> >
Afinal, deixar o feijão de molho antes de cozinhar é certo ou errado?

Afinal, deixar o feijão de molho antes de cozinhar é certo ou errado?

O "remolho", hábito culinário de nossas avós, traz benefícios para a saúde. Entenda  por que e qual o jeito certo de fazer

Publicado em 25 de maio de 2020 às 08:00

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Feijão
Feijão. (NehoPhoto/Shutterstock)

Agora que você descobriu que lavar o arroz é desnecessário, mas não o faz perder nutrientes, saiba que sua avó estava certa sobre um outro costume culinário: deixar o feijão de molho pode fazer bem para sua saúde.

Sim! Já ouviu falar no “remolho”? É quando os grãos do feijão ficam por horas e horas mergulhados numa vasilha de água antes de irem para a panela de pressão. Tem gente que deixa até de um dia para o outro.

Essa prática, meio que abandonada pelos mais jovens, é bastante recomendada.

Para começar, tomar esse cuidado no preparo vai agilizar sua vida depois, como afirma a nutricionista Fabiana Sales: “Os grãos, por estarem hidratados, cozinham de forma mais rápida. Assim, economizamos tempo na cozinha”.

Mas o principal benefício de deixar o feijão de molho, segundo ela, é que essa etapa vai eliminar substâncias que causam problemas digestivos, como gases, por exemplo.

“Os grãos contêm muito fitato, um oligossacarídeo não digerível, além de taninos, o que aumenta formação de gases e desconforto em algumas pessoas. Quando deixamos de molho e trocamos a água algumas vezes, conseguimos reduzir bastante esses compostos, evitando esses sintomas”, explica.

A tal espuminha

De acordo com a gastroenterologista e nutróloga Christian Kelly Ponzo os fitatos são considerados antinutrientes e presentes nessa leguminosa. “Eles são irritativos para nosso sistema digestivo, causando sintomas gastrointestinais, como desconfortos, ou dificultando a absorção do alimento. E eles são eliminados, em grande parte, no remolho”, ressalta.

Reparou já que depois de um tempo de molho o feijão libera uma espuma? Segundo a dra. Christian, isso é porque ele está eliminando o fitato.

Por isso, a água precisa ser trocada de tempos em tempos. E não usada no cozimento do feijão, como muita gente faz. “Tem gente que faz o ‘remolho’ porque ele encurta o tempo de cozimento do feijão. Mas a função dele não é esta. Claro que facilita. É um ‘plus’. O objetivo é eliminar essas substâncias. Por isso a água tem que ser jogada fora”, orienta a médica, que lembra que é importante lavar os grão antes.

A dra. Christian destaca ainda outra vantagem nesse processo de “remolho”. “Ele tira um pouco do potássio do feijão, o que é fundamental para o paciente renal crônico, por exemplo, que não pode consumir muito potássio”.

Ela também indica o “remolho” de outros alimentos, como aipim, inhame e batata doce, o que ajudaria a reduzir a presença dos fitatos neles também, melhorando a digestão pelo organismo. “Basta deixar de molho por quatro horas”, diz a gastroenterologista.

Tempo de “remolho”

E o feijão? Quanto tempo precisa “dormir” na bacia de água? Bom, quanto a isso não há exatamente um consenso.

“O ideal é deixar de noite para fazer no almoço do dia seguinte. Então, de seis a oito horas pelo menos”, recomenda Christian Kelly.

Fabiana prefere apostar em mais tempo. “Eu indico deixar 24 horas, com três trocas de água. Mas não há consenso, de fato”, pondera.

Este vídeo pode te interessar

A médica lembra que, tirando essa perda parcial do potássio, não há tanto prejuízo em termos nutricionais com o “remolho”. “As vitaminas, proteínas e o ferro do feijão continuam lá. Não são eliminados”, garante.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais