> >
O que diz a polícia sobre técnica de enfermagem que feriu bebê no ES

O que diz a polícia sobre técnica de enfermagem que feriu bebê no ES

Profissional foi indiciada por lesão corporal culposa, quando não há intenção criminosa, mas agiu com "imprudência e negligência", segundo o chefe da Polícia Civil

Mikaella Mozer

Repórter / [email protected]

Publicado em 8 de outubro de 2025 às 15:43

Foto mostra queimadura no pé de bebê em hospital na Serra
Bebê teve pé queimado dentro de hospital na Serra Crédito: Arquivo

A técnica de enfermagem que utilizou algodão aquecido no pé de um bebê, provocando graves queimaduras, foi indiciada por lesão culposa — quando não há intenção criminosa. A conclusão é da Polícia Civil, que divulgou detalhes da investigação sobre o caso nesta quarta-feira (8). O nome da profissional não foi revelado. 

O chefe da corporação, Darcy Arruda, reforçou que a profissional de 34 anos não teve o propósito de ferir o paciente recém-nascido, porém "agiu com negligência e imprudência", utilizando método não recomendado pelo Conselho de Enfermagem e Hospital Jayme Santos Neves, na Serra, onde o caso foi registrado. 

Segundo a delegada que conduziu a investigação, Thais Cruz, a técnica de enfermagem narrou em depoimento que o bebê estava com temperatura baixa e que ela precisava medir a glicose dele, por isso decidiu aquecer o algodão na parte superior do berço térmico, onde o recém-nascido estava. 

"O berço tem onda de calor que esquenta. Ela passou o algodão na estrutura, viu que estava esquentando e descartou um pedaço mais amarelado. Depois dividiu o restante, checou a temperatura na mão e colocou dentro da meia do bebê, acreditando que não estava muito quente", contou a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente. 

O resultado da perícia

Apesar disso, a perícia realizada pela Polícia Científica não conseguiu apontar com precisão o que causou a combustão do algodão, mas a investigação indicou que o aquecimento do material sobre o berço térmico e o contato direto com o bebê foram determinantes para o ferimento, explicou o chefe da Polícia Civil. 

A família de José afirma que ele teve o pé queimado enquanto estava em berço aquecedor no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves.
Bebê teve graves queimaduras no pé. Foto à direita mostra como ficou a roupa do recém-nascido Crédito: Arquivo da família

Profissional abalada e em choque

A delegada da DPCA destacou que a técnica de enfermagem ficou bastante abalada no depoimento. Durante o processo de investigação, testemunhas ouvidas também narraram que a profissional entrou em choque quando viu que queimou o bebê — que havia nascido naquele mesmo dia.

"Em todo o interrogatório ela só chorava e assumiu que, na boa intenção de aumentar a temperatura para fazer o exame de glicose, fez essa técnica que diz ter aprendido. Percebi que ela não teve intenção, mas agiu com negligência", avaliou Thais Cruz. 

A prática que a profissional disse ter aprendido não é recomendada pelo Conselho de Enfermagem nem pela rede estadual hospitalar do Espírito Santo. 

A Polícia Civil enviou a conclusão da investigação para o Ministério Público, que deve apresentar denúncia ao Juizado Especial Criminal. "O crime prevê pena de dois meses a um ano de detenção, mas o procedimento pode resultar em acordo de reparação de dano ou outras medidas alternativas", finalizou Arruda.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

Tópicos Relacionados

Investigações

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais