Publicado em 7 de outubro de 2020 às 16:48
O secretário municipal de Obras e Desenvolvimento Sustentável de Fundão, Adeilson Minchio Broetto, e o subsecretário da pasta, Ronaldo Miossi Poloni, presos na Operação Lícita Ação na terça-feira (06), foram exonerados dos cargos pelo prefeito da cidade, Joilson Nunes (PDT), o Pretinho. A exoneração foi publicada no Diário Oficial do município nesta quarta-feira (07). Os dois são suspeitos de participar de um esquema criminoso para direcionar licitações em favor de uma empresa de engenharia.>
O afastamento deles dos cargos já havia sido determinado pela juíza da Vara Única de Fundão, Priscila Murad. De acordo com a magistrada, havia receio de que os servidores continuassem utilizando os cargos para praticar irregularidades. Adeilson comandava a Secretaria de Obras desde o ano passado, quando foi nomeado pelo prefeito. Anteriormente, ele exercia mandato como vereador na cidade. Já Ronaldo Miossi foi designado subsecretário para trabalhar na pasta. >
De acordo com a prefeitura, após ser notificado pela Justiça da decisão, "o prefeito Pretinho Nunes exonerou os servidores envolvidos que estão sendo alvo de investigação". O órgão ressaltou que o chefe do Executivo "não tem conhecimento algum acerca das supostas irregularidades apontadas no contrato". Confira, no final deste texto, a íntegra da nota encaminhada pela Prefeitura de Fundão. >
Adeilson e Ronaldo tiveram a prisão temporária de cinco dias decretadas pela Justiça na manhã de terça-feira (06). Os mandados foram cumpridos durante a operação deflagrada pelo Ministério Público Estadual. Outras duas pessoas foram presas, entre elas o proprietário da empresa de engenharia, Jucimar Pereira da Silva, e um dos engenheiros da empresa, Gilsiney Miossi Poloni, que é primo do subsecretário. >
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A Operação Lícita Ação é resultado de uma investigação instaurada no início deste ano após a constatação de irregularidades na tomada de preço de um processo licitatório para pavimentação de vias rurais. Na ocasião, a Promotoria de Justiça de Fundão obteve informações sobre um suposto esquema criminoso estruturado na Secretaria de Obras do município para favorecer a empresa Força Construtora em contratos. >
Ao analisar os processos firmados entra a prefeitura e a empresa, o MPES verificou um crescimento exponencial de pagamentos e contratos nos últimos dois anos. Em 2018, a prestadora de serviços possuía apenas um contrato ativo com o município, para reforma de um ginásio. Já em 2020, cinco contratos estão ativos para realização de obras variadas. No que se refere a valores, o aumento foi de 4000% em pagamentos.>
Em ao menos duas licitações o promotor de Justiça Eugino Rios, responsável pela investigação, identificou irregularidades. Nelas foram elencados "itens de relevância" sem justificativas para a realização do contrato, de forma que a única empresa capaz de cumprir com os requisitos fosse a Força Construtura.>
Mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos pelo MPES na Grande Vitória
De acordo com o promotor, os termos de referência que embasavam esses processos licitatórios eram elaborados pelo subsecretário Ronaldo Miossi, que exercia "funções atípicas", que não cabiam ao cargo. Ele também era o responsável por calcular valores que seriam pagos às empresas contratadas.>
Dessa forma, Miossi conseguia direcionar os contratos para empresa Força Construtora LTDA, comandada por Jucimar Pereira da Silva, com quem ele já tinha uma relação anterior ao cargo, e na qual o primo dele, Gilsiney Miossi Poloni, era contratado como engenheiro.>
A reportagem tentou, sem sucesso, contato com a empresa citada na operação. Também não conseguimos localizar a defesa dos envolvidos.>
Confira a nota da prefeitura:>
"A prefeitura de Fundão informa que foi notificada formalmente na manhã de ontem pela justiça, cientificando-a do teor da decisão como medida cautelar para suspensão dos exercícios da função pública dos servidores citados nos autos. Portanto prezando sempre pela transparência e colaborando sempre com a justiça, o prefeito Pretinho Nunes exonerou os servidores envolvidos que estão sendo alvo de investigação. Como as investigações estão sob sigilo, o prefeito está aguardando as apurações e o desenrolar dos fatos e reitera que não tem conhecimento algum acerca das supostas irregularidades apontadas no contrato." >
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