Publicado em 9 de agosto de 2022 às 15:15
Quando resolveu entrar na briga dos utilitários médios, a Toyota seguiu uma receita que pegava emprestado três ingredientes fundamentais – o nome, a plataforma e as motorizações – do automóvel mais vendido da história da indústria automotiva mundial. O resultado é o Corolla Cross, que desembarcou nas concessionárias em março do ano passado em quatro versões, sendo duas híbridas bicombustível – a XRV e a topo de linha XRX. >
Desde o lançamento, o SUV da Toyota tornou-se um sucesso instantâneo. Já a partir do terceiro mês de vendas, desbancou o sedã Corolla do posto de Toyota mais vendido do Brasil. Este ano, com as 22.214 unidades emplacadas de janeiro a junho, posicionou-se como o décimo quinto automóvel mais emplacado do país. Não apenas superou os 20.799 exemplares do sedã homônimo como consolidou o segundo lugar no ranking nacional de vendas dos SUVs médios, ficando atrás apenas das 30.926 unidades do Jeep Compass. Muito atrás, aparecem o Jeep Commander, com 9.611 emplacamentos no primeiro semestre, e o Caoa Chery Tiggo 8, com 4.525 unidades. De quebra, o Corolla Cross tornou-se líder isolado de vendas entre os carros híbridos no primeiro semestre deste ano, com os 5.240 emplacamentos das versões eletrificadas XRV e XRX, à frente do sedã Corolla Hybrid (2.329) e do Volvo XC60 (638). >
Produzido em Sorocaba (SP), o Corolla Cross utiliza a mesma plataforma TNGA-C do sedã e as mesmas duas opções de “powertrain”. As versões híbridas utilizam o motor 1.8L VVT-i 16V de ciclo Atkinson com 101 cavalos de potência a etanol e 98 cavalos a gasolina, os dois a 5.200 giros, com 14,5 kgfm de torque a 3.600 rpm. O propulsor funciona em conjunto com dois elétricos (MG1 e MG2) de 72 cavalos de potência e 16,6 kgfm de torque instantâneo. A potência combinada é de 122 cavalos. A bateria de níquel-hidreto metálico está localizada embaixo do banco traseiro e a transmissão Hybrid Transaxle atua por meio da chamada engrenagem planetária. >
Todas as variantes do Corolla Cross têm as mesmas dimensões, com 4,46 metros de comprimento, 1,82 metro de largura, 1,62 metro de altura e 2,64 metros de distância de entre-eixos. Em termos de design, nenhum detalhe estético do utilitário esportivo remete a um correspondente do sedã de quem herdou o nome. O caráter robusto é ressaltado pela grade trapezoidal. A parte superior, em formato de colmeia, acomoda a logomarca “Toyota”. A inferior reforça o estilo off-road e abriga os auxiliares de neblina em leds. Os faróis horizontais com DRL (full-led na XRX) partem desde a lateral até encontrarem a grade. Na traseira de aspecto musculoso, as lanternas horizontalizadas de leds avançam sobre a tampa do porta-malas, que comporta 440 litros sem o rebatimento do banco traseiro. O aerofólio traseiro reforça a aerodinâmica e elegância – uma virtude que falta ao grande abafador do cano de descarga, que fica muito aparente na traseira, abaixo do para-choque. Na linha 2023 do Corolla Cross, a peça originalmente prateada recebeu uma pintura (apenas na parte inferior) em preto fosco para ficar mais discreta. Na versão norte-americana do SUV, o abafador é de um modelo mais compacto e fica oculto sob o para-choque. >
>
São sete airbags e câmera de ré em todas as configurações, além do sistema de segurança ativa Toyota Safety Sense disponível nas híbridas, que inclui o Sistema de Pré-Colisão Frontal, o Sistema de Assistência de Permanência de Faixa com função de Alerta de Mudança de Faixa, os faróis altos automáticos e o Controle de Cruzeiro Adaptativo (ACC), semelhante ao “cruise control”, permitindo a condução a uma velocidade constante pré-determinada. O ACC utiliza o radar de ondas milimétricas montado na grade frontal e a câmera projetada a bordo para detectar veículos, calcular sua distância e ajustar a velocidade para ajudar a manter uma distância segura.>
Todas as versões do Corolla Cross têm rodas de liga leve, sendo que na XRX Hybrid tem acabamento na cor preta e diamantada, com pneus de 225/50 R18. As cores disponíveis para o novo SUV são a sólida Branco Polar (a do modelo testado), as metálicas Preto Infinito, Prata Lua Nova, Cinza Granito, Vermelho Granada e Azul Netuno e a perolizada Branco Lunar. A topo de linha XRX Hybrid parte de R$ 206.190 em Branco Polar – as cores metálicas aumentam a fatura em R$ 2 mil e a perolizada, em R$ 2.300. O preço pode variar de acordo com a tributação e alíquotas específicas de cada Estado. >
Se por fora o Corolla Cross é bem diferente do sedã, por dentro, as similaridades são óbvias. Há vários componentes compartilhados com o sedã – como o volante, o painel de instrumentos, o multimídia e os bancos. Os comandos também são similares, como os botões da regulagem dos retrovisores e dos vidros elétricos. O volante de três raios com controles de áudio e computador de bordo têm acabamento em couro. Há muitos porta-copos e objetos nas portas, no console central e no apoio de braços do banco traseiro. O sistema de áudio central multimídia Toyota Play com tela sensível ao toque de 8 polegadas tem estilo “flutuante” e conexão para smartphones com Android Auto e Apple CarPlay. >
A versão XRX Hybrid tem uma vistosa tela de TFT digital colorida de 7 polegadas no centro do painel, exibindo o velocímetro e as informações do computador de bordo. Outra exclusividade da XRX é o banco do motorista com regulagem elétrica para oito posições. Ar-condicionado digital automático Dual Zone com sistema S-Flow e saída traseira e teto solar elétrico com função anti-esmagamento também vêm apenas na versão mais cara do SUV. >
No Corolla Cross, a posição de dirigir é relativamente baixa e a própria altura do veículo em relação ao solo não é tão elevada para um SUV – são 16,1 centímetros, um vão livre de apenas 1,3 centímetro maior que o do Corolla sedã. A ausência de tração integral – é dianteira em toda a linha – é outro fator que não recomenda o Corolla Cross para trilhas mais radicais. Nos Estados Unidos, o modelo oferece a opção da tração integral. A variante híbrida do Corolla Cross arranca em modo elétrico e pode percorrer mais de dois quilômetros sem acionar o motor flex, desde que a bateria tenha carga suficiente e o motorista não pise demais no acelerador – o modelo da Toyota não é um híbrido plug-in, ou seja, não pode ter suas baterias recarregadas em tomada externa, e a recarga só ocorre por meio do sistema de freios regenerativos ou pelo motor a combustão. O botão EV possibilita rodar exclusivamente com os motores elétricos, em baixas velocidades. A transmissão Hybrid Transaxle entrega uma aceleração linear, para não desperdiçar energia. A aceleração parece contínua, sem simulação de marchas e com ganho de velocidade constante. >
Quando o carro é desligado, um relatório detalhado aparece no painel e mostra se o motorista está conduzindo de forma econômica. O sistema de freios regenerativos, que acumula a energia cinética gerada pelas frenagens e a transforma em elétrica, amplia a autonomia no uso urbano. Na utilização rodoviária, o Corolla Cross Hybrid se aproxima dos carros convencionais, fazendo com que o consumo seja maior na estrada em comparação à cidade. Segundo o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do Inmetro em 2022, o Corolla XRX Hybrid roda 17,8 km/l na cidade e 14,7 km/l na estrada quando abastecido com gasolina. Com etanol, atinge 11,8 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada. Classificação “A” na comparação relativa na categoria e “B” na geral. >
Em termos dinâmicos, a motorização híbrida do Corolla Cross, com potência combinada de 122 cavalos, entrega um desempenho pacato, sem vocação para a esportividade. Apesar de um tanto comedido, o conjunto híbrido move com eficiência o veículo – e, no modo “Eco”, ainda recompensa com visitas mais espaçadas aos postos de combustível. No modo “Power”, o motor trabalha em rotações mais altas e ganha ímpeto, mas o consumo aumenta. Pelo fato de o Corolla Cross ser mais alto que o sedã, a adoção de uma suspensão multilink certamente beneficiaria o SUV. Tanto que esse tipo de suspensão traseira equipa o Corolla Cross norte-americano e o sedã Corolla brasileiro. Provavelmente para reduzir custos, a opção para o SUV “made in Brazil” foi pelo eixo de torção, menos eficaz em curvas rápidas que os multilink. Pelo menos molas e amortecedores têm curso longo, que permite aplacar os impactos nos pisos irregulares. Já a direção elétrica é precisa e amistosa. O pacote de assistências Toyota Safety Sense agrega um nível tecnológico que contrasta com o freio de estacionamento por pedal, inegavelmente anacrônico em tempos em que os rivais no segmento de SUVs médios já oferecem o sistema eletrônico e automático de série. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta