Publicado em 10 de março de 2020 às 16:57
A acirrada eleição do diretório do MDB no Espírito Santo ainda aguarda uma decisão em definitivo da Justiça quanto a sua validade, mas, após nove meses de reviravoltas, o ex-deputado federal Marcelino Fraga assumiu a presidência estadual da sigla nesta terça-feira (10). >
Ao menos foi realizada uma cerimônia de posse na sede do partido, em Vitória, após a Justiça negar um recurso do também ex-deputado federal Lelo Coimbra, presidente da comissão provisória do MDB-ES. Lelo, no entanto, não reconhece a ascensão de Marcelino ao comando da legenda e tampouco o resultado da eleição improvisada. A Executiva nacional do MDB também não endossa o pleito. >
Na última sexta-feira (6), o desembargador do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) Dair José Bregunce de Olveira manteve a liminar (decisão provisória) que reconheceu a eleição de Marcelino, realizada com urnas de papelão em um praça de Vitória, no dia 16 de fevereiro. >
Falta o julgamento do mérito do caso em 1ª instância, que dará uma decisão para o imbróglio. Empossado, Marcelino acusou Lelo de ter abandonado o partido nos últimos 15 dias e que os funcionários da sigla no Estado que segundo ele tomaram o lado de Coimbra na disputa não compareceram à sede do MDB nesta terça.>
>
Notifiquei a direção nacional da minha posse, enviei os certificados da Justiça e estamos reorganizando o partido. Eu vou buscar a conciliação, quero ligar para todo mundo e fazer um evento na próxima semana para mostrar que há paz no partido. A gente briga enquanto tá na Justiça, mas a partir da decisão judicial, acho que o momento é de se unir, afirmou Fraga.>
Segundo ele, um evento está sendo organizado para a próxima terça-feira (17), em Vitória, para falar sobre os planos do partido para a eleição deste ano. O local e a hora ainda não estão definidos. >
A Comissão Provisória do MDB ES, presidida por Lelo, foi procurada por A Gazeta e enviou uma nota em que reforça não reconhecer o resultado da eleição improvisada e a posse de Marcelino, tratada entre aspas. >
A comissão, ou seja, Lelo, também diz que segue à frente do partido. >
Confira a nota na íntegra:>
A COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL- MDB-ES, por seu PRESIDENTE e MEMBROS, esclarece: >
1. O MM. Juiz da 4ª Vara Cível de Vitória - ES, equivocadamente, de forma precária e provisória, deferiu o reconhecimento de suposta convenção de papelão, sendo que a referida decisão pode ser revista a qualquer momento;>
2. O evento noticiado como de posse da Chapa do Governo, NÃO é evento DO MDB-ES, NÃO SENDO EVENTO PARTIDÁRIO, sob quaisquer aspectos de análise;>
3. O PARTIDO MDB-ES e MDB-NACIONAL, não reconhecem a suposta convenção, sendo esta um organismo estranho, sem qualquer reconhecimento ou legitimidade, sem quaisquer prerrogativas estatutárias;>
4. A COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL MDB-ES, que representa o MDB-ES, tem MANDATO VIGENTE até 31/03/2020, tendo sido renovada por mais 90 (noventa) dias, a partir daquela data;>
5. SOMENTE o MDB-NACIONAL, com sede no Distrito Federal, tem competência para registrar os DIRETÓRIOS ESTADUAIS;>
6. A COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL MDB-ES, legitimamente constituída pelo MDB-NACIONAL, sob a PRESIDÊNCIA DE WELINGTON COIMBRA (LELO), é que possui AUTORIDADE, LEGITIMIDADE e PRERROGATIVAS ESTATUTÁRIAS, para quaisquer ATOS PARTIDÁRIOS, em nome do MDB MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO- ESTADO DO ESPÍRITO SANTO;>
7. A movimentação da CHAPA DO GOVERNO (ridicularizada nas redes sociais e na mídia), é uma tentativa desesperada de consumar um fato que não existe, completamente NULO, desde a origem, consistindo em AFRONTA ao ESTATUTO, em AFRONTA às LIDERANÇAS PARTIDÁRIAS, em AFRONTA aos ATOS PARTIDÁRIOS, em AFRONTA ao MDB_NACIONAL, ao MDB-ES e a todos os DIRETÓRIOS MUNICIPAIS, constituídos, notadamente, em AFRONTA a todos os FILIADOS;>
8. A COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL MDB-ES., tranquiliza a todos, no sentido de que continua exercendo os trabalhos partidários em consonância com a DIREÇÃO NACIONAL DO MDB, e, especialmente, em cumprimento do ESTATUTO PARTIDÁRIO, objetivando atender às ELEIÇÕES/2020.>
9. A COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL MDB-ES trabalha por um partido independente, sem ingerências e interesses externos, formado por pessoas idôneas, Ficha Limpa que respeitem as expectativas da sociedade capixaba e que, OBVIAMENTE, também respeitem o ESTATUTO PARTIDÁRIO (MDB);>
10. A COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL- MDB-ES, por seu Presidente e Membros, está e continuará JUNTO dos EMEDEBISTAS, em observância do Estatuto, para vencer e continuar como o maior partido do ES;>
11. A COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL MDB-ES, repudia, veementemente, qualquer ação contra a DEMOCRACIA e a ORDEM, contra o ESTATUTO, contra a INTEGRIDADE e ORGANIZAÇÃO PARTIDÁRIA, principalmente, as intervenções externas.>
COMISSÃO PROVISÓRIA ESTADUAL MDB-ES>
Marcada inicialmente para acontecer em junho de 2019, a eleição do MDB sofreu uma série de reviravoltas. As polêmicas tiveram início no dia 21 de junho, às vésperas do pleito, quando o edital de convocação para a votação incluiu uma cláusula anticorrupção, impedindo que se registrasse chapa cujos postulantes possuíssem condenação na Justiça, seja na esfera criminal ou cível.>
Condenado em 1ª instância por envolvimento na Máfia dos Sanguessugas, Marcelino acabou sendo retirado do páreo e acionou a Justiça. A dois dias da votação, a Executiva Nacional cancelou a eleição, alegando que o deputado estadual José Esmeraldo (MDB), 1º vice-presidente na chapa, e Marcelino Fraga estariam trabalhando para prejudicar as eleições internas e coagindo filiados. Desde então, o partido passou a ser administrado por uma comissão provisória, liderada por Lelo.>
Marcelino entrou na Justiça no dia seguinte, pedindo a realização do pleito. Em setembro, a Executiva nacional do MDB marcou para o dia 29 de novembro a nova data da convenção. Em liminar, a Justiça determinou que José Esmeraldo publicasse o edital de convocação. Poucos dias antes de acontecer, novamente, a eleição foi suspensa por Baleia Rossi, que alegou interferências externas no pleito.>
A nova data ficou para 16 de fevereiro, mas foi cancelada pela terceira vez, um dia antes de sua realização. Novamente, o argumento da comissão provisória que presidia o partido foi de que Marcelino não estava em conformidade com a cláusula anticorrupção. No entanto, impedidos de entrar no auditório do Hotel Alice onde estava marcada a eleição do MDB no dia que seria do pleito, aliados de Marcelino e Esmeraldo montaram urnas improvisadas na praça Getúlio Vargas, no Centro de Vitória, onde fizeram a eleição.>
Lelo acionou a Justiça para invalidar a votação, mas acabou sendo derrotado. O partido não reconheceu a vitória de Marcelino, mas, em decisão liminar (provisória), a Justiça chancelou a eleição no dia 21 de fevereiro. O grupo de Lelo recorreu novamente, em 2º grau, mas o recurso foi indeferido. O caso ainda aguarda uma decisão definitiva em 1º instância.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta