Publicado em 28 de outubro de 2019 às 19:08
Preso desde o último sábado (26) no Centro de Detenção Provisória de Viana 2, o ex-prefeito de Viana José Luís Pimentel Balestrero é acusado pelo Ministério Público estadual de ter participado de um esquema criminoso no município junto a vereadores. Estavam incluídos fraude de licitações, desvio e lavagem de dinheiro. >
Balestrero teve o mandato cassado em 1999. Segundo o acórdão que culminou em sua prisão, há três dias, o Ministério Público aponta que a série de crimes investigados em sua gestão teve início em 1997, quando o ex-prefeito se endividou após a realização de um evento na cidade e chegou a contrair dívidas com agiotas. >
Balestrero, então, aproximou-se de um grupo de dez vereadores, com a ajuda dos quais conseguiu aprovar uma lei que autorizou o Poder Executivo municipal a abrir um crédito especial em favor da fundação Heribaldo Lopes Balestrero - a qual o próprio prefeito presidia - no valor de R$ 250 mil. Tais recursos seriam destinados inicialmente à construção de um pronto socorro no bairro Vila Bethania. >
Em troca do favor, os vereadores exigiram R$ 40 mil de propina, o que acabou servindo de gatilho para a ocorrência de outros crimes dentro da administração, sustenta o MP. Com a participação, do então secretário de Turismo e Meio Ambiente Agneston da Silva Araújo, uma série de licitações fraudadas começaram a ser realizadas dentro da pasta. >
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A fraude consistia em falsificação de assinaturas nas propostas de prestação de serviços encaminhadas à Secretaria e no uso sem autorização dos nomes e respectivos dados pessoais dos supostos licitantes. Os serviços, por sua vez, jamais foram realizados. >
Durante a gestão de Balestrero ainda teriam ocorrido compras fictícias de produtos. Entre eles, 30 toneladas de calcário, 30 frascos de vermífugos e 30 sacos de fertilizantes. Os cheques eram emitidos pela prefeitura e acabavam parando na conta da Associação Cultural e Recreativa de Viana. Segundo as autoridades, a instituição era utilizada para lavagem de dinheiro. >
Na prisão, José Luís Pimentel Balestrero responde pelo crime de apropriação ou desvio de rendas públicas em proveito próprio ou alheio, pelo qual foi condenado a oito anos e dois meses de reclusão, a serem cumpridos inicialmente no regime fechado. A Justiça considerou prescrita a acusação de uso indevido de bens, rendas e serviços públicos. >
Raony Scheffer, que é advogado criminalista e vice-presidente da Comissão Especial de Combate à Corrupção e à Impunidade da OAB Nacional, diz que o ex-prefeito poderá impetrar um habeas corpus para tentar responder o processo em liberdade, ou até mesmo para desconstituir a sentença (ainda que transitado em julgado), alegando, por exemplo, que há prescrição dos fatos ou erros no processo. >
O futuro de Balestrero também poderá ser influenciado pela decisão do Superior Tribunal Federal (STF), que julga a constitucionalidade da prisão após condenação em segunda instância. >
Com o atual entendimento do STF sobre o início do cumprimento da pena após julgamento em segunda instância, em tese o ex-prefeito não poderá aguardar eventuais recursos dos Tribunais Superiores (STJ e STF) em liberdade. Mas se o entendimento do STF mudar, aí ele poderá ser posto em liberdade para aguardar o julgamento dos recursos em Brasília, afirma Scheffer. O atual advogado de defesa de Balestrero não foi localizado. >
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