Editor do Se Cuida / gusilva@redegazeta.com.br
Publicado em 13 de maio de 2025 às 18:48
A apresentadora Tati Machado revelou que perdeu o bebê que estava esperando. Grávida de 33 semanas, ela deu entrada na maternidade após perceber a ausência dos movimentos de seu bebê. Até então, a gravidez transcorria de forma saudável e já se encontrava na reta final.
A artista fez uma postagem nas redes sociais através de sua equipe. "Infelizmente, foi constatada a parada dos batimentos cardíacos do bebê, por causas que ainda estão sendo investigadas", diz parte da nota. Tati Machado precisou passar por trabalho de parto e está sob cuidados. Após a publicação, a apresentadora da TV Globo optou por fechar os comentários das suas postagens no Instagram.
O obstetra Carlos Campagnaro, do Hospital São José, diz que o bebê faleceu por alguma causa que nós não sabemos. Isso porque existem multifatores que podem levar a esse quadro. “A maioria dos casos está relacionado a algum mau funcionamento da placenta. O descolamento precoce é um deles - não parece ter sido o caso da jornalista -, ou uma insuficiência placentária crônica. Temos outras causas difíceis de avaliar, como infecções, alterações do bebê, problemas com a pressão da mãe, com o cordão umbilical, problemas com líquido amniótico, diabetes descompensado", pontua.
O médico obstetra Paulo Batistuta diz que quando ocorre a morte fetal, o coração do bebê para de funcionar. "No entanto, a causa da morte pode ser uma condição não relacionada ao coração como, por exemplo, o diabetes gestacional, que gera um distúrbio metabólico fetal, ou uma infecção, que causa falência de múltiplos órgãos fetais".
O óbito fetal intrauterino é quando o coração do bebê deixa de funcionar durante a gravidez, ou seja, intraútero. "Vários fatores podem levar a esse quadro. Entre eles estão a má-formação cardíaca, infecções fetais, diabetes gestacional, acidentes com o cordão umbilical, insuficiência placentária, anóxia fetal, choque hipovolêmico materno, arritmia fetal e o uso de drogas por parte da mãe", explica Paulo Batistuta, do Hospital Santa Rita,
O médico conta que muitas doenças maternas podem evoluir para este desfecho desfavorável. "Durante o pré-natal é possível identificar situações de risco como o sobrepeso, o uso de drogas, infecções, e alterações metabólicas como diabetes. Essas condições podem ser tratadas e muitas vezes o bebê nasce muito bem", diz Paulo Batistuta.
O obstetra Thiago Martinelli, do São Bernardo Apart Hospital, diz que quando há interrupção dos batimentos cardíacos intraútero, significa que o feto faleceu ainda dentro do útero materno, e essa condição é distinta da parada cardíaca em adultos.
Thiago Martinelli
ObstetraO médico conta que o sofrimento fetal é uma condição crítica que exige avaliação e conduta imediata. "As medidas incluem internação hospitalar imediata, monitorização contínua com cardiotocografia e ultrassonografia com Doppler, e a avaliação da vitalidade fetal e possibilidade de interrupção da gestação. A conduta deve ser individualizada, visando proteger a saúde fetal e materna", diz Thiago Martinelli.
O ginecologista e obstetra Nélio Veiga Junior diz que após a 20ª semana de gestação, não é considerado mais como aborto, mas como óbito fetal. "A nomenclatura exata pode diferir. A Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, refere-se como morte fetal intra-uterina, enquanto nos Estados Unidos fala-se em natimorto tardio. No mundo, a cada ano, mais de 2,6 milhões de gestações resultam em natimortos no terceiro trimestre".
Com relação a como proceder em casos de óbito fetal, Nélio explica que hoje a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrago) conta com um manual de como essas situações devem ser abordadas. “Precisamos acolher essa paciente, juntar a família, reunir todas as informações sobre o caso, explicar de forma precisa o que aconteceu. É preciso que a paciente tenha a sua disposição uma equipe capacitada e multidisciplinar capaz de traçar uma estratégia de como a situação será conduzida a partir daquele momento. E todos os acompanhantes podem ficar com a paciente, caso seja seu desejo, e ela precisa ter todo o suporte para esse momento de luto”, destaca o especialista.
De acordo com o obstetra, uma vez que o diagnóstico é confirmado através do ultrassom, o próximo passo é pensar na via de nascimento. “De forma geral, sempre se opta por um parto vaginal, por uma indução de um trabalho de parto. Isso ajuda auxilia, inclusive, no processo de óbito para essas famílias. Em algumas poucas situações, a indicação é para uma cesárea, para um procedimento cirúrgico de forma imediata, geralmente em casos em que a paciente tem múltiplas cesáreas, se há quadro de instabilidade, um descolamento de placenta ou se o bebê não está bem posicionado para um parto vaginal”, detalha Nélio Veiga Júnior, que afirma que essa decisão deve ser compartilhada com a família e a equipe. “É um momento bastante difícil”, finaliza.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta