Publicado em 10 de fevereiro de 2021 às 10:55
- Atualizado há 5 anos
Já antecipando o fim do auxílio emergencial, que viria no mês seguinte, as vendas do comércio perderam fôlego no Espírito Santo após sete meses consecutivos de crescimento, e encerraram dezembro com queda de 1,5% ante novembro, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). >
A queda, entretanto, não é tendência exclusiva do Estado. Em 25 estados, e no Distrito Federal, o movimento do varejo despencou no final de 2020. Somente no Amapá não houve variação. No país, o volume de vendas do comércio varejista caiu 6,1% frente a novembro.>
Apesar do freio, nas demais bases de comparação, o desempenho do varejo em território capixaba foi positivo. Na comparação com dezembro de 2019, por exemplo, o avanço do comércio varejista ficou em 11,4% no mês. >
Já no acumulado do ano, as vendas do comércio no Estado cresceram 4,6% – quase quatro vezes mais que a média nacional, que foi de 1,2%, e o sétimo maior crescimento do Brasil.>
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Ao longo do ano, quase todos os segmentos apresentaram crescimento. O bom resultado geral é puxado, principalmente, pelas vendas de hipermercados e supermercados, que expandiram 11,8% entre janeiro e dezembro, sob influência do isolamento social, que levou as famílias a cozinharem mais, fosse por necessidade, ou como um novo hobby. O auxílio emergencial, que tirou muitas famílias da pobreza extrema, também contribuiu para expansão do movimento nesse segmento.>
Já as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo dispararam 9,3% no período. Na sequência, vem os artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, cuja procura aumentou em 4,8% em meio à crise sanitária do coronavírus.>
A busca por equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação também cresceu, e registrou alta de 4,6% em 2020, quando milhares de profissionais aderiram ao trabalho em home office em função da pandemia.>
As vendas de eletrodomésticos (2,7%), bem como tecidos, vestuário e calçados (1,4%) também apresentaram variação positiva no ano.>
Por outro lado, a procura por livros, jornais, revistas e papelaria (18,9%), combustíveis e lubrificantes (-9,1%), móveis (-6%), bem como outros artigos de uso pessoal e doméstico (-5,5%) diminuiu no ano.>
No índice que avalia as vendas do comércio varejista ampliado, o Espírito Santo apresentou queda de 4,7% em dezembro, na comparação com o mês anterior. O dado agrega aos índices do varejo, as atividades de vendas de veículos, motocicletas, partes e peças e de materiais de construção, que incluem o ramo atacadista. >
Nas demais bases de comparação, o resultado é positivo. Na comparação com dezembro de 2019, por exemplo, o varejo ampliado cresceu 10,3% no Estado. Já no acumulado entre janeiro e dezembro, o aumento foi de 4%.>
O bom desempenho é puxado especialmente pelas vendas de materiais de construção, que aumentaram e 59,5% ao longo de 2020, sob efeito do aumento de reformas e até mesmo grandes obras, movidas pela queda de juros no mercado imobiliário. Já as vendas de veículos, motocicletas, partes e peças tiveram queda de 4,9% no ano. >
Segundo o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, o resultado geral do ano, diante da magnitude da crise enfrentada, é positivo. O varejo, afinal, conseguiu contornar os prejuízos vivenciados no primeiro semestre, quando, por dois meses, o comércio precisou fechar as portas em função de restrições às atividades, em função da pandemia. >
“As famílias tiveram a renda afetada e, por alguns meses, tivemos um represamento de vendas. Mas, conseguimos recuperar as perdas. Nos meses de outubro e novembro, particularmente, o faturamento, inclusive, superou o esperado. Isso se refletiu também na arrecadação tributária do governo. Então, a queda de dezembro tornou-se compreensível”, observou.>
Outro ponto destacado é o fim do auxílio emergencial, que, segundo Sepulcri, contribuiu para as vendas diminuíssem justamente no mês que, habitualmente, as vendas ganham força com as festas de fim de ano.>
“A expectativa que se tinha no final do ano era da não renovação do auxílio emergencial, que era uma pequena ajuda aos menos favorecidos, mas que teve um grande impacto no varejo. Isso criou uma cautela da população. Se você não vai ter dinheiro no mês seguinte, segura um pouco os gastos, compra só o essencial. Agora o governo já fala em retomar a ajuda, mas, se acontecer, virá em moldes infinitamente menores. Contudo, acredito que nos próximos meses, a situação deve melhorar um pouco, agora que as eleições do Congresso já passaram, e as pautas econômicas devem voltar a caminhar.”>
Em dezembro de 2020, o volume de vendas do comércio varejista nacional recuou 6,1% frente a novembro. Foi o segundo mês seguido de quedas. Na comparação com dezembro de 2019, o aumento foi de 1,2%. No acumulado no ano, o varejo nacional também cresceu 1,2%. >
No varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção, o volume de vendas caiu 3,7% em dezembro, na comparação com o mês anterior. Em relação a dezembro de 2019, a alta foi de 2,6%. Entretanto, o resultado do segmento no acumulado do ano no país ainda é negativo, com retração de 1,5%.>
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