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Publicado em 31 de outubro de 2022 às 21:56
Além da publicitária que fez vídeo da confusão envolvendo a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e o jornalista Luan Araújo, no último sábado (29), um outro capixaba estava na cena, que tomou o país e levantou mais um debate sobre o tenso período eleitoral brasileiro. O político Dárcio Bracarense, próximo a parlamentar, é o homem de camisa verde, que aparece com celular na mão durante a discussão pelas ruas do bairro Jardins, em São Paulo.>
Bracarense deu outra versão para o caso. E, apesar das imagens não registrarem, ele afirma que que estava com a parlamentar no momento que ela teria sido agredida. Segundo o capixaba, Zambelli só apontou a arma para fazer Luan esperar a polícia chegar.>
Filiado ao PL, mesmo partido de Carla Zambelli e do presidente Jair Bolsonaro, Bracarense se candidatou a deputado federal pelo partido no Estado, mas ficou como suplente, com 16.360 votos. Ele também trabalhou como secretário parlamentar da deputada entre os dias 24/06/2022 e 29/06/2022, mas afirmou que saiu do cargo para poder participar das eleições. >
Em vídeos divulgados na internet, a deputada aparece empunhando um revólver enquanto persegue o homem, que é agredido por outras pessoas. Um tiro é ouvido nos vídeos. A deputada garante que foi agredida. Em conversa com jornalistas, no sábado (29), após prestar depoimento no 4º Distrito Policial, na Consolação, Luan disse que se sentiu ameaçado: "Mais do que a questão política: eu sou uma pessoa preta, uma pessoa periférica, e apontaram uma arma para mim".>
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Dárcio disse que estava almoçando com Carla Zambelli para discutir como ficaria seu futuro no Partido Liberal (PL), pelo qual foi candidato a deputado federal na eleição deste ano, no Estado. Durante a conversa, ele relata que a deputada federal teria falado sobre ameaças de morte que estaria recebendo após ter seu número de celular divulgado e que iria à delegacia entregar provas dessas intimidações.>
Ainda segundo Dárcio, durante o almoço, um grupo de pessoas com adesivos de Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato do PT à Presidência da República, apareceu e, ao ver a deputada, passou a insultá-la.>
“Esse homem começou a gritar e xingar a deputada, chamando ela de prostituta. Dizia ‘agora é Lula’ e eu dizia que respeitava o voto dele. Ele cuspia na cara da deputada e a gente tentando evitar, só que não tinha jeito. O filho dela, um menino de 14 anos, estava assustado e empurraram ele. Foi quando comecei a gravar”, contou. >
Ele afirma que o grupo queria provocar uma reação agressiva da deputada e das pessoas que estavam com ela.>
“Ele tentou me provocar para tentar me fazer parecer racista. Coloquei o telefone e comecei a gravar. Naquela bagunça, tinha um outro homem vestido de preto, que nenhuma câmera consegue pegar, e ele dá uma cotovelada na deputada, que se desequilibra e cai. Foi quando um cara se apresentou como policial e deu voz de prisão ao Luan, achando que ele seria o agressor da Carla Zambelli”, relatou Dárcio.>
Nesse momento, na versão de Dárcio, Luan correu, afirmando que não seria preso. O policial tentou ir atrás dele. Então, pelo som das filmagens é ouvido um barulho semelhante ao de um tiro. Mas o capixaba não sabe afirmar de onde veio o disparo. >
“Aí a deputada pegou a arma dela e disse para ele parar e esperar a polícia. Luan entrou no bar, e ela foi atrás dele. No local, Carla disse que ele estava em flagrante delito e que era para aguardar a polícia. Juntou um pessoal e ele se evadiu. O filho dela estava em estado de choque. Ficou nervoso”, acrescentou.>
Após o ocorrido, a deputada foi à delegacia prestar depoimento, assim como Luan Araújo. Dárcio afirma que o jornalista estava totalmente diferente do que era no momento da confusão. “Com a deputada estava agressivo, tratando ela com truculência, a xingando. Poucas vezes vi alguém tratar uma mulher assim e graças a Deus nada aconteceu”, disse. >
A deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP), uma das principais aliadas do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, se envolveu no sábado (29), em uma confusão nos Jardins, em São Paulo. >
Em vídeos divulgados nas redes sociais, a parlamentar aparece empunhando uma pistola enquanto persegue um homem negro, que é agredido por outras pessoas. Um tiro é disparado pelo grupo do qual fazia parte a deputada. Carla alega ter sido agredida.>
Segundo relatos do jornalista Luan Araújo, o homem perseguido por Zambelli, o atrito teve início quando ele saía de uma hamburgueria com um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e ouviu um grito de “amanhã é Tarcísio”, referente à disputa ao governo paulista entre Tarcísio Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT).>
Ele teria respondido “amanhã é Lula”, dando continuidade às provocações. A discussão se agravou e ambos os lados começaram a se xingar, segundo o jornalista. Em algum momento, ele se afasta e, conforme registrado em vídeo, Carla vai atrás, tropeçando no caminho antes de persegui-lo, empunhando uma arma, até o interior de um bar.>
A Polícia Civil de São Paulo investiga o caso. Um segurança da deputada federal, de 46 anos, foi preso em flagrante no início da madrugada de domingo (30) sob a acusação de disparo de arma de fogo. Ele passou por audiência de custódia no mesmo dia e foi solto após pagar fiança de R$ 1.300, segundo informações de O Estado de S.Paulo. >
Luan prestou queixa no 4º Distrito Policial, no bairro Consolação, em São Paulo, contra Zambelli e outros envolvidos na perseguição. Os advogados do jornalista alegam que ele foi vítima de racismo e que houve disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma na véspera da eleição. "Eu ia a uma comemoração de chá de bebê e acabei o dia com uma arma apontada para mim por causa de discussão política", disse Luan ao Estado de S.Paulo.>
A capixaba Fernanda Guimarães de Albuquerque, de 44 anos, foi a autora do vídeo que viralizou nas redes sociais na tarde de sábado (29) ao desmentir a versão dada pela deputada federal reeleita, Carla Zambelli (PL-SP), de que teria sido empurrada no chão por um eleitor de Lula, após uma discussão. >
As imagens registradas pela publicitária mostraram que Carla caiu sozinha antes de correr atrás do jornalista Luan Araújo, no bairro Jardins, em São Paulo (SP), enquanto empunhava uma arma.>
Fernanda conta que mora em um prédio na mesma rua em que aconteceu a confusão e que estava retornando para casa com o marido quando eles escutaram as discussões.>
"A gente estava chegando em casa e viu essa confusão no restaurante que fica na frente do meu prédio. A gente estava acompanhando de longe, eu e meu marido. A gente achou inicialmente que era um episódio de racismo, né? (sic) Porque tinha uma pessoa preta e tinha uma discussão, e aí o meu marido foi para o meio da confusão, ainda com a intenção de ajudar o rapaz. Porque, se fosse um caso de racismo, a gente poderia testemunhar. E eu comecei a filmar.”>
Somente quando já estava filmando a cena a capixaba se deu conta de que a mulher envolvida nas perseguições era a parlamentar reeleita Carla Zambelli (PL-SP).>
“Depois a gente entendeu que era uma discussão sobre posicionamento político e eu não sei até agora direito como continuei filmando porque quando a confusão começa, ele (eleitor perseguido) corre na direção que eu estou. O rapaz que estava sendo perseguido fica atrás de mim. E eu não parei de filmar, nem na hora que ouvi o tiro. Depois que eles começaram a correr na direção contrária da onde eu estava, que eu perdi o rapaz de vista, eu parei de filmar, e aí liguei para o 190 e fiz a denúncia”, conta Fernanda, que vive em São Paulo desde 2011.>
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