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Conselho da Petrobras aprova convocação de assembleia para trocar presidente

Conselho da Petrobras aprova convocação de assembleia para trocar presidente

Em reunião tensa, Castello Branco reclamou da forma como sua demissão foi anunciada, recebeu apoio dos conselheiros e se comprometeu a ficar no cargo até a realização de uma assembleia extraordinária para votar a substituição

Publicado em 23 de fevereiro de 2021 às 19:34- Atualizado há 3 anos

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Sede da Petrobrás na Reta da Penha
Unidade da Petrobras no Espírito Santo. (Vitor Jubini)

Na primeira reunião após anúncio de que o governo de Jair Bolsonaro quer trocar o comando da companhia, o conselho de administração da Petrobras aprovou a convocação de assembleia de acionistas para votar a substituição de Roberto Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna. A reunião transcorreu sob um clima tenso nesta terça-feira (23).

Em nota distribuída após a reunião, o conselho destacou que “continuará a zelar com rigor pelos padrões de governança da Petrobras, inclusive no que diz respeito às políticas de preços de produtos da companhia", em um recado contra tentativas de interferência do governo.

Apesar de negar interferências na política de preços, Bolsonaro tem feito críticas à gestão Castello Branco, especialmente aos últimos reajustes nos preços dos combustíveis, desde que anunciou o desejo de trocar o comando da estatal.

Silva e Luna precisa ser nomeado para o conselho antes de assumir a presidência da companhia. Com a saída de Castello Branco, outros sete conselheiros também serão ser destituídos, já que todos foram eleitos de forma conjunta.

Assim, a assembleia, que ainda não foi agendada, vai eleger oito novos conselheiros para a companhia. O governo já avisou à Petrobras, porém, que quer reconduzir os executivos que ocupam atualmente as vagas da União no colegiado. 

 Joaquim Silva e Luna é ex-ministro da Defesa
Joaquim Silva e Luna é ex-ministro da Defesa. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

No comunicado distribuído pela estatal na noite desta terça, o conselho de administração diz ainda que apoia o cumprimento integral do mandato da diretoria vigente, que vence no dia 20 de março.

No fim da semana passada, conselheiros independentes da estatal chegaram a ameaçar renúncia coletiva, mas recuaram após avaliação de que a empresa está blindada contra intervenções em sua política de preços e a demora na troca do presidente provocaria mais prejuízo aos acionistas.

CASTELLO BRANCO RECLAMOU A FORMA QUE ANÚNCIO FOI FEITO

O atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, aproveitou a reunião desta terça para reclamar da forma como foi anunciada pelo presidente a intenção de substituí-lo do comando da estatal. Bolsonaro usou as redes sociais para falar da troca de comando na petroleira.

Na reunião, que começou às 8h30, o executivo recebeu apoio dos conselheiros e se comprometeu a ficar no cargo até a realização de uma assembleia extraordinária, convocada nesta terça, para votar a substituição de Castello Branco pelo general Joaquim Silva e Luna como membro do Conselho da empresa.

Na quinta-feira, Castello Branco irá apresentar ao mercado os resultados da companhia em 2020. Nesta quarta-feira (24), a petroleira deve divulgar lucro no quarto trimestre, um trunfo que o executivo guarda na manga para mostrar que vinha comandando bem a recuperação da petroleira. O lucro pode chegar a R$ 13 bilhões entre outubro e dezembro.

Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras
Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras. (Fabio Rodrigues Pozzebom | Agência Brasil)

A convocação da Assembleia Geral Extraordinária (AGE) foi aprovada por maioria - apenas os conselheiros Rodrigo Mesquista e Leornado Antonelli votaram contra. Se o nome do general for aceito pelos acionistas, o próximo passo é fazer uma nova reunião do conselho e analisar o nome do general para o cargo de presidente da Petrobras.

Depois de perder quase R$ 100 bilhões em valor de mercado, os papéis da estatal se recuperaram nesta terça-feira do tombo dos últimos dois pregões. As ações preferenciais terminaram com alta de 12% e as ordinárias de quase 9%.

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