Sessão na Câmara dos Deputados Crédito: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados
Por 267 votos a 116, a Câmara dos Deputados aprovou, na madrugada desta quinta-feira (17), o Projeto de Lei 2.159/21, material que estabelece regras gerais para o licenciamento ambiental. O texto, que tramita há mais de 20 anos no Congresso Nacional, cria novos tipos de licença, normas gerais e diretrizes específicas para cada solicitação do licenciamento.>
Um dos objetivos do projeto, segundo o Senado Federal, que aprovou o material em maio deste ano, é uniformizar os procedimentos para emissão de licença ambiental em todo o país, simplificando, ainda, a concessão de autorizações para empreendimentos de menor impacto ambiental. Entretanto, ambientalistas, incluindo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, discordam do material por “ferir de morte um dos principais instrumentos da proteção ambiental do país”, como escreveu em suas redes sociais.>
Na votação na Câmara, dos nove deputados do Espírito Santo presentes à sessão, cinco votaram a favor da aprovação e três foram contra. Por problemas técnicos, o deputado Paulo Folletto (PSB) não registrou voto, mas se manifestou contrário ao projeto. >
➥ Veja os votos na lista abaixo:>
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Amaro Neto (Republicanos) — SIM
Da Vitória (PP) — SIM
Dr. Victor Linhalis (Podemos) — SIM
Evair de Melo (PP) — SIM
Gilson Daniel (Podemos) — NÃO
Helder Salomão (PT) — NÃO
Jack Rocha (PT) — NÃO
Messias Donato (Republicanos) — SIM
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Com a aprovação dos deputados, o material agora segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a Câmara, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), afirmou que o texto passou por negociação até o último momento e que os deputados buscaram construir uma aprovação de um projeto bom para o país. >
“A votação dividiu opiniões. Os deputados a favor do projeto argumentaram que ele favorece o desenvolvimento do país. Quem votou contra reclamou que ele pode causar novas tragédias ambientais”, divulga a Câmara dos Deputados.>
Em suma, o projeto aprovado prevê que a Licença Ambiental por Adesão e Compromisso (LAC) seja simplificada e expedida mediante uma espécie de autodeclaração de adesão e compromisso do empreendedor, com os requisitos preestabelecidos pela autoridade licenciadora. O projeto libera a LAC para a maioria dos empreendimentos no Brasil, já que deve ser válida, aos licenciamentos em geral, com exceção apenas daqueles de alto impacto no meio ambiente.>
O que dizem os deputados do ES?
Procurados por A Gazeta, os deputados federais que formam a bancada capixaba explicaram os motivos para os votos positivos e negativos ante o projeto de lei. Confira abaixo as declarações:>
Amaro Neto (Republicanos): “Votei a favor do projeto do licenciamento ambiental porque acredito que é possível proteger o meio ambiente sem travar o desenvolvimento do país. O projeto traz mais segurança jurídica, reduz a burocracia e foca onde realmente importa: nos empreendimentos com maior impacto ambiental. Com essa proposta, o licenciamento passa a ter regras claras e padronizadas em todo o Brasil, o que evita interpretações diferentes e dá mais transparência ao processo. Outro ponto importante é que o projeto cria novas modalidades de licença, mais ágeis, como a autodeclaração de conformidade — sempre respeitando a legislação vigente”. Amaro Neto ainda afirma que o texto votado na Câmara endurece a punição para quem desrespeita a lei e executa obras poluentes sem autorização. O deputado do Republicanos salienta que a votação “moderniza as regras sem abrir mão da responsabilidade ambiental”.
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Da Vitória (PP): Para o deputado, o projeto é fruto de modernização, simplificação e desburocratização do licenciamento ambiental. Ele declara que, atualmente, os processos de licenciamento são demorados, sem prazos definidos e com regras pouco claras, o que afasta investidores. “Diversos investimentos em infraestrutura, como ferrovias e rodovias, estão paralisados há décadas, mesmo cumprindo todas as condicionantes. O texto aprovado foi fruto de amplo debate com diversos setores, visando equilibrar o desenvolvimento econômico com a proteção ambiental”, diz.
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Gilson Daniel (Podemos): Em nota enviada à reportagem, o deputado explicou que o voto contrário ao PL foi por acreditar que o desenvolvimento econômico precisa caminhar ao lado da preservação ambiental. Para Gilson, o projeto aprovado precisa de garantias mais robustas para que o meio ambiente, especialmente em territórios sensíveis como áreas de nascentes e de biodiversidade, não seja colocado em risco. “O Brasil pode crescer, gerar emprego e renda, mas sem abrir mão de regras claras e responsáveis para a proteção do nosso patrimônio natural”, destaca.
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Helder Salomão (PT): Questionado sobre o voto contrário ao PL, o deputado do Partido dos Trabalhadores destacou que o projeto pode promover a legalização da destruição do meio ambiente. Helder salienta, ainda, que é contra medidas que “fragilizem o controle das atividades empresariais”. “O desenvolvimento econômico deve garantir a sustentabilidade. O projeto aprovado é absurdo. Por isso, estamos pedindo que o presidente Lula vete o PL da devastação”, completa.
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Jack Rocha (PT): Para a deputada, o PL é fruto de um enfraquecimento de toda a fiscalização de órgãos ambientais. “Imagine uma empresa que se autodeclara sustentável, sem estudo prévio e sem condicionamento ambiental. Essa é uma prática que prejudica muito o Espírito Santo, que tem a Mata Atlântica ameaçada. Nosso Estado é completamente atingido por esse PL. Ele não vem só para flexibilizar, mas vem para retirar a necessidade de um aval para que as empresas façam a supressão de vegetação nativa”, declara.
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A reportagem de A Gazeta também tentou contato com os deputados Victor Linhalis (Podemos), Messias Donato (Republicanos) e Evair de Melo (PP), mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestação.>
Atualização
17/07/2025 - 19:43hrs
A reportagem foi atualizada com a inclusão dos votos de todos os deputados do Espírito Santo presentes à sessão e com o posicionamento deles a respeito da proposta.