Publicado em 7 de abril de 2020 às 20:49
Em meio à queda de braço entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, provocada pelas discordâncias em relação às medidas propostas para conter a expansão do coronavírus no país, os deputados e senadores da bancada federal capixaba, hoje, são unânimes nos elogios à condução do ministro durante a crise, mas parte dos parlamentares evita fazer críticas mais contundentes à postura do presidente. >
Nesta segunda-feira (6), a saída de Mandetta chegou a ser anunciada como um fato e repercutiu negativamente entre os parlamentares. Os congressistas do Espírito Santo também se colocaram contra esta possibilidade, por considerarem acertadas as medidas tomadas por ele durante a pandemia. >
Para o deputado federal Sérgio Vidigal (PDT), agora não é o momento para medir forças. "O ministro da Saúde tem sido muito responsável. Ele tem ouvido os técnicos que compõem sua equipe. E o presidente deve agir da mesma forma com ele. Assessor é para orientar, não é para fazer o que você manda. O presidente é o líder, mas é preciso que ouça a equipe que ele nomeou, ela que entende da área", avaliou.>
O deputado Ted Conti (PSB) acrescentou que o ministro alcançou um respaldo também da sociedade. "Se ele, que tem se mostrado tão profissional, fosse demitido, seria sinal que estamos sendo mal direcionados pelo comando maior. O presidente, enquanto chefe, tem que dar os méritos. A postura dele é sensata, embasada na ciência. O presidente não pode colocar a saúde como a responsável pelo impacto na economia, e sim tentar fortalecer esses dois setores", opinou.>
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Para Felipe Rigoni (PSB), a possibilidade de retirar o ministro do governo durante a pandemia seria o maior erro da gestão Bolsonaro, e um erro provavelmente fatal, politicamente, para o presidente. "Mandetta é bem avaliado, está fazendo um excelente trabalho, com serenidade, base em evidências científicas, apesar dos desmandos do chefe.">
O deputado já havia criticado, recentemente, a campanha feita pelo governo federal contra o isolamento, que acabou suspensa pela Justiça Federal. "O governo não pode gastar milhões para incitar a população a descumprir uma recomendação técnica da Saúde", disse, no Twitter.>
Com elogios ao ministro da Saúde, o senador Fabiano Contarato (Rede) opinou que é insensato o desgaste político provocado pelo presidente, em meio a pandemia, ao travar uma disputa com aquele que ele próprio indicou.>
"Mandetta age de modo técnico, observa a ciência e tem comando. Se saísse do governo neste momento, infelizmente, a vaidade e a disputa política no governo teriam prevalecido ao interesse público." Nas redes sociais, enquanto ainda especulava-se a possibilidade de uma demissão do ministro, o senador foi enfático. "Em vez de ajudar no trabalho dedicado e responsável de seu próprio Ministro, Bolsonaro, por inveja e ressentimento, prefere ameaçá-lo e desautorizá-lo publicamente. Resista, Mandetta", publicou.>
Mesmo crítico do governo Bolsonaro, o deputado Helder Salomão (PT) também tem visto positivamente o trabalho do ministro. Já quanto ao presidente, manifestou indignação. >
"O presidente demonstra insensibilidade, não está preocupado com a vida das pessoas, dá mal exemplo. As poucas medidas concretas anunciadas, como a liberação da renda básica, ele fica enrolando para pagar, enquanto o povo passa fome. Criou um enfrentamento com o ministro da Saúde, que está se posicionando em sintonia com as recomendações internacionais e das autoridades sanitárias. Assim, o presidente só mostra ser irresponsável e incompetente", frisou. >
De volta ao Congresso após alguns meses de licença médica, a senadora Rose de Freitas (Podemos) considera que enquanto o ministro vem liderando o processo com equilíbrio, segurança e transparência, informando corretamente os brasileiros, Bolsonaro já teve atitudes na contramão. "Parece que eu vi um filme. O presidente no meio da rua, a despeito do que todos os cientistas disseram, a despeito do próprio sentimento popular. Enquanto isso, o povo se protegendo", lamentou.>
Desde o início do governo, a grande maioria da bancada do Espírito Santo tem apoiado os projetos do governo Bolsonaro, com poucos membros atuando pontualmente na oposição, com a exceção do deputado Helder Salomão e do senador Fabiano Contarato. Apesar de algumas demonstrações sobre o isolamento de Bolsonaro, devido à falta de força política, parte dos membros da bancada capixaba ainda não mencionaram a retirada do apoio ao presidente. >
Ao avaliar o trabalho do Executivo, o senador Marcos do Val (Podemos) ponderou que ainda são os primeiros passos, pois o país está diante de um desafio global desconhecido.>
"A meu ver, as ações do governo federal estão sendo conduzidas de forma sistêmica, não só na saúde, mas na economia, na previdência social, o que é positivo. Recursos estão sendo liberados para a saúde para compra de equipamentos e insumos, há liberação de linhas de créditos para pessoas físicas e jurídicas e é nítida a preocupação e o cuidado com os informais, os desempregados. Quanto à atuação do Mandetta, considero como equilibrada, técnica e segura. Precisamos deixar os protagonismos e as vaidades de lado, deixar as desavenças políticas e entender que a atuação de um gestor não ameaça a de outro", afirmou.>
Da Vitória (Cidadania) e Lauriete (PL) também declararam apenas que o ministro está tendo uma boa atuação na condução do enfrentamento ao coronavírus. Amaro Neto (Republicanos), cujo partido está na base de apoio do governo, também teceu elogios, sem apontar erros a Bolsonaro. >
"O trabalho realizado pelo ministro Mandetta tem sido técnico e comprometido com a saúde dos brasileiros. Vejo que o governo federal como um todo tem se esforçado em realizar um trabalho de cooperação entre as áreas para que haja ações de apoio aos cidadãos neste momento de isolamento necessário.">
Apoiadora de primeira ordem de Bolsonaro, a deputada Soraya Manato (PSL) classificou a postura do presidente como coerente e madura, e evitou criticar Mandetta. "É preciso que o governo federal tenha uma equipe que trabalhe em sintonia e alinhada com os princípios do gestor. Em alguns momentos, eles tiveram opiniões diferentes, o que é natural. O presidente sabe que o ministro tem um papel muito importante neste momento de crise e foi extremamente sensível a isso.">
Os deputados Evair de Melo (PP) e Norma Ayub (DEM) não atenderam a reportagem. >
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