> >
Entenda por que a blockchain traz segurança a ativos do mundo real

Entenda por que a blockchain traz segurança a ativos do mundo real

Os benefícios da tecnologia foram abordados no segundo dia do InsightES 2025, a Semana da Inovação Capixaba, na Rede Gazeta

Publicado em 23 de outubro de 2025 às 16:24

Painel sobre blockchain no Insight ES
Painel sobre blockchain no Insight ES Crédito: Arthur Louzada

A evolução da blockchain e suas aplicações no mundo financeiro foram tema do segundo dia do InsightES 2025, a Semana da Inovação Capixaba, evento na Rede Gazeta, com promoção do Fonte Hub e apoio da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti) e da ArcelorMittal. No debate, entender por que a blockchain traz segurança para ativos do mundo real, termo também conhecido como RWAs (Real World Assets), foi um dos temas abordados. 

Afonso Dalvi, especialista em blockchain na Capitare, empresa especialista em transformar ativos em tokens digitais, detalhou para o público como a tokenização dos ativos tem a capacidade de gerar eficiência, transparência e retirar intermediários das operações tradicionais. Dalvi também é desenvolvedor de smart contracts (contratos inteligentes, na tradução para o português), tecnologia que facilita a tokenização.

O que é a tokenização de ativos reais?

Ativos do Mundo Real são bens que possuem valor no mundo físico, incluindo imóveis, moedas fiduciárias (como o Real), ações e fundos de investimento. O processo de tokenização consiste em transformar esses ativos em um smart contract, dentro da tecnologia blockchain.

Dalvi explica que, ao pegar as regras de negócio de um fundo de investimento ou contrato e inseri-las em um smart contract, é possível utilizar todo o potencial de descentralização, distribuição e segurança inerente à tecnologia blockchain.

Diferentemente do Bitcoin, que inicialmente visava apenas um sistema de dinheiro eletrônico P2P (pessoa para pessoa), os smart contracts, conceito trazido ao sistema pela Ethereum, de Vitalik Buterin, permitem criar aplicativos ou programas de computador que rodam dentro da blockchain, autoexecutando regras predefinidas.

Painel sobre blockchain no Insight ES
Painel sobre blockchain no InsightES Crédito: Arthur Louzada

O especialista explicou que um dos pontos mais importantes da tokenização de RWAs é a programabilidade. Muitos ativos reais ainda dependem de sistemas ligados ou planilhas de Excel. O uso de smart contracts permite tratar essas operações de maneira muito mais eficiente.

"Quando a gente trata de smart contract, vamos ter todos esses benefícios de auditabilidade. Assim, você conseguir ver toda a regra de negócio com transparência. É possível saber quem interagiu com as transferências e analisar tudo que acontece com aquele smart, como quem interagiu, para onde foi aquele dinheiro, se aquele dinheiro está no contrato, se ele foi para outro endereço. Tudo isso você consegue ver por estar utilizando a blockchain pública e programabilidade", explicou.

A falta de transparência pode ter consequências graves, segundo Dalvi. Ele citou o exemplo do recente golpe em FIDICs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) com envolvimento do PCC: se a blockchain tivesse sido utilizada, seria possível rastrear todas as operações e transferências, tornando o processo auditável e transparente, o que não ocorreu e resultou em uma longa investigação.

Como a tecnologia é adotada no mercado

No painel, o especialista destacou que a tokenização não é mais uma promessa futura, mas uma realidade que atrai grandes players. O mercado de stablecoins, que representa um dos maiores tipos de RWA, já ultrapassa os 300 bilhões de dólares. Empresas como BlackRock e o Tesouro Americano já realizaram o processo de tokenização de seus fundos e ativos.

"Na plataforma onde eu trabalho a gente faz a captação de crowdfunding. Hoje eu utilizo smart contracts e faço toda a lógica regulatória por detrás desses contratos. Basicamente, vão falar aqui como se fosse uma vaquinha utilizando smart contract. Então, a gente faz toda essa captação utilizando ali o Pix. Utilizou o Pix, ele envia o valor para o meio de pagamento ali específico", detalhou.

Papel de desintermediação

A retirada da intermediação (desintermediação) é talvez o ponto mais crucial para o crescimento exponencial do mercado de RWAs, na avaliação de Dalvi. Ao eliminar intermediários, ele explica que a blockchain permite que as pessoas negociem ativos de forma livre, via P2P (pessoa para pessoa), sem depender de entes centralizados.

No contexto financeiro, isso se manifesta de forma clara no uso de stablecoins, um tipo de RWA que é atrelado ao valor de moedas fiduciárias, como o dólar.

Diferencial do bitcoin

Também presente ao debate no InsightES , o procurador da República Alexandre Senra, especialista em direito digital e de criptoativos, destacou que a inovação da criptomoeda Bitcoin, por exemplo, não reside no fato de ser um ativo digital, mas sim por ser um ativo que tecnicamente não pode ser copiado.

Essa característica, segundo ele, é viabilizada pela blockchain, que ele descreve como um livro-razão com características muito especiais. Ele lembrou que esse registro é distribuído, público e imutável. Senra detalhou ainda  que se alguém tentar lançar uma informação falsa nesse registro, o sistema a exclui do mecanismo de consenso.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

Tópicos Relacionados

criptomoeda

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais