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Novo presidente terá missão de atacar inflação e crise fiscal

Novo presidente terá missão de atacar inflação e crise fiscal

Durante o Valor Talks, evento que reuniu agentes econômicos e políticos em Vitória nesta quinta (27), especialistasfalaram das perspectivas para o próximo ano

Publicado em 28 de abril de 2022 às 16:58

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Evento Caminhos Para o Brasil, em Vitória
Valor Talks: Painel “Caminhos para o Brasil em 2022”. (Ricardo Medeiros)

A poucos meses das eleições de 2022, previstas para outubro, especialistas observam que os governantes que assumirem o país no próximo ano terão como desafio atacar a inflação e as taxas de juros, e avançar com projetos considerados essenciais para a melhoria do cenário fiscal brasileiro.

Durante o Valor Talks, evento que reuniu especialistas econômicos e políticos, nesta quinta-feira (27), em Vitória, analistas observaram que, no curto prazo, é improvável que o país avance com reformas estruturantes, como a administrativa e a tributária, que requerem discussões mais amplas e devem ficar apenas para o próximo mandato.

Os esforços do governo e do Congresso, nos próximos meses, tendem a se concentrar em questões "mais simples", conforme destacou o analista político na XP Investimentos, Paulo Gama.

“Olhando para esse curtíssimo prazo, antes de o Congresso começar a focar mais nas eleições, não se tem expectativa de reformas, está se olhando mais para a parte de renúncias de receita, tentativas do governo de tentar alavancar a popularidade por meio de alguns programas. Mas o mercado vai começar a olhar cada vez mais para o que as duas candidaturas de ponta (Lula e Bolsonaro) vão oferecer a partir de 2023.”

Ele observa que reformas estruturantes para o país precisam ser feitas, e isso deve ser exigido do próximo governante, inclusive porque a perspectiva é de desaceleração da atividade em 2023, em comparação com os resultados previstos para este ano. Mas, para além disso, o tratamento dados às regras fiscais também deve ficar no radar.

“Tivemos uma mudança no teto de gastos e o mercado segue prestando atenção em como essa regra especificamente vai ser tratada a partir de 2023. Acho que esse talvez seja o principal ponto de atenção: os indicativos que as duas campanhas estão dando de como essas questões serão conduzidas a partir de 2023.”

Júlio Fernandes, gestor macro da XP Asset, lembra que, além desse fatos, o Brasil lida ainda com os efeitos da alta generalizada de preços e do aumento das taxas de inflação. Ele pontua que, no curto prazo, deve haver uma pequena melhora na economia, que já começa a ser percebida, com a retomada das atividades do setor de serviços, conforme o número de casos e óbitos provocados pela Covid-19 caem e volta-se a uma aparente normalidade. Entretanto, os efeitos dessa flexibilização não permanentes.

“Temos uma perspectiva de alguma melhora para este ano. Para o longo prazo, não estamos tão otimistas. O juro vai ficar alto, na casa dos 13% ou 13,25% até o final do ano. A inadimplência vai começar a aumentar um pouquinho, o crédito está mais apertado. O objetivo do Banco Central é desacelerar a atividade. Acreditamos que a atividade no ano que vem deve ficar mais perto de 0,5%, pior do que em 2022.”

Aspas de citação

O próximo governo vai ter um grande desafio, primeiro ao tentar entrar não fazendo grandes confusões fiscais, e depois o desafio inflacionário. Se tudo der certo, a gente imagina que possa haver uma queda de juros no início do ano que vem

Júlio Fernandes
Gestor macro da XP Asset
Aspas de citação

O sócio-fundador e CEO da Valor Investimentos, Paulo Henrique Correa, pontua que a inflação não é uma preocupação apenas no Brasil, e que economias do mundo inteiro têm sofrido com seus efeitos. “Vemos os Estados Unidos, por exemplo, com a maior inflação nos últimos 40 ou 50 anos, acumulado 8,5% nos últimos 12 meses, num país que tem taxas de juros próximas a zero.”

Entretanto, também outros fatores que têm causado impacto na economia, não só nacional como mundial. “A gente passa por um momento muito confuso quando você olha tanto os aspectos econômicos e políticos externos, quanto internos. Além da inflação, lá fora temos conflito entre Ucrânia e Rússia, aqui temos a questão fiscal, que é algo que sempre assusta, as eleições, problemas entre os poderes. É um ano de muita volatilidade.”

VALOR TALKS

O Valor Talks reuniu especialistas econômicos e políticos para fazer uma análise do atual cenário e indicar soluções, nesta quinta-feira (27), em Vitória. Foram dois painéis de apresentações: “Caminhos para o Brasil em 2022”, e “Mundo em 2022: como o Brasil (e o seu bolso) podem ser afetados”.

Também participaram dos debates: Teco Medina, apresentador dos programas “Fim de Expediente” e “Hora de Expediente” da CBN; Pedro Jobim; economista-chefe e sócio fundador da Legacy Capital; Dyana Oliveira, vice-presidente comercial e responsável pelo relacionamento com investidores do J.P. Morgan Asset Management; e Bruno Cordeiro, sócio e gestor da Kapitalo Investimentos.

No evento, também foi apresentado o novo colunista de Economia de A Gazeta, Abdo Filho, cuja estreia é prevista para o dia 3 de maio.

“A coluna tem o objetivo de mostrar todas as pequenas revoluções que estão acontecendo [na economia]. Vamos falar do agronegócio tradicional, de grandes empresas que fazem parte da nossa história, que ainda têm parte importante do nosso PIB, mas eu tenho um desejo muito forte de mostrar isso [que está mudando]. Tem muita coisa acontecendo", destacou.

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