Publicado em 6 de novembro de 2020 às 23:09
WILMINGTON, DELAWARE, EUA - O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, ultrapassou Donald Trump em número de votos na Pensilvânia e na Geórgia, dois dos estados mais simbólicos e decisivos para a disputa, e ficou ainda mais próximo da vitória nesta sexta (6). >
Na outra ponta do tabuleiro, o atual presidente segue com sua cruzada judicial para contestar os resultados e atacar a democracia e o sistema eleitoral dos EUA. O republicano já entrou com ações em quatro estados -Geórgia, Pensilvânia, Michigan e Wisconsin- para questionar ou rever a apuração, mas não tem obtido sucesso na maioria deles.>
Conforme a vitória ficava mais próxima, Biden anunciou que faria um discurso na noite desta sexta, mas não estava claro se, na falta de um resultado oficial, o democrata desmarcaria o pronunciamento público. Os EUA não têm um órgão eleitoral centralizado, e os anúncios dos vencedores são feitos pela imprensa.>
Não é necessário, porém, que 100% das urnas sejam apuradas para que o ganhador seja declarado em cada estado, já que é possível estimar o momento em que uma virada se torna impossível a partir de projeções com base em pesquisas de intenção de voto, histórico de pleitos anteriores e demografia. Até a conclusão desta edição, estavam indefinidos: Alasca e Carolina do Norte, com Trump na liderança, além de Arizona, Geórgia, Nevada e Pensilvânia, onde Biden estava na frente.>
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A Pensilvânia tem 20 dos 270 votos que o candidato precisa no Colégio Eleitoral para vencer, a maior representatividade entre os seis estados ainda sem resultado definido.>
Já a Geórgia, reduto republicano no Sul do país, não vota em um democrata desde 1992, quando Bill Clinton foi eleito pela primeira vez. A diferença neste ano é tão apertada -cerca de 4.000 votos a favor de Biden, com 98% das urnas apuradas, até a conclusão desta edição- que o secretário do estado disse que a recontagem seria inevitável.>
O candidato democrata somava 253 votos no Colégio Eleitoral ante 214 de Trump, o que significa que o ex-vice não precisa do resultado da Geórgia para confirmar a vitória. Basta a projeção de vitória na Pensilvânia para que Biden seja declarado presidente.>
Conforme o cenário se desenhava, a Administração Federal de Aviação dos EUA chegou a fechar o espaço aéreo sobre a casa de Biden, em Wilmington, no estado de Delaware. O acesso via terrestre à casa do candidato, por sua vez, já estava restrito há vários dias."?>
Devido à pandemia, as eleições nos EUA tiveram número recorde de votos de forma antecipada, principalmente por correio, o que atrasou a apuração. Diante de tantos impasses, a OEA (Organização dos Estados Americanos) divulgou um relatório nesta sexta com a recomendação para que os EUA criem órgãos para centralizar a apuração, como é feito no Brasil.>
A organização, crucial para o cancelamento do pleito na Bolívia, em 2019, que teria reeleito Evo Morales, afirmou não ter observado "diretamente nenhuma irregularidade grave" na votação americana e pediu aos candidatos que evitem "especulações nocivas", numa referência ao atual presidente dos EUA.>
Trump aproveita a demora na apuração para alegar que o voto por correio, prática comum nos EUA, com índices baixíssimos de irregularidades, gera fraudes. Sem provas, o presidente classifica como ilegais as cédulas enviadas por correspondência.>
As cédulas enviadas pelo sistema postal são usadas na maioria das vezes por democratas e, neste ano, foram decisivas conforme entraram na contagem na Pensilvânia e na Geórgia, por exemplo.>
Para Biden, a conquista dos dois estados --se confirmadas com a projeção do primeiro e a recontagem do segundo-- não significa apenas a chancela de sua vitória, mas o sucesso de dois de seus principais objetivos de campanha: recuperar o chamado Cinturão da Ferrugem, no Meio-Oeste americano, e abrir espaço em estados do Sul, que eram redutos republicanos, mas, nos últimos anos, têm sofrido mudanças demográficas que empurram as regiões mais à esquerda.>
Além da Pensilvânia, Biden venceu em Michigan e Wisconsin, três estados do Meio-Oeste que haviam dado a vitória a Trump em 2016 por margem apertada, depois de votarem duas vezes em Barack Obama. Biden tentou cristalizar um amplo arco anti-Trump em torno de sua candidatura, mas, de acordo com os números iniciais, foi pouco além dos próprios eleitores democratas.>
O ex-vice mobilizou mais jovens e negros --uma vantagem em relação a Hillary Clinton, em 2016--, mas não conquistou uma fatia massiva dos independentes e foi mal entre eleitores latinos, que costumam votar em democratas.>
O presidente, por sua vez, conseguiu ampliar os votos entre grupos como latinos e negros. Trump liderou quase todo o tempo a apuração na Geórgia, mas, na manhã desta sexta, Biden virou o jogo com margem pequena, principalmente devido às cédulas por correio que chegaram da região de Atlanta, mais diversa e progressista.>
Na Geórgia, 32% da população é de pessoas negras, e Biden aposta na vitória sob o impacto da agressividade de Trump diante das manifestações antirracismo no país.>
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