> >
Almoço mais caro: arroz e feijão têm alta de até 20% em um ano no ES

Almoço mais caro: arroz e feijão têm alta de até 20% em um ano no ES

Entenda o motivo do aumento nos preços de alimentos tradicionais no prato dos brasileiros, registrado de dezembro de 2022 a novembro de 2023

Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 08:05

Ícone - Tempo de Leitura 4min de leitura
Arroz e feijão: ICMS zerado no ES
Arroz e feijão: alimentos são afetados pela inflação no ES. (Pixabay)

Alimentos tradicionais no prato do brasileiro ficaram mais caros ao longo do ano de 2023. Uma das maiores altas foi da dupla feijão e arroz; outro aumento significativo foi do azeite.

Nos supermercados da Grande Vitória, o arroz subiu 20% de dezembro de 2022 a novembro de 2023, ou seja, variação dos últimos 12 meses de quando foi feita a última pesquisa pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período, o feijão preto subiu 11,5% e o azeite 32,47%.

A escalada do preço do arroz tem sido registrada desde 2022. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, apontam aumento de 101% no valor da saca de 50 quilos do grão, de janeiro de 2022 a janeiro de 2024. Há dois anos, a saca custava R$ 62,80 e chegou a R$ 126,54 neste mês. O aumento passou a ser mais expressivo a partir de setembro de 2023, quando a saca superou os R$ 100.

Almoço mais caro: arroz e feijão têm alta de até 20% em um ano no ES
Inflação no prato de (Núcleo de Reportagem de A Gazeta)

O economista Eduardo Araújo explicou que a alta nos preços do arroz teve influência de vários fatores. Para ele, tiveram papel crucial no aumento as restrições nos embarques de arroz pela Índia, o principal exportador global, na tentativa de conter sua própria inflação, e problemas na safra da Tailândia, o segundo maior exportador.

"Além disso, a menor área plantada na safra 22/23 no Brasil, em cerca de duas décadas, e os menores estoques em cerca de 15 anos, agravados pelo fenômeno La Niña e uma seca severa na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, contribuíram significativamente", pontuou. 

Já sobre o feijão, Araújo disse que o preço no Brasil aumentou devido a uma combinação de fatores: oferta inicialmente alta seguida por uma demanda que superou a produção, impactos climáticos adversos com chuvas excessivas e períodos de seca nas áreas produtoras, problemas de qualidade do produto na segunda safra, e variações na oferta ao longo do ano. 

"A dinâmica de mercado, incluindo a presença mínima de compradores e o impacto do fenômeno El Niño, também influenciou as cotações, resultando em aceleração dos preços no final do ano", frisou. 

Azeite

A alta de 32% no preço do azeite, que já passa dos R$ 30 o frasco de 500mil nos supermercados na Grande Vitória, foi impulsionado principalmente pela seca na Europa, que reduziu a safra e pressionou a oferta no mercado internacional, explicou o economista.

Outro fator significativo, segundo ele, foi o impacto da Guerra na Ucrânia nos custos de produção agropecuária. O Brasil, sendo altamente dependente de importações e produzindo apenas 1% da demanda nacional, foi fortemente afetado por esses fatores, tendo que gastar mais, mesmo com uma menor quantidade de importação.

Azeite; alimento; alimentação; saúde; cozinha; virgem
Azeite ficou mais caro em 2023. (Pixabay)

Previsão para 2024

Para 2024, a perspectiva é que o preço do feijão, principalmente o preto, continue subindo. Para Araújo, isso se deve, em grande parte, às condições climáticas adversas, com chuvas excessivas nos estados do Sul e baixa umidade no Sudeste, afetando as lavouras.

"Esse cenário levou a uma quebra significativa na produção, o que, por sua vez, deve resultar em estoques muito baixos no início do ano. Portanto, é provável que vejamos preços elevados no mercado de feijão para 2024."

Já o arroz deve começar a cair nos primeiros meses do ano. "A previsão é que os preços possam cair a partir de março com o ingresso da safra nacional e maior volume de importações do Mercosul", estimou Araújo. 

Quedas

Em 2023, alguns alimentos que tiveram alta nos anos anteriores tiveram queda nos preços, como óleo de soja, leite longa vida e carne. No caso do óleo de soja, apesar do aumento nas exportações e consumo interno, o que realmente impactou de acordo com Eduardo Araújo foi o crescimento expressivo na produção, elevando os estoques e pressionando os preços para baixo.

Já o leite longa vida sofreu uma desvalorização devido ao excesso de oferta, amplificado pelo aumento da produção doméstica e das importações. "Por fim, a carne apresentou queda nos preços devido ao ciclo natural da pecuária, onde fases de alta oferta levam a reduções de preço. Especificamente em 2023, tivemos uma oferta maior de bois para abate, resultando em preços mais baixos, especialmente nos cortes mais nobres", conta.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais