Publicado em 12 de maio de 2022 às 13:08
Para a Polícia Civil não restam dúvidas: o vereador Waldeir de Freitas (PTB) foi o mandante do assassinato do ativista político Jonas Soprani, morto a tiros em junho do ano passado em Linhares, no Norte do Espírito Santo. Desde a última semana, o parlamentar é considerado foragido. Além da constatação do mandante, as investigações mostraram que um amigo do vereador, Cosme Damasceno, ajudou a dupla de atiradores que atuaram no crime. O homem é considerado um dos intermediadores, entre quem mandou e quem executou.>
O carro utilizado na fuga foi identificado a partir de imagens de segurança nas imediações do local onde aconteceu o crime. A Polícia Civil também conseguiu rastrear o celular de Damasceno para obter referências da localização. O veículo foi encontrado 12 dias depois, em Cariacica. Chamou a atenção dos investigadores que ao lado dele estava um outro carro branco com brasão da Câmara de Vereadores de Linhares. >
A pedido da Polícia Civil, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) abordou o carro. Segundo o delegado Tiago Cavalcante, da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e responsável pelas investigações, dentro do veículo estava o vereador. “Conseguimos registrar isso, os dois carros, um do lado do outro. Eles se dirigiram à casa de Cosme Damasceno”, revelou em entrevista ao repórter Eduardo Dias, da TV Gazeta Norte.>
Segundo as investigações, o crime teve como mandante o vereador. Atuaram dois intermediários: Cosme Damasceno, que é amigo do político, e tem ligações com o tráfico de drogas - de acordo com a polícia-, e Genebaldo da Fonseca, que atualmente está preso.>
>
Houve dois atiradores: Jhulian Alves de Souza e José Natalino dos Santos. O primeiro deles foi morto em um confronto com a PM no ano passado. O outro está preso em Linhares. Após o crime, os atiradores fugiram e entraram no carro dirigido por Damasceno, segundo a polícia.>
Preso no ano passado, Waldeir foi colocado em liberdade. A Justiça expediu um novo mandado de prisão na última semana contra o vereador, que até o momento não se apresentou à delegacia e está foragido.>
Cosme Damasceno também foi preso e confessou ter participado do crime. Ele, que foi solto em agosto do ano passado, também é procurado pela polícia, tendo mandado de prisão aberto desde dezembro de 2021. Em depoimento, ele já relatou para a polícia que agiu para beneficiar Waldeir. “Ele confessa que fez isso para beneficiar o Waldeir de Freitas e que reportou o crime depois de ser realizado. Ele deixou bem claro que fez isso por conta de Waldeir de Freitas”, contou o delegado. >
A Polícia rastreou os sinais dos celulares de Waldeir de Freitas e Cosme Damasceno. O relatório apontou que uma hora antes do crime os aparelhos do vereador e de Cosme estavam na mesma localização, em uma avenida do bairro Interlagos. Cosme ainda voltou ao local logo depois de Jonas Soprani ser baleado. O trajeto todo também foi confirmado por câmeras de segurança.>
“Ele (Cosme) chegou a confessar que foi uma falha dele. O celular deveria ter ficado no bar, para garantir o álibi que ele estava lá. Em um ato falho, ele saiu e levou o celular. Ele foi realizar o crime e depois voltou (onde estava com o vereador)”, constatou o delegado. >
Segundo Tiago Cavalcante, o vereador teria demonstrado frieza após o crime. Waldeir ainda procurou a família do ativista político para oferecer ajuda. >
O delegado Tiago Cavalcante disse que o crime teve viés político. “Foi um crime de mando, com viés político. Jonas Soprani era um indivíduo que trazia dificuldades para alguns vereadores, por causa do papel dele de informar a população, de cobrar. Ele tinha uma participação política muito ativa aqui”, falou Cavalcante.>
A reportagem da TV Gazeta Norte procurou a defesa do vereador, que preferiu não se manifestar. Caso a defesa de algum dos citados na matéria queira se manifestar, o espaço está aberto. >
Segundo a Câmara Municipal, Waldeir de Freitas se ausentou das últimas duas sessões ordinárias, realizadas às segundas. Na primeira, no dia 2, o parlamentar apresentou um atestado médico como justificativa. No dia 9, ele ainda não apresentou o motivo para não estar presente.>
No Regimento Interno da Câmara não há sanção automática específica para o caso de vereador declarado como foragido da Justiça.>
A Câmara também informou, por nota, que o vereador pode perder o mandato automaticamente se não comparecer à terça parte das Sessões Ordinárias do ano, conforme está previsto na Lei Orgânica do município, salvo se estiver em licença ou missão autorizada pela Câmara.>
Com informações de Eduardo Dias, da TV Gazeta Norte>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta