Publicado em 28 de novembro de 2019 às 22:36
As articulações entre a Câmara de Vitória e a prefeitura, que envolviam o pedido de suplementação feito pelo Legislativo de cerca de R$ 1,5 milhão, e a tramitação do Orçamento do município para 2020, deram um passo no sentido da pacificação. Nesta quinta-feira (28), na sessão da Câmara, foi aprovado o Orçamento, sem nenhuma alteração, e quase por unanimidade, com 13 dos 15 votos a favor. O total previsto é de R$ 1,98 bilhão, e conforme os próprios vereadores, a Capital foi o primeiro município da Grande Vitória que já está com a lei orçamentária aprovada. >
Pela lei, o projeto precisa ser aprovado pela Câmara até 31 de dezembro de cada ano, caso contrário, a prefeitura inicia o ano podendo gastar 1/12 do valor do orçamento do ano anterior. >
Um detalhe importante do próximo orçamento de Vitória é que ele prevê um aumento de 15,8% para a Câmara em relação a 2019. O orçamento do Legislativo passará de R$ 27,7 milhões para R$ 32,1 milhões, um aumento significativo, considerando principalmente que o caixa da Câmara foi o centro da polêmica com o Executivo neste último mês. >
De 2018 para 2019, ele foi 1,78% menor, o que fez a Casa correr o risco de não conseguir pagar salários e encargos sociais aos próprios servidores, caso a prefeitura não lhe transferisse recursos. O aumento no orçamento da Câmara foi linear à previsão para o município, já que para 2019 previu-se R$ 1,72 bilhão, passando para R$ 1,98 bilhão, 15,38% a mais. >
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Durante a votação, foram apresentadas quase 20 emendas pelos vereadores que se colocam como "independentes" na Casa: Mazinho dos Anjos (PSD), Davi Esmael (PSB), Roberto Martins (PTB) e Max da Mata (PSDB). Eles propuseram retirar recursos de algumas secretarias e passar para outras. Um exemplo é a emenda de Davi que retirava R$ 1,2 milhão do Orçamento Municipal destinado ao Carnaval 2020 e transferia para a saúde. Todas elas foram rejeitadas pelo plenário, com mais de 10 dos 15 votos contra, em todos os casos.>
Após ter circulado nos bastidores a possibilidade da Câmara devolver a peça orçamentária ao Executivo, alegando problemas técnicos na proposta, a decisão de pautar e votar o orçamento foi tomada em uma reunião nesta quarta-feira (27), entre o presidente, Cleber Felix (PP), o Clebinho, vereadores da oposição e o secretário de Fazenda de Vitória, Henrique Valentim, representando a prefeitura. De acordo com Clebinho, as emendas foram apresentadas ao secretário e houve um pedido do Executivo para que o orçamento fosse votado o quanto antes. >
Também na quarta, Clebinho apresentou uma planilha à prefeitura, com o novo pedido de suplementação, que seria em um valor menor, para fechar as contas de 2019. O requerimento, que seria inferior ao R$ 1,5 milhão pleiteado anteriormente, foi reduzido após ter sido feito o remanejamento de despesas e o cancelamento de algumas dotações orçamentárias, conforme afirmaram alguns parlamentares. Clebinho não quis detalhar o teor deste pedido ou como foi o cálculo feito. A prefeitura de Vitória também foi procurada, mas não deu retorno à reportagem. >
Durante a votação do Orçamento, o único momento que ofereceu algum tipo de ameaça ao prefeito, Luciano Rezende (Cidadania) foi com a apresentação de uma emenda de Roberto Martins, que reduzia dos atuais 30% para 5% do orçamento o limite que o prefeito pode remanejar de uma despesa para outra sem predir a autorização do Legislativo - a chamada abertura de créditos suplementares. A emenda de Martins teve 11 votos contrários e 3 favoráveis. Nas discussões do orçamento de 2016 o grupo da oposição já havia realizado uma alteração como essa, que na prática, engessa a administração. Meses depois, a prefeitura conseguiu revertê-la. >
Após a aprovação do orçamento, o presidente Clebinho enalteceu o resultado. "Fomos a primeira Câmara a aprovar a peça, para auxiliar o planejamento da cidade. Sem ela, o gestor fica em uma angústica. Meu papel é garantir a governabilidade do prefeito. Chegamos a essa conclusão", afirmou. >
Ele apontou ainda que o ambiente é de conciliação e se recusou a dar qualquer explicação sobre os pedidos de suplementação para a Câmara fechar as contas em 2019. "Não houve falta de diálogo com a prefeitura. Nós vamos fechar as contas", frisou. >
O líder do governo, vereador Wanderson Marinho (PSC), também defendeu a desvinculação entre as duas discussões. "Não houve essa articulação. O presidente entendeu que era importante votar a peça, não há porque criar empecilho. Os vereadores tiveram liberdade para apresentar suas emendas, mas a maioria entendeu que o texto enviado pelo prefeito já contemplava essas ações", disse. >
O vereador Davi Esmael, único a votar contra o orçamento, e que votou favoravelmente a todas as emendas apresentadas, discordou da forma de tramitação do projeto. "Foi colocado para tramitar de forma muito rápida, não havia essa necessidade. Votei contra pela falta de diálogo", afirmou. >
De acordo com o orçamento aprovado pela Câmara, a área que receberá o maior volume de recursos em Vitória em 2020 será a educação, com R$ 517 milhões. Em seguida, vem o Instituto de Previdência municipal, com R$ 352,9 milhões, e a saúde, com R$ 325,2 milhões. >
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