Repórter / [email protected]
Publicado em 26 de novembro de 2021 às 16:51
O mais aguardado investimento do setor de petróleo e gás no Espírito Santo, o projeto Integrado Parque das Baleias (IPB), que prevê um navio-plataforma que será instalado pela Petrobras no campo de Jubarte, no Litoral Sul capixaba, teve o início das operações confirmado para 2024. >
O investimento, estimado em R$ 5,6 bilhões, faz parte do cronograma prioritário da estatal, detalhado nesta quinta-feira (25) para a imprensa. Nos próximos cinco anos, os investimentos da companhia serão na ordem de US$ 68 bilhões, um acréscimo de 24% em relação ao planejamento anterior. As informações constam no plano estratégico da companhia para os anos de 2022 a 2026.>
No início deste mês, a Petrobras concluiu o processo de licitação para seleção da empresa que vai operar a plataforma, que apesar de ainda ter passar pelo processo de construção, já ganhou um nome e se chamará FPSO Maria Quitéria. >
A estatal divulgou, no último dia 12, a assinatura de uma carta de intenção com a gigante asiática Yinson Production PTE Ltd. para afretamento e prestação de serviços da unidade. A empresa, com sede na Malásia, é a sexta maior do mundo no mercado de locação de plataformas.>
>
O FPSO (sigla em inglês para unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência de óleo), tem previsão de início da produção para o quarto trimestre de 2024. Caberá a Yinson a contratação da construção da plataforma. Os contratos de afretamento e de serviços terão duração de 22 anos e 6 meses, contados a partir da aceitação final da unidade, ou seja, após a conclusão do FPSO e aprovação das instalações pela Petrobras.>
O investimento está previsto no plano de negócios da Petrobras há vários anos, contudo, passou por uma série de adiamentos, sendo o mais recente motivado pela pandemia. Originalmente, a ideia era que o início da operação ocorresse em 2021. Mas essa previsão passou para 2022, depois para 2023, e, por fim, para 2024.>
Em setembro, o gerente-geral da Unidade de Negócio da Petrobras no Espírito Santo (UN-ES), César Cunha de Souza, garantiu em um evento que o projeto estava mantido e seguia como prioritário na carteira da estatal. >
Na ocasião, o executivo explicou ainda a próxima etapa do investimento: "Está em contratação o FPSO e a nossa expectativa é, assim que terminar esse processo, que ele siga para sua construção e depois implantação da plataforma, que vai atuar majoritariamente na produção do pré-sal", declarou.>
Com o amadurecimento dos poços de petróleo no Estado, que vem resultando em queda na produção ao longo dos anos, o novo FPSO chegará em boa hora. O empreendimento, quando estiver operando, deve produzir 100 mil barris de óleo e 5 milhões de metros cúbicos de gás por dia.>
O aproveitamento dessa janela de oportunidades também deve resultar em aumento no volume de royalties e participações especiais recebidas pelo Espírito Santo, que são destinados a investimentos diversos e, no caso do governo do Estado, também é utilizado em aportes no Fundo Soberano, que é uma espécie de poupança para as futuras gerações, com saldo já estimado em R$ 700 milhões. É o que observa o gerente-executivo de Negócios da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Cícero Grams. >
“É informação bastante relevante para nós. Essa unidade passou nos últimos anos por uma série de cancelamentos, e, com o plano de negócios da companhia divulgado, há uma confirmação dessa intenção de levar o investimento adiante. É uma unidade importante, que nos permitirá continuar gerando óleo e criando oportunidades para o Espírito Santo, tanto em termos de impostos e taxas, como através das empresas que prestam serviços.”>
A implantação do novo navio-plataforma deve demandar toda uma infraestrutura marítima, que deve movimentar a cadeia de negócios. Além disso, a prestação de serviços aos trabalhadores deve resultar em novas oportunidades.>
“Ainda não se sabe onde essa plataforma será construída. Isso dependerá dos acordos entre a Yinson e a Petrobras. A indústria capixaba tem capacidade para contribuir com a construção dessa plataforma, mas vai depender da estratégia das companhias. Independentemente disso, porém, já foi estabelecido um contrato de mais de 22 anos com a Yinson, o que nos dá boas perspectivas de termos um aumento na produção pelo menos pelas próximas duas décadas”, avaliou Grams.>
O especialista da área de petróleo Fernando Taboada destaca ainda que o Parque das Baleias é uma área com muito óleo tanto no pré-sal quanto no pós-sal, então a plataforma ajudará a acelerar o processo de produção nos próximos anos. >
Além disso, avalia que um negócio dessa magnitude movimenta em torno de 3 mil trabalhadores entre diretos e indiretos. "A questão de retorno logístico, supply, é muito interessante. Vitória tem boas empresas que atendem a área, outros municípios também. E não é só a plataforma, mas tudo que gira ao redor. Traz emprego e renda para o Estado, sem falar nos royalties, que tendem a aumentar.">
O FPSO Maria Quitéria é mais importante projeto da Petrobras previsto para o Espírito Santo. Ele está nos planos da companhia estatal desde 2014, quando foi iniciada a atividade da plataforma P-58, atualmente a principal produtora do Estado. >
O investimento na nova plataforma é estimado em cerca de R$ 5,6 bilhões. Ela vai extrair óleo e gás da camada pré-sal no campo de Jubarte, na região petrolífera denominada Parque das Baleias, Litoral Sul do Estado.>
O projeto prevê a interligação de 17 poços ao FPSO, sendo nove produtores de óleo, oito injetores de água, por meio de infraestrutura submarina composta por dutos flexíveis, umbilicais eletro-hidráulicos e as chamadas árvores de natal molhadas.>
A área de Parque das Baleias é formada pelos campos de Jubarte, Baleia Anã, Cachalote, Caxaréu, Pirambú e Mangangá. O primeiro campo, de Jubarte, foi descoberto em 2001. A região é a que mais produz óleo e gás no Estado e conta com reservatórios na camada pré-sal. >
Em 2019 a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) celebraram um acordo para a prorrogação do prazo de concessão até 2056 do novo campo de Jubarte unificado, o que viabiliza a implantação do novo sistema de produção do Projeto Integrado do Parque das Baleias, além de projetos complementares na área.>
Atualmente, estão em operação quatro plataformas: P-57, P-58, FPSO Cidade de Anchieta e FPSO Capixaba, sendo que este último operará apenas até 2022. Essas plataformas se localizam na área litorânea entre os municípios de Presidente Kennedy, Marataízes, Itapemirim e Anchieta, a pelo menos 75 quilômetros da costa.>
* Com informações de Geraldo Campos Jr.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta