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Qualidade da água do balneário de Manguinhos preocupa moradores

Qualidade da água do balneário de Manguinhos preocupa moradores

Moradores reclamam do mau cheiro e coloração da água da praia, além do aparecimento de peixes mortos nos córregos do balneário; Prefeitura da Serra, Iema e Cesan estão cientes do problema e buscam solução

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 17:59

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Peixes mortos são encontrados em córrego do Balneário de Manguinhos
Peixes mortos são encontrados em córrego do Balneário de Manguinhos. (Internauta )

A situação encontrada nos rios e córregos que deságuam no mar do balneário de Manguinhos, na Serra, tem chamado a atenção e preocupado moradores, banhistas e turistas que frequentam o local.  A coloração escura percebida na água da praia da “Chaleirinha”, na manhã da última sexta-feira (25), e o aparecimento de peixes mortos no córrego Maringá, há cerca de uma semana,  são algumas das situações que aconteceram e despertaram dúvidas com relação à qualidade da água da região. 

Segundo o morador Matheus Pereira Carvalho, de 21 anos, que mora no balneário desde que nasceu, a situação é preocupante e gera impacto para quem frequenta as praias. “Sempre vou caminhar pela praia, mas dessa vez não pude deixar de notar a cor escura e o cheiro forte que estava na água. É muito triste ver a praia nessa situação, alguns falam que se trata do esgoto que é jogado no local, mas estamos muito preocupados com a intensidade, nem sabemos a real procedência do problema”, afirma.

VEJA O VÍDEO: 

A outra situação nas águas do balneário que preocupa quem vive no local foi registrada na última semana pela nutricionista Kelly Amichi, de 54 anos, que mora em Manguinhos há 16 anos. Nas imagens enviadas para A Gazeta, é possível visualizar a presença de muitos peixes  boiando em um dos córregos que atravessa Manguinhos, identificado como "córrego Maringá". Observe que a água do córrego também está turva. 

A moradora  relatou que, com o passar dos anos, o córrego deixou de ter o aspecto limpo e assumiu outra tonalidade, mas há cerca de três semanas começou a notar que os peixes estavam aparecendo na superfície. “Fiquei preocupada com a situação, assim como com o forte odor, que estava presente até mesmo dentro de casa. Com isso, compartilhei a história no grupo de moradores e todos começaram a se mobilizar na tentativa de saber o que está acontecendo com a água”, ressaltou.

De acordo com o presidente da Associação de Moradores do bairro, Guilherme Lima, o problema da poluição na região já existe há mais de 20 anos. Para ele, a falta de fiscalização do poder público em identificar os principais pontos de despejo é um dos principais problemas. “Queremos uma resposta para a poluição das águas que atinge o bairro, a prefeitura fez uma coleta em um dos rios e até hoje não temos os resultados. Não podemos ver os peixes boiando nos rios, o mau cheiro constante em nossas águas ou a coloração escura na praia”, destaca.

Guilherme também acrescenta que algumas reuniões chegaram a ser realizadas entre a Associação de Moradores do bairro e os órgãos competentes. Os moradores pediram a ligação de todas as casas ao redor do balneário na rede de esgoto, para que cenas de despejo de resíduos não aconteçam mais. Apesar disso, os moradores afirmam que nunca tiveram uma resposta.

VISTORIAS DA PREFEITURA 

Procurada, a Prefeitura da Serra informou, por meio de nota, que após receber denúncias de moradores que avistaram peixes mortos na lagoa e no córrego Maringá, a equipe de fiscalização da Secretaria de Meio Ambiente (Semma) fez uma vistoria na concessionária de saneamento Ambiental Serra, que é a responsável pela estação de tratamento do esgoto que é tratado e, em seguida, deságua no córrego Maringá.

De acordo com a secretária de Meio Ambiente do município, Áurea Almeida, os afluentes possuem matéria orgânica e nutrientes e o processo de decomposição deles contribui para a redução do oxigênio na água, o que pode ocasionar a morte dos peixes. “Ao fazermos análise no nível de oxigenação da água foram constatados níveis baixos, bem menores que os encontrados em outras medições. Isso, entre outros motivos, indica que os peixes possam ter morrido asfixiados", alegou.

Ainda de acordo com a Prefeitura, a empresa foi notificada a realizar a análise da água da lagoa, bem como apresentar o relatório e o resultado laboratorial do estudo para a Semma. Após a análise, foi constatado o funcionamento inadequado da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) devido ao baixo nível de oxigenação da água. Em função disso, a empresa responsável pela estação, a concessionária de saneamento Ambiental Serra, foi multada em R$ 330 mil. A concessionária ainda pode recorrer da decisão e foi notificada para apresentar novos resultados referentes a novas análises da água.

IEMA 

Demandado, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), órgão responsável pelo licenciamento e fiscalização das Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) do Estado, informou que está ciente do ocorrido referente à qualidade da água no local e irá, dentro do processo de licenciamento, adotar as medidas cabíveis e demais sanções pertinentes ao controle ambiental da atividade.

CESAN 

Cesan, por meio de nota, informou que após ser notificada da ocorrência de peixes mortos no Córrego Maringá, uma equipe técnica esteve no local no dia 17 de setembro e, ao identificar a presença de um resíduo oleoso, acionou a Polícia Ambiental e a Prefeitura da Serra, solicitando uma vistoria no local. “Na presença dos fiscais da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, foi realizada a coleta da amostra da água e, no dia 25 do mesmo mês, o resultado comprovou a presença de resíduos químicos de óleo acima do normal”, ressaltou a empresa.

Ainda de acordo com a companhia, a identificação do emissor responsável pelo lançamento compete a Prefeitura da Serra. 

A empresa não deu um posicionamento sobre a água escura localizada na praia, mas ressaltou que mais de 21 mil imóveis na Serra têm rede de esgoto disponível passando na porta, faltando apenas que o morador ligue o imóvel na rede, para que assim, o esgoto seja coletado e tratado.

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