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Publicado em 3 de novembro de 2022 às 21:34
Em rápida passagem por Vitória para palestrar no 10º Fórum Liberdade e Democracia, o vice-presidente do país, general Hamilton Mourão (Republicanos-RS), falou sobre conjuntura econômica, reformas e, naturalmente, um pouco de política. Durante o discurso, enfatizou que é contra o PT, partido do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, mas se comprometeu, como senador eleito, a votar em projetos do novo governo se, em sua avaliação, forem favoráveis ao Brasil. >
"Eu sou oposição ao futuro governo porque eu não acredito nas ideias deles. Mas já deixei claro isso uma vez: eu não sou oposição ao Brasil. Da minha parte, aquilo que vier do governo do presidente Lula que esteja de acordo com o nosso pensamento, ou seja, reforma tributária, reforma administrativa, medidas que promovam a abertura comercial, terão o meu apoio irrestrito. Eu não vou ser contra o Brasil, muito pelo contrário. Se eles vão ter um excelente governo porque fizeram isso, palmas para eles", pontuou Mourão. >
Questionado pelo mediador do debate sobre as articulações na composição do novo Congresso Nacional, a partir de 2023, o vice-presidente disse que, ao longo do segundo turno, atuou para tentar reeleger Jair Bolsonaro (PL). Mas, com a eleição do adversário, Mourão se coloca no campo da oposição e contou que já manteve com outros senadores eleitos que integraram a atual gestão — Sergio Moro (União Brasil-PR), Marcos Pontes (PL-SP), Jorge Seif (PL-SC) e Damares Alves (Republicanos-DF) — para se organizarem na tentativa de construir a maioria no legislativo. >
"Sentimos que vamos ter uma coesão maior, em termo das ideias que nós acreditamos, pelo grupo que já havia e que permaneceu dentro do Senado e mais com a nossa chegada. Agora, a tarefa política é construir maioria, é a nossa tarefa neste momento", declarou. >
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Apesar de política não ter sido o tema central do painel que participou no evento, ainda nessa área Mourão mencionou um recurso utilizado nos Estados Unidos e que, para ele, também deveria ser adotado no Brasil. É o chamado "recall" que, grosso modo, cria a possibilidade de o eleitor revogar o mandato daquele candidato que, em sua avaliação, não está cumprindo as pautas a que se propôs defender. Novo nesse ambiente político, sua ideia, entretanto, pode não ser apreciada por outros parlamentares. >
O vice-presidente ainda defendeu a gestão Bolsonaro, embora em alguns momentos tenha feito críticas que acabam respingando no próprio governo, como a baixa qualidade da educação pública, e o fato de o orçamento federal ter, segundo ele, 93% dos recursos carimbados com despesas obrigatórias. "Sobram apenas 7% daquilo que é chamado de despesa discricionária, ou seja, o dia a dia do governo, e investimento. Portanto, é uma situação complicada.">
Na área econômica, Mourão analisou que estamos encerrando um ciclo, iniciado logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, e fez apontamentos sobre momentos marcantes ao longo do período até agora, culminando com o conflito entre Rússia e Ucrânia. O vice-presidente mencionou os reflexos na economia, que colocam vários países em um quadro de recessão. >
"Óbvio que essa crise toda tem consequências aqui. Nosso país tem uma disrupção porque tem uma situação econômica e um sistema jurídico que não andam em harmonia um com o outro. Temos uma Constituição que é antimercado. E a partir desse momento fica difícil haver estabilidade para quem deseja investir, produzir aqui. A gente está sempre brigando contra alguma regra que é colocada do dia para noite, muitas delas penduradas na Constituição. É uma questão a ser debatida pela Suprema Corte", opinou, mas sem apontar alternativas para a legislação.>
Para Mourão, o avanço da economia do país passa por dois pontos: equilíbrio fiscal e produtividade. O vice-presidente afirmou que Bolsonaro vai encerrar a gestão com gasto público menor que o Produto Interno Bruto (PIB), o que pode vir a ser indicador de equilíbrio, mas o Brasil ainda peca na produtividade por entraves burocráticos e a necessidade de reformas, como a tributária, que não aconteceram. No Senado, as reformas estarão em sua pauta. >
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