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Economia do ES volta ao nível pré-pandemia, mas desemprego ainda é desafio

Economia do ES volta ao nível pré-pandemia, mas desemprego ainda é desafio

Indicador de Atividade Econômica do Espírito Santo (IAE-Findes) aponta para desempenho desigual entre os setores, o que contribui para o desaquecimento do mercado de trabalho.

Publicado em 14 de junho de 2021 às 17:11

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Atividades financeiras tiveram maior demanda. (Freepik)

Entre janeiro e março deste ano, a economia do Espírito Santo avançou 1,1% em relação ao último trimestre de 2020, e retornou aos níveis observados no final de 2019, período pré-pandemia. Os dados são do Indicador de Atividade Econômica (IEA) do Espírito Santo, elaborado pelo Ideies, e divulgado pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) nesta segunda-feira (14).

Economia do ES volta ao nível pré-pandemia, mas desemprego ainda é desafio

Em relação ao primeiro trimestre de 2020, avanço foi de 0,2%.  O indicador aponta para uma retomada relativamente rápida de algumas atividades econômicas. Contudo, em outras áreas, o desempenho ainda é fraco, ou até negativo. Por conta disso, a retomada das contratações segue lenta e, segundo analistas da Federação, só deve ganhar força a partir do final de 2021.

O economista-chefe da Findes e diretor-executivo do Ideies, Marcelo Saintive, observou que o resultado geral só não foi melhor porque, embora a imunização dos capixabas tenha sido iniciada no período analisado (janeiro a março de 2021),  em março, houve um recrudescimento da pandemia, que resultou em novas restrições às atividades econômicas.

“No caso do Espírito Santo, medidas restritivas mais rígidas foram implementadas a partir de 18 de março e intensificadas entre os dias 28 de março e 4 de abril”, complementou Saintive, fazendo alusão à quarentena determinado pelo governo do Estado a fim de evitar o colapso do sistema de saúde. Na ocasião, houve um aumento expressivo do número de contaminações e óbitos diários, e  escassez de leitos para atendimento aos pacientes contaminados.

A alta, a despeito desse e de outros acontecimentos, é justificada pelo bom resultado do setor de serviços, que, neste indicador, inclui também o comércio. As atividades, de maneira geral, apresentaram crescimento de 2,5% em relação ao fim do ano passado. Contudo, esse dado não reflete a performance desigual nos diferentes tipos de negócios.

A maior contribuição para a alta veio das atividades classificadas como “demais serviços”, que avançaram 3,3% entre janeiro e março. Houve impacto positivo nas atividades financeiras, imobiliárias, atividades profissionais, científicas, técnicas, administrativas e serviços complementares, serviços de informação e comunicação, além de educação e saúde privadas.

Por outro lado, as áreas de administração, educação e saúde públicas, atividades de alojamento, alimentação e outras tiveram desempenho negativo. Esse grupo inclui, por exemplo, bares, restaurantes, hotéis e pousadas. 

RETOMADA POSITIVA, MAS DESIGUAL

O segmento de serviços representa cerca de 60% das atividades desenvolvidas no Estado, e, por conta disso, seu desempenho reflete diretamente nos níveis de emprego. Contudo, enquanto grandes empresas tem conseguido contornar a crise, pequenos negócios, principalmente informais, ainda lidam com uma série de dificuldades, e, por isso, a superação da pandemia é considerada essencial para alavancar as contratações.

No primeiro trimestre de 2021, a taxa de desemprego no Espírito Santo foi de 12,9%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O percentual foi o mais alto para o período desde 2017, embora tenha apresentado recuo em comparação com os últimos três meses de 2020, quando o resultado foi de 13,4%. Ao todo, 269 mil pessoas estavam desempregadas nos primeiros três meses deste ano.

“A retomada é diferente por setores e porte de empresas. As grandes empresas estão retomando, e não por acaso a arrecadação federal tem batido recordes, mas vários setores ainda demoram a sentir essa recuperação. A retomada da atividade econômica é positiva, mas é desigual”, observou o economista-chefe da Findes.

INDÚSTRIA E AGRONEGÓCIO

Já a atividade da indústria capixaba avançou 0,2% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao trimestre anterior. Os melhores  desempenhos vieram da área de construção (5,4%) - que esteve em alta durante praticamente toda a pandemia — e da indústria de transformação (3%), puxada, principalmente, pelos bons resultados do setor de papel e celulose.

“Esse indicador é muito importante porque a indústria de transformação é chamada de indústria das indústrias. Ela é que puxa os investimentos em inovação. A Findes tem feito um esforço para impulsionar a inovação e a diversificação da economia estadual. Estamos preparando o Espírito Santo para a inovação e a tecnologia, para superarmos a dependência histórica de commodities”, observou a presidente da Findes, Cristhine Samorini.

Por outro lado, a indústria extrativa, que considera as áreas de petróleo e gás natural, pelotização e outras atividades, recuou 3,5% no período. As atividades ligadas à energia e saneamento encolheram 4%.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a indústria capixaba teve queda de 4,4% em suas atividades, em função das perdas na área extrativa (-26,9%). Segundo Saintive, uma das razões é a queda da produção de petróleo em solo capixaba, tendo em vista o amadurecimento dos poços. A tendência é que o cenário se repita no próximo trimestre.

Já o setor agropecuário encolheu 3,4% em relação ao trimestre anterior, e 7,7% na comparação interanual. A queda se deve a fatores diversos, como questões climáticas, a exemplo da seca que atingiu o país em meses passados. Outros agravantes também resultaram na queda da produção de bovinos, aves e ovos — a pecuária encolheu 10,9% em relação ao mesmo período do ano passado — e na produção de café arábica, banana, pimenta do reino e tomate, que são algumas das principais culturas do Estado.

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