Publicado em 1 de abril de 2023 às 17:48
O 1º de abril é conhecido como o Dia da Mentira. Apesar da diversão que a data até permite em certas ocasiões, existem algumas brincadeiras que não têm nada de engraçado. E essas mentiras pode virar até caso de polícia.>
O Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), da Polícia Militar do Espírito Santo, é um alvo constante de "pegadinhas" mentirosas. Para se ter ideia, a central recebe uma média de 500 trotes todos os dias. >
"A gente tem recebido basicamente três tipos de trotes. Um é feito por crianças, que não têm muito conhecimento, que é quase uma brincadeira sem muita implicação para o serviço. O outro tipo é com pessoas com algum tipo de deficiência mental. O terceiro diz respeito a trotes obscenos", diz coronel André Có, subsecretário de Estado de comando e controle da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp).>
Apenas de janeiro a 25 de março deste ano, foram mais de 42 mil trotes feitos ao Ciodes, resultando numa média mensal de 14 mil ligações, ou cerca de 500 todos os dias. O número é muito maior do que o mesmo período de 2022, quando em três meses foram registrados 34.453.>
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A central é usada para a população pedir ajuda. São policiais militares, civis e rodoviários, além da Guarda de Vitória, Bombeiros e profissionais da Secretaria de Justiça e do Iases que atuam juntos e mandam o carro da polícia para os atendimentos.>
Mas quando as ligações ficam "ocupadas" com falsas ocorrências, muitas pessoas deixam de ser atendidas.>
"Esses trotes que não têm uma implicação tão grave no serviço tomam tempo de uma atendente do call center, por exemplo. E nesse momento que a pessoa está atendendo um trote talvez tenha alguém tentando ligar e não encontra ramal disponível. Isso é um complicador", falou o coronel.>
Apesar de não ser nada engraçado, em alguns casos os trotes viram caso de polícia.>
Recentemente, um jovem de 18 anos, que trabalha em um escritório de advocacia, foi indiciado por denunciação caluniosa após ter o veículo fechado no trânsito em Vitória. De acordo com a polícia, o jovem ligou para o 190, apresentou-se com um nome falso e disse que os dois homens que estavam dentro do carro que o fechou saíram do automóvel armados, cometeram um assalto e depois fugiram.>
"O que causa preocupação para a gente, e tem um número muito reduzido, são trotes que fazem informações falsas de crime. Isso é crime. Está escrito no Código Penal", disse o coronel.>
Na ocasião, segundo o delegado titular da Polícia de Vila Velha Guilherme Eugênio Rodrigues, após o acionamento do jovem, quatro equipes policiais foram deslocadas para ir atrás do veículo com os homens que tinham realizado o suposto assalto.>
Durante a operação, foi constado que o automóvel era, na verdade, um carro descaracterizado que pertencia à Guarda Municipal de Vila Velha.>
Quando as equipes conseguiram localizar o veículo apontado pelo jovem e fazer a abordagem, os homens disseram, segundo a polícia, que não sabiam o que estava acontecendo e que a culpa poderia ser de um motociclista que eles tinham xingado na Segunda Ponte.>
Segundo a polícia, enquanto ainda realizava a abordagem, um soldado chegou a refazer o contato com o ajudante de escritório de advocacia, por telefone, que voltou a confirmar o assalto.>
De acordo com o delegado, o jovem foi identificado por meio das ligações ao Ciodes. A polícia conseguiu comprovar a autoria do crime, concluindo o caso no dia 17 de março e encaminhando para o Ministério Público.>
"Esse infrator de 18 anos foi indiciado pelo crime de denunciação caluniosa e pode ser punido com três a nove anos de prisão nessa forma mais grave", disse Guilherme Eugênio.>
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