridade dos homens: saúde, paternidade responsável, capacidade de cuidado, relações não violentas. O homem precisa ser cuidador, promotor das relações, não o sujeito que traz tragédias”, diz o pesquisador.>
O Estado já executa o programa Homem que é Homem, voltado a autores de violência que cumprem medidas judiciais. Os resultados são positivos, mas restritos a quem já cometeu agressões. A nova estratégia quer atuar antes: nas escolas, nos locais de trabalho, nas comunidades e nas famílias.>
Enquanto o Espírito Santo enfrenta números preocupantes de violência contra mulheres, a aposta do comitê, segundo Odmar, é que políticas públicas direcionadas também aos homens podem ajudar a mudar o cenário. Para ele, desenvolvimento econômico não caminha sem desenvolvimento humano. “A cidadania requer que nos cuidemos uns dos outros, ainda mais nas relações de gênero”, afirma.>
A campanha deste ano inclui ainda um painel no Tribunal de Contas do Estado (TCE), liderado pelo conselheiro Domingos Taufner. O evento discutirá experiências de responsabilização e reeducação de homens em casos reais, além de marcar a apresentação oficial do novo comitê.>
Embora esteja em fase inicial, o comitê já planeja abrir portas para instituições interessadas em colaborar — escolas, empresas, igrejas, universidades e coletivos. A ideia é ampliar debates, formações e ações sobre masculinidades positivas. Interessados podem contatar a Secretaria pelo telefone (27) 99275-1814 / 3636-917 ou diretamente o assessor especial Odmar Péricles Nascimento, pelo número (27) 99846-4085.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta