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Economia do ES deve fechar o ano com crescimento de 3,1%, projeta Findes

Economia do ES deve fechar o ano com crescimento de 3,1%, projeta Findes

No primeiro semestre, PIB capixaba estimado pelo Observatório da Indústria foi de 1,9%, puxado pelo bom resultado da indústria extrativa

Publicado em 16 de setembro de 2025 às 16:01

Com a recuperação e o bom desempenho do setor extrativo nos últimos meses, a economia do Espírito Santo deve fechar o ano com um crescimento de 3,1%. No primeiro semestre, a economia capixaba cresceu 1,9%, quinta alta consecutiva no primeiro semestre. 

A estimativa faz parte do Indicador de Atividade Econômica (IAE), calculado pelo Observatório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e divulgado na manhã desta terça-feira (16).

Neste semestre, a estimativa para 2025 do Observatório da Indústria foi revisada a partir do desempenho da indústria extrativa. Em julho, a Findes havia estimado que a economia do Espírito Santo iria retrair 0,8% neste ano. Caso se confirme esse novo cenário, será o terceiro crescimento anual consecutivo da atividade econômica do Estado.

A nova projeção, mais otimista, é impulsionada principalmente pela produção petrolífera do FPSO Maria Quitéria, da Petrobras, e o fortalecimento da atividade da Samarco, além do desempenho positivo da agropecuária.

Pelotas de minério de ferro produzidas pela Samarco
Pelotas de minério de ferro produzidas pela Samarco: fortalecimento da atividade extrativa Crédito: Jefferson Rocio

Na avaliação do Observatório da Indústria, o bom desempenho de atividades menos sensíveis à política de juros altos, um mercado de trabalho resiliente e o aumento da renda acima da inflação podem contribuir para a manutenção do crescimento da economia em 2025.

“Esse cenário otimista é sustentado pela reversão das expectativas de queda da indústria e da agropecuária, diante dos bons resultados observados no primeiro semestre do ano. Além disso, o setor de serviços deve continuar em trajetória de crescimento, ainda que em ritmo mais moderado em comparação a anos anteriores”, explicou a gerente executiva do Observatório da Findes, Marília Silva.

Especificamente sobre a indústria capixaba, mesmo com um cenário internacional desafiador impactando as exportações do Estado via redução dos preços, a expectativa é que seja positivamente influenciada pelo setor extrativo.

“Temos a continuidade da retomada da produção da Samarco e uma maior produção de petróleo e gás natural, em especial advinda do campo de Jubarte devido à aceleração da produção do FPSO Maria Quitéria. Vale destacar que a extração de petróleo e gás vem apresentando um comportamento de recuperação, com perspectivas positivas para o segundo semestre de 2025”, afirma Nathan Diirr, gerente de Ambiente de Negócios do Observatório da Findes.

No que diz respeito ao setor agropecuário, mesmo em épocas de bienalidade negativa do café, como o ano de 2025, a expectativa de crescimento é justificada por uma série de fatores que formam um cenário favorável à lavoura, como: clima, melhores condições hídricas e práticas agrícolas mais robustas que favoreceram floradas positivas e uma boa quantidade de frutos por rosetas.

Primeiro semestre

No primeiro semestre de 2025, três setores da economia capixaba cresceram: agropecuária (+11,1%), indústria (+1,7%) e serviços (+1,4%). O resultado positivo da indústria se deve, principalmente, pelo avanço de 3,4% no setor extrativo. Outras atividades industriais que cresceram no mesmo período foram energia e saneamento (+2,6%) e indústria de transformação (+0,3%).

A agropecuária também contribui para o cenário positivo. Marília Silva destaca que, embora 2025 seja um ano de bienalidade negativa para o café, a expectativa é de crescimento na produção. Fatores como o aumento da produtividade e condições climáticas favoráveis, com chuvas adequadas, colaboraram para esse resultado. A projeção é sustentada por órgãos como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o IBGE, que preveem crescimento expressivo na produção de café, especialmente o conilon. Com mais de 70% da colheita já realizada, é pouco provável que esse cenário se modifique.

"Tivemos um primeiro semestre de bons resultados na pelotização de minério de ferro. A Samarco está em fase de expansão da capacidade produtiva, devido à retomada das atividades desde 2020, e vem produzindo mais. Também tivemos o crescimento na metalurgia impulsionado pelo aumento da demanda por produtos siderúrgicos no mercado interno, como consequência da expansão de segmentos industriais que o utilizam como insumos", destaca Paulo Baraona, presidente da Findes.

No campo da indústria, a construção teve queda de 1% no primeiro semestre. Para Paulo Baraona, a taxa de juros do Brasil, que está na casa dos 15%, tem sido um dificultador para a indústria como um todo, especialmente para a construção, porque se tratam de investimentos de médio e longo prazo que as famílias compradoras dos imóveis precisam fazer e há maior dificuldade de venda.

Outro setor econômico que cresceu no primeiro semestre foi o de serviços (+1,4%). O segmento foi influenciado, principalmente, pelo crescimento de 1,6% nas demais atividades, seguidas pelo comércio (+1%) e pelo transporte (+0,2%).

Já o setor agropecuário capixaba cresceu na agricultura (+11,1%), positivamente influenciada por produtos como café, cana-de-açúcar, milho, arroz, banana, tomate e coco-da-baía. Enquanto a pecuária cresceu 2,7%, devido à produção de bovinos, aves e ovos.

Apesar do otimismo, Marília Silva aponta que o maior cenário de incerteza permanece ligado ao momento internacional. Sendo os Estados Unidos o principal parceiro comercial do Espírito Santo, as políticas de tarifação representam um desafio significativo para setores importantes como o de rochas ornamentais e, mais recentemente, café e outros produtos agrícolas. Além disso, a taxa de juros elevada no Brasil continua sendo um fator que afeta a economia e a indústria como um todo.

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