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Publicado em 7 de maio de 2024 às 11:56
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) pediu novas investigações e devolveu para a Polícia Civil o inquérito policial que apura a morte de Manoel de Oliveira Pepino, de 73 anos, após uma discussão por causa de cachorros com o advogado Luis Hormindo França Costa, de 33 anos, autor do tiro que vitimou o aposentado no dia 20 de abril. >
Para A Gazeta, o MPES, por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Vitória, disse que reencaminhou o inquérito à Polícia Civil e requisitou a realização de novas diligências para apuração dos fatos. >
"Em razão disso, e como não havia respaldo legal para manter a prisão cautelar do advogado, o MPES requereu a soltura dele com o cumprimento de medidas cautelares, como entrega de todas as armas que eventualmente possa ter; proibição de frequentar clubes de tiro; e proibição de frequentar qualquer local de comercialização de armas de fogo", declarou o Ministério Público.>
O MPES entendeu não ser necessária a suspensão da atividade de advogado, por não haver relação entre os fatos e o exercício profissional. "Dessa forma, o inquérito policial seguirá em andamento e, após a conclusão, será novamente encaminhado ao MPES, para análise e adoção das medidas cabíveis", informou. >
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Luis Hormindo deixou a prisão após a Polícia Civil entender que houve legítima defesa, concluir o inquérito e encaminhar a conclusão ao Ministério Público. Segundo o advogado do investigado, Leonardo Gagno, o delegado responsável pela investigação opinou pelo "desindiciamento". >
Luis Hormindo terá de cumprir medidas cautelares definidas pela Justiça, como se apresentar ao Fórum uma vez por mês, não portar arma de fogo e não frequentar clubes de tiros.>
Em conversa com A Gazeta, o advogado criminalista Rômulo Almeida explicou que o desindiciamento é quando o delegado desiste ou cancela o indiciamento por entender estarem ausentes os indícios de materialidade e/ou autoria. "Nesse caso em específico, o delegado deverá fundamentar em seu relatório final o motivo de ter chegado a conclusão pela excludente de ilicitude (legítima defesa)", explica.>
"O inquérito policial é dispensável para a propositura de ação penal. O Ministério Público, após receber o relatório final do delegado, pode, a partir daí, pedir mais informações, denunciar assim mesmo ou arquivar o caso. O MP não está vinculado a decisão do delegado", contextualiza.>
O advogado criminalista Rodrigo Horta destaca que desindiciamento é uma declaração feita após analisar as informações colhidas durante o indiciamento, ficando provada a ausência de indícios suficientes da autoria ou participação do delito pelo investigado.>
"O Ministério Público, como Justiça, não está vinculado ao entendimento do delegado na conclusão do inquérito policial, podendo o MP denunciar pessoa que não haja sido indiciada ou mesmo pedir o arquivamento do inquérito por falta de provas para a denúncia. Dessa forma, o inquérito policial não é condição de procedibilidade da ação penal, mas acompanhará a denúncia sempre que servir de base a ela", pontua Horta. >
Luis Hormindo é apontado como o autor do disparo que acertou a cabeça do aposentado Manoel de Oliveira Pepino, de 73 anos, após um desentendimento e troca de tiros entre os dois devido a cachorros na Mata da Praia, em Vitória, em 20 de abril.>
O advogado havia sido conduzido à Delegacia Regional de Vitória e autuado em flagrante por homicídio e por praticar ato de abuso contra cão, uma vez que o animal também foi baleado. No dia seguinte ao crime, passou por audiência de custódia e a Justiça converteu a prisão dele em preventiva. Ele foi transferido, então, para a Penitenciária de Segurança Média 1.>
Em nota enviada na noite de segunda-feira (6), a Polícia Civil informou que o inquérito policial (IP), presidido pela Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, foi concluído e relatado ao Ministério Público Estadual (MPES). Disse ainda que demais informações serão repassadas em momento oportuno e que informações relacionadas a soltura do indivíduo devem ser solicitadas ao MPES e ao Poder Judiciário. >
Nesta terça (7), a Polícia Civil informou que fará uma coletiva de imprensa, às 14h30, para falar sobre a conclusão do inquérito. >
O advogado Leonardo Gagno afirmou que a decisão do Ministério Público foi muito prudente, pois existem provas que precisam ser juntadas para que o promotor possa se manifestar sobre o futuro da investigação. >
A reportagem de A Gazeta tenta contato com os advogados da família do aposentado morto. >
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