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Publicado em 17 de março de 2025 às 13:34
Baseado em uma pesquisa inédita voltada para planos de descarbonização e maior eficiência energética das empresas capixabas, o Fundo Soberano do Estado vai começar a investir, ainda em 2025, R$ 500 milhões em projetos ligados aos temas, com recursos geridos pelo Banco de Desenvolvimento (Bandes) e apoio da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).>
O recurso já havia sido anunciado pelo governador Renato Casagrande (PSB) em novembro de 2024, sinalizando que o valor total da operação pode chegar a R$ 1 bilhão. Atualmente, a distribuição dos recursos passa por ajustes para que seja divulgada ao empresariado capixaba ainda no primeiro quadrimestre deste ano.>
Na manhã desta segunda-feira (17), Findes e Bandes apresentaram dados de um levantamento feito com 200 empresas de 33 municípios do Estado no final de 2024. O foco do material era pontuar quais são as ferramentas do setor produtivo diante das mudanças climáticas, um dos maiores desafios globais da atualidade.>
Fundamentada pelos planos de Adaptação às Mudanças Climáticas e de Descarbonização e Neutralização dos Gases de Efeito Estufa — projetos apresentados pelo Estado em 2023 —, a pesquisa ouviu os empresários para formar uma aliança capaz de indicar o caminho da transição para uma economia de baixo carbono.>
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“Essa parceria que o governo estadual faz através do Bandes com a Federação das Indústrias visa a uma melhor formulação de políticas públicas. A pesquisa já mostra a conscientização do empresariado e demonstra que a diretriz do governo está certa ao pensar em um financiamento que torne as empresas mais preparadas para esse novo mundo de descarbonização”, disse Marcelo Saintive, diretor-presidente do Bandes.>
Segundo o gestor, a pesquisa, que é inédita e pioneira sobre o tema no Brasil, é uma iniciativa para que a economia capixaba se torne ainda mais competitiva no futuro. >
Entre os pontos levantados pela pesquisa, os órgãos destacaram o nível de conhecimento e o interesse das empresas, especialmente das indústrias, em realizar investimentos nas áreas de descarbonização e eficiência energética.>
Entre as 200 participantes, 59% são da indústria de transformação e 14% do setor de construção, sendo que 49% são de médio porte e 34% de pequeno porte. De acordo com a pesquisa, 37% das empresas têm alto interesse em adotar práticas e tecnologias de descarbonização e 40% têm interesse moderado.>
Os números, segundo a Findes, são expressivos e representam um nível de maturidade a ser explorado pelas empresas diante da necessidade de se adaptarem às mudanças climáticas.>
“Mais de 70% das empresas têm bastante interesse [no tema] e esse é um percentual bastante interessante para empresas que já possuem alguns planos em desenvolvimento e outras que vão desenvolver. O mercado está bastante antenado e a indústria bem interessada. Essa linha de financiamento traz mais facilidade para todas essas empresas”, ponderou Paulo Baraona, presidente da Findes. >
Os dados divulgados pelo Observatório da Federação das Indústrias foram elaborados por meio de questões que avaliaram o conhecimento, o interesse e as motivações das empresas para iniciativas de descarbonização.>
Entre as 200 que responderam, 18% destacaram ter conhecimento avançado sobre o tema, com acompanhamento de tendências e inovações com cursos e especializações relacionadas. Ao mesmo tempo, 74% declararam ter conhecimento entre básico e intermediário.>
Já entre as motivações para interesse nos projetos de descarbonização, os principais destaques estão no compromisso ambiental, iniciativas internas, incentivos governamentais e até mesmo exigência de clientes e parceiros comerciais, como mostra o gráfico abaixo: >
Além disso, entre as empresas, 28% já possuem programas em fase final de exploração, com discussões internas voltadas para a definição de ações. Enquanto isso, 9% delas têm um plano de descarbonização estruturado em vigor, com metas claras, ações em andamento, monitoramento das emissões e publicação regular dos relatórios de sustentabilidade. >
A mesma porcentagem tem planos em desenvolvimento, com projetos e ações já estruturados para reduzir as emissões, mas ainda fora da fase de execução.>
“A pesquisa foi pensada como uma pré-etapa para o desenvolvimento do instrumento financeiro para essas empresas. Entre os resultados, nós reparamos que 56% delas destacaram que pretendem investir em projetos de descarbonização nos próximos 18 meses. Então, se somarmos isso aos 16% que estão avaliando as possibilidades de realizar investimentos, temos um percentual do empresariado com intenção e disposição real para esses projetos”, disse Marília Silva, gerente-executiva do Observatório Findes.>
Segundo Marília, a maior parte das empresas pontua que as principais barreiras enfrentadas pelas empresas para implementação ou expansão das medidas de descarbonização estão, justamente, no custo elevado e na necessidade de apoio com linhas de crédito acessíveis e assessoria técnica.>
“E aí entra, de fato, a atuação do Bandes como formulador dessa política pública com o instrumento financeiro [...], e a Findes com assessoria e ferramentas, como o Senai, para auxílio das empresas”, complementou a gerente.>
A pesquisa ainda revela que as empresas que pretendem investir nos próximos 18 meses (56%) e as que estão avaliando as possibilidades (16%) destacam que o valor disposto para os investimentos pode chegar a mais de R$ 5 milhões. 26% das empresas destacam que necessitariam de até R$ 500 milhões; 6% de R$ 500 mil a R$ 1 milhão; 11% de 1 milhão a R$ 5 milhões e 9% acima de R$ 5 milhões para os projetos.>
Nas iniciativas, estão projetos ligados à eficiência energética, uso de energias renováveis, gestão de resíduos, digitalização e automação para redução de emissões e também linhas de inovação, pesquisa e desenvolvimento em Tecnologias Verdes.>
Para os responsáveis pela pesquisa, os dados mostram que, entre as oportunidades identificadas, estão a maior conscientização sobre o que se enquadra como descarbonização, necessidade de assessoria técnica e elevação do nível de maturidade das empresas sobre o tema, que atualmente é identificado como básico no Estado.>
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