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Câmara de Vitória extingue quatro CPIs e culpa coronavírus

Câmara de Vitória extingue quatro CPIs e culpa coronavírus

CPIs foram publicadas na última sexta-feira (15). Ato publicado nesta quarta (20) determina a extinção por considerar que a pandemia de coronavírus prejudicaria as investigações

Publicado em 21 de maio de 2020 às 18:14

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Data: 02/01/2020 - ES - Vitória - Prédio da Câmara de Vereadores de Vitória - Editoria: Política - GZ
Câmara havia aberto quatro CPIs em pleno ano eleitoral. Quatro dias úteis depois voltou atrás. (Carlos Alberto Silva)

Quatro dias úteis após publicar, na última sexta-feira (15), a criação de quatro Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) para apurar irregularidades na administração municipal e na gestão da Câmara de Vitória, a Mesa Diretora da Casa decidiu extingui-las e colocou a culpa no coronavírus. O assunto não foi citado na sessão desta quarta-feira (20), mas o ato foi publicado no Diário do Legislativo.

O texto diz que, devido à pandemia, o trabalho de investigação das CPIs seria prejudicado. Dois dos vereadores proponentes, no entanto, contestam o fim dado às comissões.

O presidente da Casa, Cléber Félix (DEM), afirmou por nota que “o andamento da comissão requer apuração detalhada de documentos e realização de reuniões, o que se tornou inviável em meio à pandemia”. Clebinho também afirma que órgãos como as polícias Civil e Federal, Tribunal de Contas e de Justiça e o Ministério Público Estadual, que seriam demandados durante os trabalhos, estariam “trabalhando em regime especial e com escala reduzida”, o que poderia prejudicar o processo.

A Mesa diz que os vereadores apresentaram requerimentos, assinados por eles, com uma “questão de ordem regimental” em que a efetividade das CPIs era questionada. Quando passar a pandemia, os mesmos vereadores podem pedir a reabertura dos trabalhos. 

No requerimento apresentado os vereadores afirmam, também, que a manutenção do calendário eleitoral pela Justiça Eleitoral poderia atrapalhar o andamento das investigações.

Questionado sobre o motivo de não ter considerado esses fatores durante a sessão em que as CPIs foram lidas, Clebinho afirmou, via assessoria, que “ achou que os trabalhos de todos os órgãos seriam normalizados em breve” e que “não contava com esse salto gigantesco no número de casos confirmados de coronavírus no Estado essa semana.”

Os vereadores Mazinho dos Anjos (PSD) e Roberto Martins (Rede), proponentes de duas das CPIs que haviam sido abertas, afirmam que receberam diferentes documentos, um para cada CPI, e só assinaram os que diziam respeito às CPIs que apuravam as gestões da Casa. Martins afirmou que as comissões "eram, na verdade, uma briga política entre base e oposição” e considera “absurdo” que a CPI por ele proposta também seja extinta.

Mazinho disse que o ato publicado não tem validade. "Assinei os requerimentos para extinguir as CPIs do Cléber e do Vinícius. A minha CPI está de pé. Já temos, inclusive, três membros", contesta. O parlamentar diz, ainda, que se de fato o ato tiver validade, entrará com um recurso para que seja anulado.

A reportagem tentou contato com Vinicius Simões (Cidadania), proponente de uma das comissões, mas até o fechamento desta reportagem não obteve respostas.

Duas das CPIs que estavam abertas visavam apurar ilegalidades nas gestões da Casa. Uma no biênio de 2017/2018, quando Simões era presidente, e outra no biênio de 2019/2020, do atual presidente, Cléber Félix (DEM). Um propôs a CPI para investigar o outro.

As outras eram voltadas para fiscalização da administração municipal. Além da proposta pelo vereador Roberto Martins (Rede) ,a CPI do Porta a Porta, que investigaria ilegalidades no programa "Porta a Porta", que oferece transporte adaptado para cadeirantes e pessoas mobilizada de reduzida em Vitória e, uma outra, proposta pelo vereador Mazinho dos Anjos (PSD) e intitulada “CPI das Fake News” visava apurar denúncias de contratos irregulares entre a prefeitura e uma empresa de análise de dados e a criação, por parte de servidores comissionados da Saúde, de perfis falsos para atacar agentes públicos.

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