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Publicado em 30 de outubro de 2022 às 11:46
A capixaba Fernanda Guimarães de Albuquerque, de 44 anos, foi a autora do vídeo que viralizou nas redes sociais na tarde de sábado (29) ao desmentir a versão dada pela deputada federal reeleita, Carla Zambelli (PL-SP), de que teria sido empurrada no chão por um eleitor de Lula, após uma discussão. >
As imagens registradas pela publicitária mostraram que Carla caiu sozinha antes de correr atrás do jornalista Luan Araújo, no bairro Jardins, em São Paulo (SP), enquanto empunhava uma arma. >
Fernanda conta que mora em um prédio na mesma rua em que aconteceu a confusão, e que estava retornando para casa com o marido quando eles escutaram as discussões. >
"A gente estava chegando em casa e viu essa confusão no restaurante que fica na frente do meu prédio. A gente estava acompanhando de longe, eu e meu marido. A gente achou inicialmente que era um episódio de racismo, né? (sic) Porque tinha uma pessoa preta e tinha uma discussão, e aí o meu marido foi para o meio da confusão, ainda com a intenção de ajudar o rapaz. Porque se fosse um caso de racismo, a gente poderia testemunhar. E eu comecei a filmar.” >
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Somente quando já estava filmando a cena a capixaba se deu conta de que a mulher envolvida nas perseguições era a parlamentar reeleita, Carla Zambelli (PL-SP). >
“Depois a gente entendeu que era uma discussão sobre posicionamento político e eu não sei até agora direito como continuei filmando porque quando a confusão começa, ele (eleitor perseguido) corre na direção que eu estou. O rapaz que estava sendo perseguido fica atrás de mim. E eu não parei de filmar, nem na hora que ouvi o tiro. Depois que eles começaram a correr na direção contrária da onde eu estava, que eu perdi o rapaz de vista, eu parei de filmar, e aí liguei para o 190 e fiz a denúncia”, conta Fernanda, que vive em São Paulo desde 2011.>
Em um relato publicado nas redes sociais após ser flagrada perseguindo o jornalista Luan Araújo, eleitor de Lula, a parlamentar argumentou que havia sido vítima de agressões e que teria sido empurrada no chão. Chegou a mostrar o joelho ralado. >
Além do vídeo de Fernanda, outras imagens se disseminaram nas redes sociais rapidamente após o ocorrido, mostrando que não houve agressão à parlamentar.>
“Liguei pra polícia daqui do bairro e falei que tinha acontecido”, contou Fernanda. “Me identifiquei e a polícia chegou muito rápido, mas eu não quis ficar lá embaixo, porque depois eu me dei conta do que tinha acontecido. Fiquei nervosa e eu e meu marido subimos pra casa, mas isso foi por volta das 5 horas da tarde. Quando a gente subiu já estava até começando o jogo do Flamengo.”>
Segundo Fernanda, as ofensas escutadas foram somente de cunho político. Não houve, no momento em que presenciou a cena, verbalizações de ofensas racistas.>
E acrescenta: “Na hora, a gente agiu sem pensar, foi só com o coração mesmo. Poderia ter dado ruim (gravar), mas ainda bem que ajudou.”>
A deputada federal reeleita Carla Zambelli (PL-SP), uma das principais aliadas do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Congresso, se envolveu neste sábado, 29, em uma confusão nos Jardins, em São Paulo. >
Em vídeos divulgados nas redes sociais, a parlamentar aparece empunhando uma pistola enquanto persegue um homem negro, que é agredido por outras pessoas. Um tiro é disparado pelo grupo do qual fazia parte a deputada. Carla alega ter sido agredida.>
Segundo relatos do jornalista Luan Araújo, o homem perseguido por Zambelli, o atrito teve início quando saía de uma hamburgueria com um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e ouviu um grito de “amanhã é Tarcísio”, referente à disputa ao governo paulista entre Tarcísio Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT). >
Ele teria respondido “amanhã é Lula”, dando continuidade às provocações. A discussão se agravou e ambos os lados começaram a se xingar, segundo o jornalista. Em algum momento, ele se afasta e, conforme registrado em vídeo, Carla vai atrás, tropeçando no caminho antes de persegui-lo, empunhando uma arma, até o interior de um bar.>
A Polícia Civil investiga o caso. Um segurança da deputada federal, identificado apenas como Daniel, foi preso em flagrante pela Polícia Civil no início da madrugada deste domingo, 30, sob a acusação de disparo de arma de fogo. Ele vai passar por audiência de custódia diante da Justiça, que definirá sobre a manutenção da prisão.>
Luan prestou queixa no 4º Distrito Policial, no bairro Consolação, em São Paulo, para prestar queixa contra Zambelli e outros envolvidos na perseguição. Os advogados do jornalista alegam que ele foi vítima de racismo e que houve disparo de arma de fogo e porte ilegal de arma na véspera da eleição. "Eu ia a uma comemoração de chá de bebê e acabei o dia com uma arma apontada para mim por causa de discussão política", disse Luan ao Estadão de S.Paulo.>
Com informações da Agência Estado>
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