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Publicado em 6 de outubro de 2025 às 14:29
Um médico capixaba integra a equipe que está desenvolvendo um medicamento capaz de ajudar a devolver movimentos após lesões na medula. Natural de Jerônimo Monteiro, no Sul do Espírito Santo, Olavo Borges Franco faz parte do grupo que estuda a polilaminina, uma proteína presente em diversas partes do corpo humano. >
A pesquisa é resultado de um trabalho realizado há 27 anos, chefiado pela pesquisadora Tatiana Sampaio, do Laboratório de Biologia da Matriz Extracelular, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Olavo conta que começou a participar dos estudos em 2019, por meio de iniciação científica, quando ainda era acadêmico de medicina. Hoje, ele segue na pesquisa como doutorando.>
“Mesmo quando já estávamos testando o medicamento em seres humanos, ainda havia muitas perguntas sem resposta. Até aquele momento, tínhamos apenas os dados pré-clínicos, que mostravam que o medicamento era seguro e eficaz nos modelos experimentais”, relembra o médico.>
Ele explica que seu papel atual na pesquisa é estudar as tecnologias da droga, como melhores preparações, formas de administrar o medicamento e, principalmente, entender como a polilaminina atua. As análises têm como base comparações entre uma medula lesionada e uma que já está em tratamento, por exemplo.>
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Olavo Borges Franco
Médico e doutorandoNo estudo clínico já realizado, já participaram oito pacientes com lesão medular completa – ou seja, sem qualquer sensibilidade ou movimento abaixo do nível lesionado. Dois pacientes morreram devido à gravidade de suas lesões, sendo um devido a uma queda e um atingido por um tiro. >
Segundo o médico, entre os seis pacientes que continuaram com o tratamento, todos recuperaram alguma função motora. Um dos pacientes, que a princípio não tinha perspectiva de recuperação da lesão medular, conseguiu voltar a andar. Apesar de promissor, o estudo ainda tem caráter acadêmico. >
Para que a droga se torne um medicamento disponível à população, é necessário realizar um estudo regulatório com aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O pedido já foi realizado e a expectativa é que a autorização saia nos próximos meses.>
De acordo com o médico, a polilaminina é uma molécula derivada da laminina, proteína encontrada naturalmente em diversos partes do corpo humano. No caso do medicamento desenvolvido na UFRJ, a substância é extraída da placenta humana. O medicamento age de duas formas principais. Primeiro, ele protege os neurônios, evitando que muitas dessas células morram após a lesão e reduzindo a inflamação que acontece na medula. >
Além disso, ele cria os chamados “tubos” ou “andaimes” na cicatriz da lesão, formando caminhos que permitem que os nervos voltem a se conectar. Com ajuda da fisioterapia, essas novas conexões podem ser treinadas e, assim, a pessoa consegue recuperar movimentos perdidos.>
Nascido em Jerônimo Monteiro, no Sul do Espírito Santo, Olavo se mudou para o Rio de Janeiro (RJ) em 2019 para estudar medicina na UFRJ. Ele conta que escolheu a Universidade justamente com o objetivo de participar de pesquisas acadêmicas em sua área de atuação.>
“Hoje tento integrar as duas coisas: ser um médico assistencial, que presta um serviço de saúde e cuida da pessoa doente, e também um pesquisador, aquele que produz informações nas ciências médicas”, finaliza o profissional.>
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