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Caso Maya: mãe é presa três meses após criança ser encontrada morta em casa no ES

Caso Maya: mãe é presa três meses após criança ser encontrada morta em casa no ES

Pai da criança está preso desde maio e teve a prisão mantida; Segundo o MPES, Maya, de apenas um ano, sofria diversas agressões e era torturada constantemente pelos familiares

João Barbosa

Repórter / [email protected]

Publicado em 23 de agosto de 2025 às 20:46

 - Atualizado há 4 meses

Eliana Aparecida Simôr Pereira foi presa três meses após a morte da filha Maya (destaque)
Eliana Aparecida Simôr Pereira foi presa três meses após a morte da filha Maya (destaque) Crédito: Bernardo Bracony

A mãe de Maya Simor Pereira, — bebê encontrada morta com lesões no corpo em maio deste ano, em Cariacica, quando tinha apenas 1 ano de idade, — foi presa na sexta-feira (22) após cumprimento de um mandado de prisão preventiva. Segundo a denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), Eliana Aparecida Simor Pereira, de 19 anos, é apontada como suspeita de homicídio qualificado, com as qualificadoras de motivo fútil, tortura e impossibilidade de defesa da vítima. Quando for julgada, há ainda possibilidade de aumento da pena da mulher, considerando que Maya era menor de 14 anos.

O companheiro de Eliana, Thiago Colodino Barcelos, pai de Maya, foi preso ainda em maio, um dia depois da morte da bebê, após se entregar à polícia e assumir a autoria da ocorrência. Segundo o MPES, ele vai responder pelos mesmos crimes que Eliana.

A decisão que determinou a prisão de Eliana e a manutenção da detenção de Thiago destaca que o crime contra Maya foi de “extrema relevância e periculosidade”. O texto, despachado pela juíza Eliana Ferrari Siviero, aponta ainda que a mãe da bebê presenciava agressões praticadas pelo pai contra a neném, “mas não impedia que a mesma passasse pelas torturas praticadas, sendo conivente com todas as agressões sofridas e, quando era confrontada [por terceiros], mentia para proteger Thiago”.

A denúncia ainda revela que a bebê era castigada desde os seis meses de vida e chegou a ter um dos braços quebrados em uma das agressões, sendo que os pais só a levaram ao hospital uma semana depois. Maya ainda tinha a higiene básica negligenciada, pois sempre era vista suja de fezes e de urina.

Na descrição dos autos, que a reportagem de A Gazeta teve acesso, consta que, no dia do crime, Thiago ficou responsável por alimentar a filha, ao passo que, após uma crise de choro da criança, ele a agrediu e a arremessou violentamente sobre a cama, deixando-a à própria sorte. Ainda segundo os autos, Eliana estava na residência e ouviu toda a agressão, no entanto, só foi verificar o estado de Maya horas depois, encontrando-a já morta.

De acordo com a Secretaria da Justiça (Sejus), Eliana está detida no Centro Prisional Feminino de Cariacica e Thiago segue preso no Centro de Detenção Provisória de Marataízes.

Relembre o caso

Maya Simor Pereira, de um ano, encontrada morta com sinais de agressão em Cariacica
Maya Simor Pereira, de um ano, encontrada morta com sinais de agressão em Cariacica Crédito: Acervo familiar

Em maio, Maya foi encontrada morta no bairro Porto de Cariacica, em Cariacica. Na época, Eliana Aparecida alegou que alimentou a filha com uma mamadeira e a colocou para dormir e, horas depois, percebeu que a menina não respirava.

À Polícia Militar (PMES), a jovem relatou que estava em casa com o marido e o sogro, mas que saiu com o esposo durante a tarde. Após notar que a criança não reagia, o avô acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu/192), que confirmou o óbito e identificou sinais de violência no corpo da vítima. A perícia da Polícia Científica foi acionada.

A mãe e o avô foram levados para a Delegacia Regional de Cariacica. O pai da bebê não foi localizado, mas, um dia depois, se apresentou na unidade e confessou o crime (leia mais aqui).

Após a morte de Maya, a Polícia Civil chegou a informar que a mãe foi ouvida e liberada, por não haver elementos que justificassem prisão em flagrante. Na época, uma tia da bebê contou à reportagem que a mãe da criança relatou em depoimento que seu companheiro batia na filha desde que ela tinha sete meses e também chegou a agredi-la em algumas ocasiões e que ela não teria relatado por medo dele.

Eles moravam em Cariacica, próximos da família há poucos meses, sendo que antes viviam no interior de Santa Leopoldina, na Região Central Serrana do Espírito Santo.

Nota do MPES

O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Cariacica, informa que a Justiça recebeu a denúncia oferecida contra um homem e uma mulher pelo homicídio qualificado da filha de um ano, ocorrido em maio de 2025, em Cariacica.

 Na decisão, a Justiça determinou a manutenção da prisão preventiva do pai e decretou a prisão preventiva da mãe, diante da gravidade dos fatos e dos indícios de autoria e materialidade. 

 Ambos respondem por homicídio qualificado com as qualificadoras de motivo fútil, tortura, emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima e crime cometido contra menor de 14 anos, com aumento de pena por se tratar de ascendente. O processo seguirá para instrução, e os acusados serão submetidos a julgamento pelo Tribunal do Júri.

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