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Arthur Gerhardt: homenagem para lá de merecida

O ex-governador Arthur Carlos Gerhardt Santos, de 97 anos, recebeu uma comenda do ES em Ação. Ele foi um dos principais articuladores da industrialização do Espírito Santo

Vitória
Publicado em 13/12/2025 às 03h00
Arthur Carlos Gerhardt Santos discursa em evento do ES em Ação
Arthur Carlos Gerhardt Santos discursa em evento do ES em Ação. Crédito: Divulgação/ES em Ação

O engenheiro Arthur Carlos Gerhardt Santos, nascido há 97 anos, em Domingos Martins, Região Serrana do Espírito Santo, tem lugar cativo na história do Espírito Santo. Principalmente na história econômica. Na última quinta-feira (11), ele foi homenageado com a Comenda Protagonista Inspirador, concedida pelo movimento empresarial Espírito Santo em Ação em reconhecimento à sua contribuição para o desenvolvimento capixaba. Uma homenagem, diga-se, para lá de merecida.

O ex-governador Arthur Gerhardt, entre 1971 e 1975, indicado pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, foi fundamental em um dos períodos mais complicados da economia do Espírito Santo: os anos seguintes à grande erradicação dos cafezais. Na década de 1960, o governo federal implantou uma política para reduzir a produção de café no Brasil. Os objetivos eram, em resumo, três: cortar o excedente que desvalorizava o então principal produto do agronegócio brasileiro, melhorar a qualidade da produção e incentivar outras atividades econômicas. O Espírito Santo, com uma economia essencialmente agrária e cafeeira, tinha uma produção de baixa qualidade e foi um dos principais impactados. Mais da metade das áreas de café do Estado foram erradicadas.

O impacto econômico e social foi enorme. Centenas de milhares de pessoas ficaram sem a sua principal atividade de sustento. O que fazer? Foi aí que surgiram os grandes projetos industriais do Espírito Santo, turbinados por benefícios como Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias) e Funres (Fundo de Recuperação Econômica do Estado do Espírito Santo). As digitais de Doutor Arthur estão em todas essas iniciativas.

Ele foi o primeiro presidente do Bandes (Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo), em 1967, quando ainda chamava-se Companhia de Desenvolvimento do Espírito Santo, criado para ser o instrumento de revitalização da economia capixaba. A partir daí vieram, nos anos 1970, as implantações da Realcafé (primeira indústria de café solúvel do Espírito Santo), Aracruz Celulose (hoje Suzano), Samarco e, já nos anos 1980, da Companhia Siderúrgica de Tubarão (hoje ArcelorMittal). Arthur Gerhardt, presidiu Realcafé e CST (foi o primeiro presidente das duas) e, depois de deixar o governo estadual, foi diretor da Aracruz. Todos esses projetos foram fundamentais na guinada capixaba de uma economia agrária (e muito pobre) para uma economia industrial, de maior complexidade.

Arthur Carlos Gerhardt Santos é homenageado pelo ES em Ação
Arthur Carlos Gerhardt Santos é homenageado pelo ES em Ação. Crédito: Divulgação/ES em Ação

"Nada foi fácil. Me lembro que os norte-americanos não quiseram nos dar crédito para colocar de pé a Aracruz Celulose. Não acreditaram. Voltei de lá desanimado, mas felizmente tínhamos capixabas de muito valor no governo federal. Marcos Vianna, no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), e Ernane Galvêas, no Banco Central. O BNDES entrou com o recurso necessário para conseguirmos colocar a Aracruz para funcionar. Também enfrentamos dificuldades enormes de financiamento no projeto da CST. Mas felizmente deu certo. Tenho enorme orgulho de dizer que são duas das mais modernas fábricas do mundo", disse o ex-governador na homenagem feita pelo ES em Ação.

José Armando Campos, ex-presidente da CST e fundador do ES em Ação, foi o escolhido pelo movimento empresarial para falar sobre Doutor Arthur. "Arthur foi um servidor público no conceito mais amplo que essa palavra pode conter. Não fez cara feia para os desafios que a vida foi lhe impondo desde cedo. Não procurava desculpas para não fazer o que tinha de ser feito. Ousado nas ideias, organizado na hora de traduzi-las em projetos, metódico e aplicado na hora de implementá-las. Enfim um engenheiro da melhor estirpe! Enfrentou, ainda muito jovem, a crise econômica e social que a erradicação dos cafezais trouxe para o Espírito Santo. Buscou parceiros e criou soluções para superá-la. A pujança do conilon e o desenvolvimento de boa parte dos municípios capixabas deve muito ao Doutor Arthur".

Um legado, sem dúvida, de muito respeito. Que nos sirva de lição e inspiração.

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