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Mal-entendido leva policial a atirar contra carro de padre na Serra

Mal-entendido leva policial a atirar contra carro de padre na Serra

A perseguição começou nas ruas da Serra e terminou no bairro Jardim Camburi, em Vitória. Entenda como tudo aconteceu

Publicado em 21 de agosto de 2020 às 09:24

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DHPP - Polícia Civil
Os envolvidos foram para o Departamento de Homicídios, em Vitória. (Carlos Alberto Silva)

Um mal-entendido acabou em perseguição e tiros envolvendo um policial militar, de 31 anos, e um padre, de 35 anos, no município da Serra, na noite desta quinta-feira (20). As informações foram passadas pela Polícia Civil à reportagem da TV Gazeta.

O soldado da Polícia Militar, que sofreu uma tentativa de homicídio no início desta semana, estava voltando do supermercado com a esposa, quando viu um carro em baixa velocidade próximo da sua residência. Suspeitando que fossem bandidos, ele começou a seguir o veículo pelas ruas de Jacaraípe.

Durante a perseguição, o policial disse ter visto um objeto em movimento dentro do carro e acreditou ser uma arma. Neste momento, de acordo com a Polícia Militar, ele efetuou disparos contra o veículo, que conseguiu fugir. O policial, então, acionou o Ciodes, que montou um cerco eletrônico e localizou o veículo em Jardim Camburi, em Vitória.

Carro em que estava o padre durante perseguição na Serra
Carro em que estava o padre durante perseguição na Serra. (Reprodução / TV Gazeta)

No local, os policiais viram que quem dirigia o carro suspeito era um padre. Ele havia acabado de celebrar uma missa na comunidade de Bairro de Fátima, na Serra, e tinha ido lanchar com um amigo, em Jacaraípe, no mesmo município. Pelo fato de o policial não estar fardado, o padre achou que o veículo que estava o seguindo pudesse ser de bandidos e, por isso, fugiu.

Sobre o objeto visto pelo policial, o padre afirmou que pediu para que o amigo tirasse uma foto do veículo que estava seguindo o carro dele, e o mesmo utilizou o celular para isso.

Todos os envolvidos no caso foram para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, de Vitória, durante a madrugada. Em seguida, o policial e o padre foram levados para a Delegacia de Homicídios da Serra, onde saíram na manhã desta sexta-feira (21), de acordo com informações da TV Gazeta.

O soldado da Polícia Militar afirmou, segundo a TV Gazeta, que não teria atirado. No entanto, após ser novamente demandada pela reportagem da TV Gazeta sobre o assunto, a PM confirmou a versão que confirma os disparos. A reportagem de A Gazeta também demandou a PM, que confirmou, por nota, os disparos. 

A reportagem de A Gazeta demandou a Polícia Civil sobre o caso. Por nota, a PC informou que "as partes envolvidas foram ouvidas e liberadas após prestar esclarecimentos do fato. O caso seguirá sob investigação da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção à Pessoa de Serra. Para que a apuração seja preservada, nenhuma outra informação será repassada".

Delegacia de Homicídios da Serra
Delegacia de Homicídios da Serra. (Reprodução / TV Gazeta)

POLÍCIA MILITAR

A reportagem de A Gazeta procurou a Polícia Militar para saber mais informações sobre o caso. Em um texto longo, a PM informou a versão dada pelo policial e pelo padre após o ocorrido. Veja a nota na íntegra, porém dividida em duas partes. 

PARTE 1

"Na noite dessa quinta-feira (20), policiais militares receberam a informação via Ciodes de que um militar estaria sofrendo uma tentativa de homicídio próximo a sua residência no Bairro das Laranjeiras, Serra.

De posse da informação e sabendo que há três dias o policial e sua esposa teriam sofrido uma tentativa de homicídio na mesma localidade, a equipe se deslocou para o local juntamente com outras viaturas da 14ª Companhia Independente e também do 6º Batalhão. Durante o deslocamento, o Ciodes informou as características do veículo utilizado pelos suspeitos e também que parte do retrovisor quebrou no momento da fuga. Sendo assim, equipes foram para o local do fato, enquanto outras montaram um cerco na tentativa de localizar o veículo.

Em contato com o policial, ele relatou que estava chegando do supermercado, em seu veículo, juntamente com sua esposa, quando percebeu que ao entrar a rua onde mora, um carro passou em lentíssima velocidade na frente da sua casa e com a luz de freio acionada. Segundo o militar, devido ele e sua esposa terem sofrido recentemente uma tentativa de homicídio, ele tentou alcançar o veículo a fim de verificar sua placa, mas como ele estava com sua esposa resolveu não continuar a aproximação ao veículo, mudando assim rua rota e parando em um posto de gasolina. Após calibrar o pneus, o casal foi em direção a sua casa, mas ao chegar na entrada da rua percebeu o mesmo veículo parado embaixo de uma árvore, em uma esquina escura com visão direcionada para a residência.

Diante do fato, o militar pediu que sua esposa desembarcasse e fosse para dentro de casa. Já o militar contornou com veículo o quarteirão onde mora e parou a uma distância que dava para visualizar a placa do veículo suspeito e anotou a placa. Ele não visualizou ninguém dentro do automóvel por conta de dos vidros possuírem uma película escura.

Após anotar a placa, o policial continuou dando a volta no quarteirão buscando retornar a sua casa. Quando chegou na rua da sua casa ficou de frente com o veículo, que já estava em movimento, e que ao ver o carro do militar o condutor freou bruscamente. Em ato contínuo, passou um ônibus entre os dois veículos e o militar resolveu acelerar acompanhando o ônibus, ao olhar em seu retrovisor percebeu que o veículo suspeito estava o acompanhando.

Com isso, o policial fez uma conversão em direção a orla de Jacaraípe com o intuito de desvencilhar do veículo, mas o mesmo continuou a segui-lo em alta velocidade, com isso ele retornou na altura da Rua Goitacases para Abdo Said e o veículo continuou a segui-lo, novamente o militar pegou sentido orla e aumentou sua velocidade, e mesmo assim o veículo não parava de segui-lo.

Então na Avenida Nossa Senhora dos Navegantes o militar parou seu carro e desembarcou armado e portando seu colete da PMES, e verbalizou dizendo que era policial militar, determinando que os ocupantes do veículo parassem e desembarcassem com as mãos para o alto, porém, o veículo continuou em movimento. O militar se abrigou próximo a um poste e motorista do veículo colocou sua mão para fora apontando um objeto de cor escura na direção do policial, que por parecer uma arma de fogo efetuou dois disparos em direção ao veículo.

Mais uma vez, o militar verbalizou mais uma vez, dando ordem para que os ocupantes do veículo parassem e desembarcassem. Neste momento, o motorista do carro realizou uma manobra brusca e o policial efetuou mais dois disparos em direção ao veículo. Com isso o condutor então engatou marcha ré, pulou a calçada, bateu o lado do motorista no poste e fugiu do local, tomando destino ignorado.

O militar, então, retornou para seu carro e prosseguiu até sua residência para verificar se sua esposa estava bem. Chegando no local, ele encontrou com um policial, pois sua esposa havia feito contato com ele pedindo ajuda.

Este militar então fez contato com o Ciodes e solicitou apoio das guarnições do setor. O patrulhamento foi realizado com o objetivo de localizar o veículo suspeito, até que o Ciodes informou que o veículo teria acabado de passar no cerco eletrônico na Avenida Norte Sul, sentido Jardim Camburi. Com esta informação as guarnições da 14ª Companhia Independente, 6º Batalhão, 12ª Companhia Independente e 1º Batalhão realizaram um cerco e conseguiram abordar o carro próximo ao Shopping Norte Sul."

PARTE 2

"Após abordagem, o motorista do veículo relatou aos militares que era padre e que estaria celebrando uma missa no Bairro de Fátima. Que saiu da igreja por volta das 21 horas, e juntamente com um amigo foram até a região de Jacaraípe lanchar, sendo que de início pararam no Subway por volta de 21h50. De acordo com o padre, o veículo ficou estacionado na lateral do posto de gasolina que tem de frente a lanchonete. Posteriormente eles foram para a esquina da Rua Timbiras para comprar açaí, e após a compra, atravessaram a rua para comer o açaí. Ao passar a primeira rua perceberam que um carro passou e parou no cruzamento das ruas, e ele achou suspeito, pois o veículo demorou para seguir destino, com isso ele resolveu continuar na Rua Timbiras e posteriormente virar à direita, quando percebeu que o carro então entrou na Rua Timbiras, mesma direção onde estava seu veículo.

Nesta rua, a direita, o padre disse que reduziu a velocidade de seu veículo para verificar se o outro carro seguia direto na rua, porém virou na mesma rua em que ele havia entrado, assim ele virou novamente a direita e parou em um semáforo, que estava fechado para ele, então o carro que o seguia virou a esquerda sentido Nova Almeida. Achando que o carro já não estava mais o seguindo, o padre retornou para Rua Timbiras próximo ao açaí. Enquanto tomava o açaí, dentro do próprio veículo, o padre percebeu que um carro com farol alto parou atrás, no entanto ele não se preocupou, porém ao visualizar o veículo dando marcha ré percebeu que era o mesmo carro que, em sua visão teria o seguido momentos atrás. Sendo assim, ele achou estranho e resolveu sair do local. Ao chegar na esquina da Rua Abdo Said com Timbiras viu que o veículo estava parado no local, e os dois automóveis ficaram por alguns instantes esperando uma decisão um do outro, porém ele não conseguia ver quem estava no interior do outro carro.

Segundo o padre, outros automóveis passaram pelo local, mas o outro carro não. Ao passar um ônibus percebeu que o outro veículo arrancou juntamente com o coletivo e então o padre resolveu seguir o carro a fim de anotar sua placa. Ao chegar na orla da praia, viu o carro parado e o motorista andando sem sua direção efetuando disparos contra seu veículo. De acordo com o padre, seu amigo estava com celular levantando com a finalidade de tentar fotografar a placa do veículo, e ele ao ver que o outro motorista efetuava disparos contra seu veículo abaixou o aparelho e levantou suas mãos. Como não percebeu que se tratava de um policial, engatou marcha ré, vindo a subir em uma calçada e batendo seu retrovisor em um poste, conseguindo sair do local.

Após sair do local, o padre fez contato com o Ciodes e foi informado que já teria uma ocorrência gerada com as mesmas informações.

Com isso seguiu pela ES 10 e entrou na Avenida dos prédios da Construtora Rossi, e ao retornar verificou que um veículo com as mesmas características o seguia novamente e entrou no bairro Feu Rosa, saindo na Rua do Boulevard Lagoa, prosseguindo para Morada de Laranjeiras, onde parou seu veículo e verificou se havia alguma marca de tiro. Ao ver que nenhum disparo havia acertado seu carro, deixou seu amigo em casa e seguiu para sua residência no bairro Jardim Camburi, onde foi abordado pelas viaturas.

Todos os envolvidos foram conduzidos para a 3ª Delegacia Regional", finaliza a nota.

Com informações de Daniela Carla, da TV Gazeta

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