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Ferrovia bioceânica: como ES pode se beneficiar de projeto chinês

Ferrovia bioceânica: como ES pode se beneficiar de projeto chinês

Entenda como Espírito Santo pode ser impactado pelo projeto da ferrovia que vai ligar Ilhéus, na Bahia,  ao porto Chancay, no Peru, para ampliar comércio com a Ásia

Publicado em 8 de julho de 2025 às 20:07

Ferrovia, linha de trem
Ferrovia bioceânica vai sair de Ilhéus, na Bahia, passando por Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre até chegar ao Peru Crédito: Pixabay

Os governos do Brasil e da China fecharam, na última segunda-feira (7), acordo para viabilizar uma ligação ferroviária entre o território brasileiro e o porto de Chancay, no Peru, com o objetivo de reduzir o tempo de transporte e facilitar as exportações para a Ásia.

A proposta da ferrovia bioceânica vai sair de Ilhéus, na Bahia, passando por Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre até chegar ao Peru, de acordo com o Ministério do Planejamento. O custo da ferrovia ainda vai ser orçado durante os estudos. Apesar de a estrada de ferro não passar pelo território capixaba, esse projeto também pode ser benéfico para a logística de produtos oriundos do Espírito Santo.

O memorando de entendimentos prevê que a estatal chinesa vai ser responsável por produzir estudos aprofundados sobre a malha ferroviária brasileira a partir de dois pilares: o caráter multimodal do sistema de transportes, com unificação entre rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos e as obras e projetos já existentes no país.

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Ferrovia bioceânica: como ES pode se beneficiar de projeto chinês

O projeto ferroviário para a parte centro-oeste e norte do Brasil vem num momento em que o país está investindo em planejamento ferroviário, inclusive com projetos no Espírito Santo, como a EF-118, que vai ligar Santa Leopoldina, na Região Serrana do Estado, ao Rio de Janeiro e tem licitação prevista até o fim do ano.

Mas o Espírito Santo também pode se beneficiar do projeto chinês, com novas ligações ferroviárias planejadas que podem se interligar com a bioceânica, principalmente pela região de Mara Rosa, em Goiás.

Para o secretário de Desenvolvimento do Espírito Santo, Sergio Vidigal, o acordo firmado entre Brasil e China para a realização de estudos conjuntos sobre ferrovias reforça a importância de integrar o Espírito Santo à nova malha ferroviária continental.

“Nesse sentido, é fundamental defender que os projetos ferroviários da Petrocity e da Macro Investimentos, que dialogam com esse traçado inicial, sejam incluídos nos estudos anunciados. Esses projetos já estão em estágio avançado de concepção e são perfeitamente aderentes à proposta de integração continental, ligando o Espírito Santo ao Centro-Oeste e ao Norte do país. A inclusão dessas propostas amplia o escopo da discussão e garante que alternativas logísticas mais viáveis e competitivas sejam consideradas nesse novo momento”, avalia.

Vidigal frisa que o Espírito Santo já se apresenta como um polo logístico consolidado, com portos de alta eficiência, rodovias bem estruturadas, projetos como o Porto Central, em Presidente Kennedy, no Litoral Sul, e empreendimentos estratégicos como o ParkLog, que consolidam o Estado como centro de distribuição e armazenagem moderno e preparado.

Além disso, ele acrescenta que a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e outras entidades capixabas, junto ao governo do Estado, entregaram propostas técnicas robustas durante a consulta pública sobre a revisão da malha ferroviária.

“O avanço das tratativas com a China apenas reforça a urgência de garantir que toda essa infraestrutura logística do Espírito Santo seja parte ativa e conectada desse plano maior de integração sul-americana — colocando o Estado, de forma definitiva, a serviço do Brasil”, destaca Vidigal.

A região de Mara Rosa (GO) poderá no futuro ser interligada ao Espírito Santo, a partir de projetos de trechos privados de ferrovia que vão ligar Barra de São Francisco, no Noroeste do Espírito Santo, a Mara Rosa, em Goiás, inclusive com conexão a um novo porto em Urussuquara, em São Mateus, no Litoral Norte do Estado.

O projeto do grupo Petrocity está em fase de licenciamento ambiental, com estudos em andamento para para fazer as desapropriações das áreas por onde a estrada de ferro vai passar, segundo José Roberto Barbosa da Silva, presidente do grupo.

“O Espírito Santo pode se beneficiar também por direito de passagem, o que facilita a integração com os terminais portuários, podendo trazer carga para cá e também enviar produtos do Estado. Nosso objetivo é fazer integração, inclusive podendo atender até outros portos do Espírito Santo”, afirma.

Projeto da bioceânica

No caso da ferrovia bioceânica, por exemplo, uma parte considerável do projeto já está em execução dentro do Brasil – as ferrovias de integração Oeste-Leste (Fiol) e Centro-Oeste (Fico), sob coordenação da Secretaria Nacional de Ferrovias, do Ministério dos Transportes.

A Fiol parte do Porto Sul, em Ilhéus, na Bahia, diante do Oceano Atlântico, e se estenderá até Mara Rosa, em Goiás. A cidade goiana é o entroncamento de três ferrovias: além do ponto final da Fiol, inclui a Ferrovia Norte-Sul (FNS) e a Fico, cujo traçado chegará a Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso.

É a partir deste ponto, no Estado do Mato Grosso, ponto final da Fico, que será o ponto inicial da ferrovia bioceânica, cujo destino será o porto de Chancay, inaugurado no Peru, há três meses.

O Ministério dos Transportes acrescentou que o novo eixo se conectará à Ferrovia Norte-Sul, sob concessão da Rumo, que liga os portos de Itaqui (MA) e Santos (SP).

Para o ministério, a integração das malhas Leste-Oeste e Norte-Sul deve aumentar a eficiência logística, reduzir custos e garantir mais previsibilidade no transporte de cargas. A iniciativa é estratégica para ampliar a competitividade do Brasil no comércio exterior e estimular o desenvolvimento regional nas áreas por onde a ferrovia passará.

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