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Projeto que prevê punir invasor de imóveis no ES causa reação da Igreja

Projeto que prevê punir invasor de imóveis no ES causa reação da Igreja

Projeto de lei, que deve ser votado na segunda (26) na Assembleia Legislativa, prevê retirada de benefícios sociais e direitos de pessoas que ocuparem propriedades particulares

Publicado em 23 de fevereiro de 2024 às 19:04

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Urgência do texto foi aprovada na sessão do dia 21 de fevereiro
Sessão na Assembleia: deputados aprovaram a urgência do projeto, que deve entrar na pauta de votação na segunda. (Divulgação/Ales)

Na próxima segunda-feira (26), a Assembleia Legislativa do Espírito Santo deve votar o texto do Projeto de Lei 166/2023 que pretende punir quem invadir propriedades particulares rurais ou urbanas no Estado. Essas pessoas ficariam impedidas de receber auxílios ou benefícios sociais do governo do Estado e também não poderiam ser contratadas pelo poder público estadual, nem como efetivo, nem como comissionado. A proposta, do deputado estadual Lucas Polese (PL), causou reação da Igreja Católica. 

Na última quarta-feira (21), em sessão ordinária, os deputados aprovaram a urgência do PL e é esperado que entre na pauta da sessão ordinária seguinte, na segunda.  Apenas dois deputados foram contrários ao requerimento de urgência: Camila Valadão (Psol) e João Coser (PT).

O projeto de lei já foi considerado inconstitucional pela procuradoria da Assembleia. Segundo o parecer técnico-jurídico, o texto não especifica quem serão considerados como "ocupantes ou invasores de propriedades rurais". Além disso, segundo o parecer, ele viola a garantia constitucional da presunção de inocência, já que também prevê a aplicação das mesmas punições a quem ainda "responde judicialmente por crime hediondo". 

Projeto que prevê punir invasor de imóveis no ES causa reação da Igreja

Igreja católica repudiou texto

A proposta de Polese foi repudiada pelo Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese de Vitória. Segundo a entidade, o texto nega direitos básicos a pessoas que participam de movimentos sociais que debatem o acesso à terra e moradia. "Isso mostra absoluto desconhecimento do trabalho dos diversos movimentos populares, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)", diz nota de repúdio publicada por essa área da Igreja.

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Nota de repúdio do Vicariato para Ação Social, Política e Ecumênica, da Arquidiocese de Vitória

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O autor da matéria diz que ela é uma demanda dos produtores rurais e que o deputado Mazinho dos Anjos (PSDB), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia, se manifestou favoravelmente à urgência da matéria. 

"O que me motivou foi o retorno do PT ao poder e a gente tem um governo aliado deles (menção ao governo Casagrande), o que cria um cenário favorável no Estado (para as invasões)", afirma Polese. Disse ainda que a "grande maioria" dos parlamentares deve votar favoravelmente à matéria, com oposição apenas dos parlamentares do PT e do Psol. 

A deputada Camila Valadão (Psol) que votou contra o pedido de urgência na quarta-feira (21) afirma que o projeto de lei faz parte de um movimento da extrema-direita em todo o país para criminalizar a luta pela terra e pela habitação no Brasil, principalmente o MST, que neste ano completa 40 anos de existência. 

Há projetos similares em assembleias de todo o país. No Mato Grosso, texto parecido com o de Polese foi aprovado no início de fevereiro. Em resposta, o Ministério Público Federal daquele Estado enviou manifestação contrária à lei alegando que ela "potencialmente impede acesso à proteção estatal para a garantia do mínimo existencial, o que viola o princípio da dignidade humana". 

Camila Valadão apontou ainda preocupação com o fato de que estão apensados (anexados) no texto do deputado do PL outros projetos de lei sobre o mesmo assunto, mas que têm proposições diferentes, embora similares na intenção, como a de punir pessoas que invadem ou ocupam propriedades privadas. Um deles, por exemplo, proíbe até reuniões, aglomerações ou movimentos que tenham o intuito de promover essas invasões ou ocupações. 

A deputada diz que espera que o projeto e seus apensos sejam todos arquivados, mas afirma que, caso não seja esse o desfecho, pretende ingressar com uma ação na Justiça para derrubar a lei. 

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