Publicado em 28 de abril de 2020 às 15:50
Lojistas que trabalham na Grande Vitória têm conseguido descontos de até 70% do preço dos aluguéis. Os contratos têm sido renegociados por conta da pandemia do novo coronavírus, que impossibilitou o funcionamento normal de comércio e serviços, além de reduzir a circulação de pessoas. >
De acordo com o consultor imobiliário José Luiz Kfuri, o período tem sido de intensa negociação entre proprietários e inquilinos. O proprietário entende que o lojista está impossibilitado de vender, e o inquilino sabe que o proprietário tem direito ao aluguel. Então, o melhor a fazer é renegociar um valor que seja interessante para os dois lados, comenta.>
Kfuri afirma que tem recomendado, neste momento da pandemia, um desconto de 50% no valor contratual. Quando a situação começar a melhorar, esse desconto pode ser de 20%, até que retorne ao patamar normal. Esse é um momento de apagar incêndio, resume.>
Segundo o consultor, tais renegociações têm acontecido tanto no setor comercial quanto no residencial. Acontece que no setor comercial o impacto é muito maior. Tem loja que não pode abrir, que o faturamento caiu absurdamente, acrescenta.>
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O diretor da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Estado do Espírito Santo (Ademi-ES) Charles Bitencourt comenta que vem reduzindo os contratos em cerca de 30%. Cada caso é um caso. Existem segmentos que não foram atingidos, como mercados, padarias, farmácias. Já outros foram muito atingidos e podem ter um desconto maior, explica.>
Ele destaca que, nesse momento, o bom senso e o diálogo devem prevalecer. Temos observado muita responsabilidade de parte a parte, com os dois lados apresentando suas situações e conseguindo bons acordos para ambos, acrescenta.>
A situação econômica do Brasil e do Estado já não vinha num bom momento mesmo antes do coronavírus. Com isso, muitos espaços disponíveis para a locação de lojas estavam à disposição dos comerciantes. A expectativa era que, ao longo de 2020, a situação melhorasse, mas não é isso que tem sido observado.>
Todas as renegociações estão sendo feitas para preservar os lojistas, eles são peças fundamentais no negócio. Tem dono de imóvel temendo perder os inquilinos. Por isso, a recomendação é negociar, negociar, negociar e fazer concessão. Se não fizer isso, corre o risco do caso ser judicializado, e aí é pior ainda, avalia José Luiz Kfuri.>
Shopping centers da Grande Vitória estão suspendendo a cobrança dos aluguéis do mês de abril em que não houve funcionamento e parte do mês de março, quando as lojas puderam funcionar até o dia 19. Segundo o coordenador da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) no Estado, Raphael Brotto, essa é a recomendação da associação.>
Além dessa suspensão ou isenção do aluguel, há a orientação para que se cobre o mínimo possível de condomínio e do fundo de promoção, comenta Brotto, que também é diretor do Shopping Vitória.>
As mudanças, porém, não devem valer para o médio e longo prazo. É inviável pensar em renegociação nesse momento. Os representantes dos shoppings sabem que a crise é forte, mas ainda é cedo para falar de qualquer coisa no médio e longo prazo, completa.>
A relação entre lojistas e shoppings já chegou a ser judicializada. Nesta segunda-feira (27), o desembargador Jorge Henrique Valle dos Santos, do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), decidiu que um lojista poderia pagar 50% do contrato e o isentou do pagamento do fundo de promoção.>
Em primeira instância, o lojista havia conseguido o direito de pagar apenas 30% do aluguel, mas o desembargador destacou que a loja em questão continua trabalhando por meio de delivery e não apresentou provas concretas da queda de faturamento.>
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