Publicado em 10 de junho de 2020 às 11:04
Com R$ 200,9 milhões, o PT será o partido com mais dinheiro do fundo eleitoral para custear campanhas de prefeitos e vereadores em 2020. A divisão do "fundão" entre as siglas foi anunciada na segunda-feira (8) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A segunda maior cota será do PSL, legenda que elegeu e abrigou o presidente Jair Bolsonaro até novembro, com R$ 193,6 milhões. >
Na prática, todos os 33 partidos formalmente registrados no TSE terão direito a alguma parcela. A menor será de R$ 1,23 milhão, para o desconhecido Unidade Popular (UP), aprovado pela Justiça Eleitoral em dezembro. O Fundo Eleitoral de Financiamento de Campanhas é bilionário: ao todo serão distribuídos R$ 2,034 bilhões.>
Ainda não é possível estimar quanto desses recursos vão ser repassados para os partidos no Espírito Santo, pois não há normas gerais para essa repartição interna feita pelos diretórios nacionais aos estaduais e municipais. Em 2018, quando foram realizadas eleições gerais (para presidente, senador, deputado federal e estadual), R$ 38,4 milhões chegaram ao Estado por meio deste fundo. >
Depois do PT e do PSL, a sigla que terá mais recursos para a campanha, ficando em terceiro lugar nesse ranking, será o PSD, e na sequência, aparecem o MDB e o PP. O partido Novo receberia R$ 36,5 milhões, mas decidiu renunciar à verba. Assim, esse recurso deverá voltar ao Tesouro Nacional no momento da apresentação da prestação de contas. (Veja todos os valores na tabela abaixo).>
>
O montante separado para este ano foi definido pelo Congresso no fim de 2019. Parlamentares tentaram elevar o valor para R$ 3,8 bilhões, mas acabaram mantendo os R$ 2 bilhões. Em 2020, com a pandemia de Covid-19, circularam no Legislativo propostas para que o fundo eleitoral fosse revertido para ações de enfrentamento à crise sanitária. As propostas, no entanto, não prosperaram. >
Os valores do fundo eleitoral serão transferidos para os diretórios nacionais após as legendas informarem os critérios de distribuição, conforme previsto em lei. Esses critérios variam de acordo com a agremiação. Alguns distribuem priorizando Estados que tem representantes no Congresso Nacional, outros focam nas candidaturas dos grandes centros urbanos, outros naquelas consideradas com mais chances de se eleger. Obrigatoriamente 30% do dinheiro deve ir para candidaturas de mulheres.>
Nas eleições previstas para este ano, o fundo eleitoral será utilizado pela segunda vez, sendo a primeira em um pleito municipal. Ele foi criado em 2017 pelo Congresso como alternativa à proibição do financiamento eleitoral por empresas. >
Os critérios para a divisão são definidos por lei e levam em conta os totais de votos recebidos pelos candidatos dos partidos na eleição anterior, além dos tamanhos das bancadas na Câmara e no Senado. Uma parte menor do fundo é distribuída de maneira uniforme entre todas as siglas. >
O especialista em Direito Eleitoral Ludgero Liberato destaca uma mudança feita nessas regras de distribuição, que podem ter ajudado a diminuir um pouco o troca-troca partidário com base na riqueza de cada partido. >
"Na eleição de 2017, a base era o tamanho da bancada no ano anterior às eleições, o que fazia muitos migrarem. Agora, é com base no tamanho da bancada de acordo com o resultado da eleição, que não muda. A saída de deputados do PSL, portanto, para o novo partido de Bolsonaro, não terá impacto para a sigla", explica. >
Liberato também pontua que a legislação ainda deixa muito em aberto a forma de distribuição do recurso dentro dos partidos, que decidem livremente como e quando serão utilizados. "As direções partidárias ainda tem muito poder, então pode ter uma concentração em poucos nomes. A campanha com pouco dinheiro tende a favorecer a quem já é conhecido", afirma.>
O coordenador da organização Transparência Partidária e cientista político, Marcelo Issa, também analisa que embora seja necessária a destinação de recursos públicos para as campanhas, eles precisam ter mais transparência na utilização. >
"Já fizemos estudos que mostraram que existe uma certa acomodação dos partidos, especialmente dos grandes, na medida em que sabem que terão recursos vultuosos, e contam com isso. Com isso, os filiados contribuem muito pouco, o autofinanciamento não é adequadamente aproveitado", relata. >
As pesquisas feitas pela organização também mostraram que há casos de partidos que agiam de forma muito regionalizada, o que não é o adequado. "Um partido destinou 98% de seu dinheiro para Minas Gerais. Era praticamente um partido estadual, o que não existe mais.">
Ele também aponta que o fundo eleitoral acaba se misturando com o fundo partidário, no caixa, o que dificulta a fiscalização. Este último existe desde 1995 e é usado para que as siglas possam pagar as despesas diárias, como aluguéis, contas de luz e de água e salários de funcionários. Além de dinheiro público, o fundo partidário é constituído por recursos de multas pagas por legendas e também por doações.>
A Gazeta procurou os dirigentes dos partidos que têm as maiores parcelas de recursos a receber do fundo partidário, mas por enquanto, ainda não há nenhum direcionamento sobre como será o repasse no diretório nacional e quanto caberá ao Espírito Santo. >
Segundo a presidente do PT-ES, Jackeline Rocha, a ideia da legenda é que tanto candidatos a prefeito como a vereador recebam apoio, e que o partido deve dar mais prioridade às cidades onde considera que tem maiores chances nas urnas. >
"Teremos candidaturas em 17 capitais, e para que elas tenham uma boa estrutura para suas campanhas, elas devem receber mais apoio. Também haverá um investimento em pesquisas, para tentar mensurar alguns resultados e nos auxiliar quanto a alianças, por exemplo", afirma.>
O presidente estadual do PSL, deputado Alexandre Quintino, disse que ainda aguarda as orientações da direção nacional. Da mesma maneira, Neucimar Fraga, presidente do PSD, relata que o assunto ainda não foi tratado.>
Ele acredita que a sigla também vai priorizar Estados que tenham membros na bancada federal. "Havia uma expectativa de que esses recursos poderiam ir para o combate ao coronavírus, então estamos orientando os filiados a não contar com ele. Até que a gente receba uma segunda ordem, a orientação é essa", afirmou. >
(com informações de O Estado de S. Paulo)>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta