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Publicado em 25 de setembro de 2022 às 09:04
- Atualizado há 3 anos
Há 75 anos foi eleita a primeira mulher para um cargo legislativo pelo Espírito Santo. A pioneira a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Espírito Santo foi Judith Leão Castello Ribeiro, eleita em 1947 com 1.170 votos, aos 49 anos. >
A professora e escritora da Serra era filiada ao PSD e chegou a ser reeleita outras três vezes, tendo como uma das principais bandeiras a educação. Seus projetos também tinham como objetivo levar infraestrutura, como luz e estradas, para cidades do interior do Estado. E também ajudou a destinar recursos para entidades filantrópicas e igrejas.>
Um dos seus projetos mais relevantes — e também pioneiro — foi conceder licença-maternidade de quatro meses para funcionárias públicas, benefício que hoje alcança todas as trabalhadoras brasileiras.>
Judith marcou a história política do Espírito Santo e, com isso, seu nome foi parar em ruas, como uma avenida movimentada de Jardim Camburi, e escolas pelo Estado. Batizou ainda o prédio da Câmara Municipal da Serra, cidade onde nasceu e cresceu.>
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Antes de ser eleita, em 1947, ela chegou a concorrer ao cargo de deputada, quando tinha apenas 35 anos e por uma candidatura avulsa, ou seja, sem ser filiada a legenda por discordar do regime de interventoria nos estados implantado pelo presidente Getúlio Vargas. Ela não conseguiu se eleger, mas teve votação expressiva.>
E Judith não foi pioneira só na política. À frente de seu tempo, ela também foi a “primeira mulher” em outras atividades. A deputada foi também a primeira mulher a entrar na Academia Espírito-Santense de Letras, a primeira a receber a Comenda Jerônimo Monteiro e a primeira presidente da Academia Feminina Espírito-Santense de Letras. Essa última foi fundada por ela em 1949, ao lado de 11 mulheres, quando teve o ingresso na Academia Espírito-Santense recusado por ser do sexo feminino.>
Tendo sua determinação como característica marcante e projetos que melhoraram a vida das mulheres, funcionários públicos e dos trabalhadores do interior, Judith era admirada pelo eleitorado feminino, o qual inspirou com seus discursos. Muitos desses discursos foram publicados em jornal, conforme relata Ester Abreu Vieira de Oliveira, presidente da Academia Espírito-Santense de Letras.>
“Ela fazia seus discursos em prol da educação e isso envolvia as professoras. Judith era inspiração e apoio para mulheres e professoras, porque mostrava as dificuldades pelas quais passavam. Judith era muito determinada e essa característica fez ela ganhar destaque sendo a única mulher deputada entre muitos homens. Ela lutava muito para conseguir tudo o que queria”, conta Ester.>
FOI O ANO EM QUE A PRIMEIRA MULHER FOI ELEITA DEPUTADA NO ESPÍRITO SANTO
Por 35 anos, ela foi a única mulher eleita deputada no Espírito Santo. A segunda a conseguir se eleger deputada estadual foi Rose de Freitas, atual senadora, em 1982, segundo consta no sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).>
Nesse mesmo ano, outra mulher teve seu momento de pioneirismo ao se eleger a primeira deputada federal. Nascida em Vitória, a bacharel em Direito e líder sindical Myrthes Bevilacqua Corradi foi eleita para representar o Espírito Santo em Brasília aos 43 anos. Nos anos seguintes de seu mandato, ela assumiu secretarias de Ação Social do governo do Estado.>
As mulheres representam 53% do eleitorado do Espírito Santo. Apesar disso, o número de cadeiras ocupadas por por elas ainda está longe desse número. Na Assembleia Legislativa, na legislatura atual, há três mulheres entre 30 deputados eleitos. Na Câmara Federal, a participação é um pouco maior, com três deputadas entre as 10 cadeiras destinadas ao Estado. >
Nas Eleições 2022, as candidaturas femininas bateram recorde no Espírito Santo, com 34% dos registros. Nos dois últimos pleitos gerais — após vigência da lei que assegura o percentual mínimo de 30% e máximo de 70% para candidaturas de cada sexo —, o índice ficou em 31%. >
Antes da aprovação da lei, as mulheres não passavam de 14% dos postulantes. Entre 2010 e 2002, ficou entre 13% e 14%. Em 1998, elas representavam apenas 9% dos candidatos.>
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