Publicado em 10 de dezembro de 2020 às 14:34
Três moradores do Espírito Santo são investigados por usar boletos emitidos por meio de aplicativos de pagamentos, como PicPay, Mercado Pago e Nubank, para roubar o dinheiro do auxílio emergencial. O benefício foi criado para ajudar desempregados e trabalhadores informais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Por causa de fraudes, a Polícia Federal cumpriu os mandados de busca e apreensão no Estado nesta quinta-feira (10). Dois dos alvos tiveram os bens bloqueados pela Justiça.>
As ações ocorreram em Vila Velha, onde foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e duas ordens de bloqueio de bens, e em Marataízes, onde foi realizado um mandado de busca e apreensão. Nos locais, foram apreendidos smartphones, notebooks, cartões bancários, maquininhas de cartão e documentos falsos.>
A operação, denominada Segunda Parcela, foi deflagrada também em outros 13 Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraíba, Bahia, Santa Catarina, Tocantins, Paraná, Goiás, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Maranhão, Piauí e Mato Grosso do Sul. >
As medidas são parte da Estratégia Integrada de Atuação contra as Fraudes ao Auxílio Emergencial (EIAFAE), da qual participam, além da Polícia Federal, o Ministério Público Federal, o Ministério da Cidadania, a Caixa, a Receita Federal, a Controladoria-Geral da União e o Tribunal de Contas da União.>
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Ao todo, foram cumpridos 42 mandados de busca e apreensão, 13 mandados de bloqueio de bens, que somam valores de até R$ 650 mil, em diversas contas que receberam indevidamente.>
A Justiça determinou ainda o cumprimento de sete mandados de prisão. Destes, quatro foram cumpridos em São Paulo. Outras três pessoas, do Rio de Janeiro, estão foragidas.>
Em coletiva à imprensa realizada nesta quinta-feira, a superintendência da PF em São Paulo, responsável por coordenar a operação, explicou que as fraudes simulavam transações comerciais.>
Por meio de aplicativos, como PicPay e Mercado Pago, bem como outras agenciadoras de pagamentos, os golpistas emitiam boletos ou ordens de pagamento falsas, inclusive por meio de QR Code, e então acessavam o aplicativo Caixa Tem, criado pela Caixa Econômica Federal para pagar o benefício, e, com dados obtidos ilegalmente, acessavam a conta dos beneficiários.>
Ali, realizavam o pagamento dos boletos, e o dinheiro era enviado para suas contas nos aplicativos de pagamento. Esta, segundo a PF, era a principal forma de atuação dos criminosos. Os investigadores destacaram ainda que não há quaisquer indícios de envolvimento de bancos ou fintechs, que têm colaborado com as investigações.>
Entretanto, sem dar mais detalhes, a polícia informou que uma das investigadas é funcionária de uma instituição financeira, e, portanto, tem conhecimento da rotina de pagamentos e emissão de boletos.>
Em muitos casos, as vítimas eram pessoas que não haviam solicitado o benefício. Os criminosos simplesmente realizavam a solicitação em nome de terceiros, sem que o titular das informações estivesse ciente.>
A equipe responsável pelas investigações detectou e bloqueou/cancelou o cadastramento de mais de 3,82 milhões de pedidos do auxílio irregulares. Com isto, pelo menos R$ 2,3 bilhões deixaram de sair indevidamente dos cofres públicos, considerando-se apenas o pagamento de uma parcela de R$ 600, em cada pedido>
A Polícia Federal informou que, mesmo que alguém não seja um beneficiário do auxílio emergencial, pode conferir se teve o benefício pago em seu nome, por meio do site do Ministério da Cidadania. >
Caso seja identificado que o pagamento foi liberado indevidamente, a pessoa deve procurar a Caixa Econômica Federal para tentar solucionar o problema.>
Em nota, a Polícia Federal do Espírito Santo observou que todos os pagamentos indevidamente realizados são objeto de análise das autoridades policiais e das instituições ligadas ao pagamento do benefício. >
Portanto, se orienta fortemente àqueles que requereram e receberam as parcelas não preenchendo os requisitos do Art. 2º da Lei nº 13.982/2020 que realizem a devolução dos valores, sob pena de estarem passíveis de ter sua ação objeto de investigação criminal.>
Informou ainda que os investigados poderão responder pelos crimes de furto qualificado e lavagem de dinheiro, cujas penas, somadas, podem chegar a 18 anos de prisão.>
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