Publicado em 6 de novembro de 2020 às 22:50
O ministro Paulo Guedes (Economia) afirmou nesta sexta-feira (6) que eventual vitória de Joe Biden nas eleições dos Estados Unidos não vai afetar a dinâmica de crescimento do Brasil. Segundo ele, o governo brasileiro vai "dançar com todo mundo". >
Apuração parcial aponta vantagem do candidato democrata em relação ao presidente Donald Trump, que é aliado do presidente Jair Bolsonaro e tenta reeleição.>
"A mudança nos Estados Unidos, eventualmente havendo a mudança, me parece, os dados indicam que está próximo de acontecer, não afetam a nossa dinâmica de crescimento de forma alguma", disse Guedes em evento virtual promovido pelo Itaú.>
O ministro ressaltou que o Brasil tem uma dinâmica própria de crescimento, com menor grau de dependência de fatores externos.>
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?Continuaremos trabalhando com todo mundo, nós vamos dançar com todo mundo, vamos seguir nosso relacionamento. Agora, também não vou superestimar o fator político quando ele não é para ser superestimado. A dinâmica de crescimento do Brasil depende de nós?, afirmou.>
Nesta sexta-feira, Bolsonaro voltou a dizer que tem preferência por Trump, mas ponderou que o presidente americano não é a pessoa mais importante do mundo.>
No evento, Guedes também afirmou que o país vive uma alta setorial e transitória de preços. Para ele, o fim de programas emergenciais implementados na pandemia do novo coronavírus vai reverter a trajetória de crescimento da inflação.>
Nesta sexta, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou que a inflação de outubro ficou em 0,86%, patamar mais alto para o mês desde 2002. O grupo com maior elevação foi o de alimentos e bebidas.>
Na avaliação de Guedes, o sucesso do auxílio emergencial pago a informais aumentou fortemente o poder de compra das classes mais baixas, criando uma demanda vigorosa por alimentos e materiais de construção.>
?Esses gastos adicionais criaram uma alta transitória e setorial de preços. [...] Isso vai se diluindo à medida em que vão sendo faseadamente retirados esses incentivos ?, disse, em evento virtual promovido pelo banco Itaú. ?Estamos trabalhando para impedir que os efeitos sobre a inflação se perpetuem e para garantir que os efeitos sobre a atividade econômica se sustentem?.>
Guedes afirmou que a aprovação da autonomia formal do BC (Banco Central) é um passo importante para evitar que altas pontuais desse tipo se transformem em permanentes. O texto foi aprovado pelo Senado, mas ainda depende de análise da Câmara.>
Para o ministro, será necessário aprovar reformas estruturantes para que seja mantido o fôlego observado na economia com o pagamento do auxílio. ?A resposta para isso é investimento, melhora de ambiente de negócios e desbloqueio de marcos regulatórios?, afirmou.>
Guedes disse que não descarta a manutenção de alguns desses estímulos, mas não deixou claro sobre o que se referia.>
Ele afirmou que deseja implementar o Renda Brasil e defendeu que a nova assistência seja fruto da unificação de programas sociais existentes hoje. A ideia, que incluiria a fusão do abono salarial, já foi vetada pelo presidente Jair Bolsonaro.>
Participantes do evento sugeriram que o governo privatize estatais deficitárias e use a economia de recursos para bancar o novo programa de transferência de renda.>
?Podemos transformar estatais dependentes, podemos acelerar desinvestimentos e transformar em politicas sociais? É o nosso sonho?, respondeu o ministro.>
Na videoconferência, Guedes defendeu a abertura de capital da Caixa Econômica Federal. Para ele, a marca de 100 milhões de contas digitais atingida pelo banco público após o pagamento do auxílio emergencial e de outros programas se tornou um ativo para venda.>
"Isso também é um ativo novo passível de desestatização logo ali na frente, vamos para um IPO. Da mesma forma, a Caixa Seguridade. Tudo isso são ativos para serem desmobilizados para derrubar a relação dívida/PIB (Produto Interno Bruto)", afirmou.>
O IPO da Caixa Seguridade já estava programado, mas acabou adiado.>
?Guedes voltou a dizer que "agora é juros mais baixo e câmbio mais em cima mesmo". Para ele, a manutenção do dólar em um patamar muito baixo em relação ao real demanda que o país tenha muitas reservas em moeda estrangeira.>
"Uma coisa é você estar com uma moeda a R$ 1,80, R$ 2,00, R$ 2,80, claramente sobrevalorizada. Outra coisa é estar a R$ 5,50, aí não precisa de tanta reserva para defender uma moeda que não está mais sobrevalorizada. Possivelmente até já teve um 'overshooting', já bateu lá em cima e já avançou", disse.>
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