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Casagrande pede prudência ao PSB sobre apoio para presidência da Câmara

Casagrande pede prudência ao PSB sobre apoio para presidência da Câmara

Em reunião, maioria da bancada do partido do governador definiu apoio ao candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado federal Arthur Lira (PP-AL)

Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 18:51

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Renato Casagrande durante Espírito Santo o lançamento do plano de investimentos nesta quinta-feira (26)
Renato Casagrande é secretário-geral da Executiva Nacional do PSB. (Ricardo Medeiros)

Após a maioria da bancada do PSB na Câmara ter defendido a adesão à candidatura de Arthur Lira (PP-AL) na corrida pela presidência da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (9), o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), que é secretário-geral da Executiva Nacional da sigla, avaliou que os parlamentares deverão ter "prudência" para debater e discutir. Lira é o candidato à presidência da Câmara que tem a preferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). 

Na reunião realizada entre 30 parlamentares do PSB, 18 deputados defenderam o apoio ao candidato. Outros cinco afirmaram que preferem esperar o anúncio do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM), sobre qual nome irá apoiar na disputa com Lira. Maia ainda não definiu quem será o candidato do seu grupo político para disputar o comando da Câmara.

Nesta quinta-feira (10), durante a entrega do Prêmio Estadual de Direitos Humanos 2020, no Palácio Anchieta, questionado pela reportagem, Casagrande tratou a questão com cautela, já que ainda não há uma posição definitiva da sigla.

"Eu acho que a bancada tem autonomia para fazer esse debate. Mas a bancada, por mais que tenha maioria para um lado e para o outro, ainda adiou a sua decisão. Adiar a decisão significa que ainda vai ter debate. Como a eleição é só para 1º de fevereiro, acho que a bancada terá prudência para poder debater e discutir. Certamente, nós conversaremos com a bancada, mas a autonomia é da bancada federal", declarou Casagrande.

No Espírito Santo, a bancada federal tem dois deputados do PSB: Felipe Rigoni e Ted Conti. O PSB vai entregar a Lira uma pauta de compromissos para responder quais pontos poderá atender. Após ouvir esse retorno do candidato, o partido deverá oficializar sua posição.

Em  publicação nas redes sociais nesta quarta (9), o líder do partido na Câmara, o deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), disse que "é falsa a informação de que o PSB já tomou a decisão sobre quem apoiar para a presidência da Câmara. Nessa primeira reunião, que tivemos, hoje, começamos a discussão sobre qual posição será tomada pelo partido", afirmou.

Presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira disse que a votação expressiva do indicativo reforça que o partido deverá caminhar com Lira.

"Essa questão da mesa não envolve ideologia, governo ou oposição. Veja os outros candidatos colocados. Agnaldo, por exemplo, é líder da maioria, do governo Bolsonaro. Então essas escolhas dependem de espaços na mesa, nas comissões, relatoria de projetos. Normalmente converso com deputados, mas deixo que eles resolvam. Não tem uma candidatura do campo progressista nesta eleição à presidência da Câmara", destacou ao jornal O Globo.

ALMOÇO

Na última sexta-feira (4), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), esteve no Palácio Anchieta, em Vitória para um encontro com o governador. Os deputados federais Felipe Rigoni (PSB)Ted Conti (PSB)Lauriete (PSC) e Sergio Vidigal (PDT) também compareceram, e tiveram uma conversa com Maia separadamente. Todos os integrantes da bancada foram convidados, mas apenas os quatro compareceram.

Presidente da câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM), visita o governador Renato Casagrande (PSB) no Palácio Anchieta
Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), visita o governador Renato Casagrande (PSB) no Palácio Anchieta. (Vitor Jubini)

O encontro foi um pedido do presidente da Câmara dos Deputados a Casagrande, havendo como pano de fundo a eleição da Mesa Diretora do Congresso, marcada para fevereiro. O parlamentar tem se reunido com outros governadores para articular apoio para o nome que pretende indicar. Após ter conversado por cerca de uma hora com o governador, ele negou que a pauta tenha sido a eleição para a presidência.

Ao ser questionado pela imprensa sobre o assunto, Maia pontuou que considera que "a interferência de Bolsonaro na eleição da presidência da Câmara traz riscos".

Apesar da pressão para anunciar um candidato do seu entorno, Maia ainda está deixando a decisão para os próximos dias, sem dar uma perspectiva precisa. Essa ala vem se apresentando como independente ao governo Bolsonaro para se contrapor à candidatura de Lira. Os mais cotados até o momento são Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP).

O almoço com Casagrande aconteceu antes do Supremo Tribunal Federal (STF) decidir que os atuais presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), não podem disputar a reeleição na mesma legislatura.

Deputado federal Arthur Lira (PP-AL) é candidato à presidente da Câmara
Deputado federal Arthur Lira (PP-AL) é candidato à presidente da Câmara. (PP/Divulgação)

PROXIMIDADE DE MAIA COM CASAGRANDE

Maia tem feito um contraponto ao governo Bolsonaro em muitas questões e desenvolveu uma proximidade muito grande com os governadores em geral, inclusive Renato Casagrande, para os quais tem servido como um elo para destravar a agenda estratégica dos Estados em Brasília.

Em agosto do ano passado, Maia foi o convidado de honra de Casagrande no encontro sediado no Palácio Anchieta do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) – fórum que reúne os sete governadores dessas duas regiões do país.

Em 21 de maio deste ano, Maia atuou como um mediador entre os governadores e o governo federal, na única reunião realizada entre o presidente Jair Bolsonaro e todos os governadores do país desde o início da pandemia, por ocasião da sanção do projeto de ajuda financeira aos Estados e municípios.

Naquela oportunidade, Casagrande foi um dos dois governadores que tiveram a palavra para falar em nome dos demais. Ele sugeriu ao presidente da República a criação de uma "coordenação central" para ajudá-los a salvar vidas. E disse que o Brasil não precisava de uma "crise política" naquele momento.

PERFIL

Arthur Lira presidiu a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) em 2015 e a Comissão Mista de Orçamento (CMO) em 2016. "Naquele ano, o texto (Orçamento) foi votado por acordo e sem nenhum destaque. Tudo fruto de muito diálogo", ressaltou.

Empresário, agropecuarista e bacharel em Direito, Lira tem 51 anos e está no terceiro mandato de deputado federal. Antes, foi vereador em Maceió e deputado estadual em Alagoas. Filiado ao PP desde 2009, foi líder da legenda na Câmara em 2012 e 2013.

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