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Pacientes que usam Reuquinol não acham remédio em farmácias do ES

Pacientes que usam Reuquinol não acham remédio em farmácias do ES

Medicamentos estão sendo comprados sem recomendação médica por pessoas que acreditam que o medicamento combate o coronavírus, impedindo o tratamento de quem realmente precisa do remédio

Publicado em 20 de março de 2020 às 12:56

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Coronavírus (covid-19). (CDC/ Unsplash)

Após o presidente americano, Donald Trump,  dizer na quarta-feira (19) que a hidroxicloroquina pode ter eficácia contra o coronavírusapesar da falta de evidências científica robustas, medicamentos que têm essa substância como princípio ativo, como o Reuquinol, sumiram das farmácias do Espírito Santo

A sua procura cresceu tanto nas redes de farmácias tradicionais quanto nas de manipulação. No entanto, o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo (CRF-ES), Luiz Carlos Cavalcanti, reforça que não há estudo conclusivo que comprova o uso desse medicamento para o tratamento da doença. Ele alerta ainda para que  o medicamento não seja comprado sem recomendação médica, para o Reuquinol não faltar a pacientes que precisam continuar o tratamento de doenças com ele. 

Atualmente, o medicamento é usado para pacientes que fazem tratamento de artrite, lúpus e doenças autoimunes. O profissional acrescenta que o medicamento pode trazer vários efeitos colaterais como perda da visão e lesões da medula óssea. “O medicamento tem reações adversas e não tem garantia que pode prevenir o contágio”, contou.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu comunicado alertando sobre o uso das substâncias hidroxicloroquina e cloroquina. Segundo o órgão, "não há estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento do coronavírus. Assim, não há recomendação da Anvisa, no momento, para uso em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação". A Anvisa ressalta ainda que a automedicação pode representar um grande risco para a saúde.

Anvisa alerta sobre uso de medicamentos hidroxicloroquina e cloroquina. (Reprodução/Anvisa)

A professora de química Talita Galvão usa o Reuquinol há sete anos para tratar um problema nas articulações. Ela teve dificuldade de encontrar o medicamento nas farmácias na Serra.

“Tentei comprar em duas farmácias 24 horas em Laranjeiras e não tinha. Em outra o atendente disse que o estoque acabou em toda Grande Vitória. Em todos os estabelecimentos, eles relataram que o remédio acabou porque as pessoas estão comprando para combater o coronavírus. Somente em uma farmácia no Bairro de Fátima (Serra) consegui encontrar”, relatou.

VENDA 

Para tentar inibir a venda desse medicamento na farmácia, o CRF-ES pode punir farmacêuticos que venderem o medicamento sem receita médica, que podem receber desde advertência a suspensão do registro profissional.

“O momento é de conscientizar as pessoas, mas outras medidas poderão ser tomadas. Precisamos controlar a venda do medicamento para que não falte a quem precisa. Algumas distribuidoras já pararam de ofertá-lo para as farmácias”, esclareceu Cavalcanti.

O médico intensivista e professor de medicina Adenilton Rampinelli acrescenta que também não há recomendação do Ministério da Saúde contra o Covid-19 e aconselha que as pessoas não façam seu uso com esse objetivo. Para ele, a forma mais eficaz de prevenção continua sendo o isolamento, ou seja, evitar contato com o máximo de pessoas ficando em casa. "Diante de uma pandemia, o mais importante é a mudança de comportamento e aderir ao isolamento social”, concluiu.

PESQUISA

Segundo Adenilton, estão sendo desenvolvidas pesquisas na China e na França que mostram o benefício da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes graves de Covid-19, mas ainda não há nada conclusivo sobre sua eficácia na prevenção e no tratamento desses pacientes.

“O remédio é usado para o tratamento da malária desde os anos 1930. E também se mostrou eficaz contra a Sars, uma doença respiratória aguda que ocorreu no Oriente Médio. Mas não há nada conclusivo sobre sua eficácia contra a Covid-19”, explicou.

Ele acrescentou que um estudo publicado por cientistas chineses na revista científica Nature mostra que o medicamento se mostrou capaz de inibir a infecção porque muda o PH da célula e evita que o vírus passe para outra.

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Outro estudo feito na França publicado no periódico científico International Journal of Antimicrobial Agents mostra também um resultado positivo. Nesse estudo, o uso do medicamento foi feito associado ao antibiótico azitromicina.

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