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Publicado em 20 de abril de 2021 às 17:42
O empresário capixaba Wellington Leite, que presentou com um carro elétrico um dos sócios de Renan Bolsonaro, o filho 04 do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi recebido pelo chefe do Executivo federal no Palácio do Planalto. O encontro foi registrado em foto e publicado nas redes sociais de Leite no mês passado, no dia do aniversário de Bolsonaro.>
O filho do presidente é investigado pela Polícia Federal sob a suspeita de tráfico de influência em relação ao governo. Segundo denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, Renan Bolsonaro poderia estar atuando "para abrir as portas do governo federal" para empresários. >
Wellington Leite é presidente do grupo capixaba WK, que atua no ramo de linha de crédito imobiliário e automotivo. Em setembro do ano passado, ele se reuniu com Renan Bolsonaro para tratar de negócios, durante uma visita dele ao Espírito Santo. >
Na ocasião, o filho 04 do presidente estava em busca de parcerias para um projeto que seria lançado pela empresa dele, a Bolsonaro Junior Eventos, e a MOB, do sócio de Renan, Allan Lucena. Eles também se reuniram com representantes da empresa capixaba Gramazini Granitos e Mármores Thomazini, que tem sede em Barra de São Francisco. >
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Durante a visita, Wellington publicou fotos nas redes sociais com Renan Bolsonaro. Em uma das legendas escreveu "uma nova aliança". O empresário ainda citou que uma parceria seria construída entre as empresa MOB, a JB de Renan e o grupo WK.>
"Estamos formando agora uma grande família. Tivemos uma reunião produtiva, tem muitas coisas para vir, para avançar", declarou, em vídeo publicado no Instagram.>
O empresário da WK também chegou a divulgar um outro vídeo em que aparece Renan Bolsonaro e um dos sócios da Gramazini falando sobre um projeto que "estava a caminho de se desenvolver". >
Segundo informações divulgadas pela revista Veja, as duas empresas apresentaram um protótipo de construção de casas populares de pedra ao filho do presidente. Ele teria se comprometido em levar a sugestão ao pai.>
"Tenho certeza que esse projeto vai ser um divisor de águas na vida de muita gente[...] Renan, seu pai [o presidente Bolsonaro], que está à frente desse governo, ele vai diretamente aprovar e agradecer por essa iniciativa e com certeza proporcionar uma vida mais digna para o povo brasileiro", disse, em vídeo publicado nas redes sociais no dia 26 de setembro.>
Semanas depois da visita de Renan, as duas empresas capixabas tiveram suas logomarcas impressas na decoração da parede de entrada do escritório de Renan, junto com outras que apoiaram o empreendimento, conforme divulgado pelo jornal Folha de São Paulo. Na ocasião, Wellington Leite e um dos sócios da Gramazini doaram um carro elétrico, no valor de R$ 90 mil, para o projeto MOB, de Allan Lucena. >
Em novembro, um representante da empresa de granito conseguiu um espaço na agenda do ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, para falar sobre um projeto de construção de casas populares. Marinho é responsável pelo programa Minha Casa Minha Vida. O encontro aconteceu no Palácio do Planalto e teria sido intermediada por Renan Bolsonaro.>
No mês passado, a Polícia Federal decidiu abrir um inquérito para investigar se Renan teria atuado para facilitar o acesso de empresários do grupo ao governo federal. A denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal aponta possível tráfico de influência.>
A publicação da foto de Wellington Leite com o presidente foi feita no dia 21 de março, data do aniversário de Jair Bolsonaro. Não se sabe, contudo, quando os dois se reuniram. >
Em resposta ao jornal Folha de São Paulo, a Secretaria de Comunicação da Presidência disse que não era possível saber a data do encontro nem o motivo da reunião.>
A Gazeta tentou contato com Wellington Leite, mas ele não respondeu às mensagens e não atendeu às ligações. Para a Folha de São Paulo, o empresário disse que não se recordava quando se encontrou com Bolsonaro e nem quem o levou até ele. >
"Visitei o Palácio do Planalto e tive a sorte de tirar uma foto com o presidente. Foi tudo muito rápido", disse, afirmando que tiveram apenas um encontro. >
O empresário também disse à Folha que foi ele quem trouxe Allan e Renan ao Espírito Santo para a troca de ideias sobre projetos que poderiam ser tocados. Contudo, a parceria não se concretizou. “O Allan que trouxe o Renan, que veio falar sobre o projeto social do MOB e do JB, porém acabou que não foi adiante”, disse Wellington.>
Sem fornecer valores, o empresário afirmou que arcou com as despesas da viagem do filho do presidente e de seu parceiro comercial. “Como eu convidei, mais do que justo arcar [com as despesas]”, disse. “Sobre o valor, eu não sei nem o que gastei ontem, vou saber o que gastei há quase oito meses?”, disse à Folha. >
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