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Publicado em 7 de maio de 2025 às 19:19
O investimento de R$ 4 bilhões anunciado pela ArcelorMittal na planta de Tubarão para a construção de uma nova linha de produtos acabados, que vai incluir a instalação de um laminador de tiras a frio e uma linha de revestimento contínuo, está sob ameaça.
A planta, em fase de estudos de viabilidade, com previsão para operação em 2029, pode correr o risco de não sair do papel devido à aplicação da tarifa de 25% para a exportação para os Estados Unidos e também pelo volume alto de aço chinês no mercado brasileiro.
Para o presidente da ArcelorMittal Brasil, Jorge Oliveira, o mês de maio é fundamental para se discutir o futuro do setor. Em entrevista ao Estadão, Oliveira afirma que a companhia espera que o governo federal renove o sistema de cotas-tarifas instaurado há quase um ano para barrar a entrada do aço chinês no Brasil, com sobretaxa de 25% sobre 11 tipos de aços importados, para proteger a indústria brasileira.
A medida vence no dia 31 de maio e o setor tem urgência em, no mínimo, renovar o que já está posto, para reduzir a entrada do aço estrangeiro no país.
Oliveira assumiu a presidência da ArcelorMittal no dia 1° de abril. Antes, era comandante do setor de Aços Planos, que inclui a unidade de Tubarão, no Espírito Santo. Segundo ele, a renovação da medida contra o aço chinês é fundamental para o grupo manter a confiança em realizar os investimentos previstos no Brasil e também no Espírito Santo.
“Temos previstos ao menos mais R$ 10 bilhões, sendo 40% num projeto novo no Espírito Santo, que está na fase de estudos de viabilidade para aprovação do Comitê de Investimento e do Conselho de Administração do grupo no fim de 2025”, afirmou Oliveira, ao Estadão. A empresa já investiu R$ 25 bilhões desde 2022, ciclo que será completado até 2027.
Em entrevista à Folha de S. Paulo sobre o mesmo tema, Oliveira também afirma que as tarifas impostas por Trump a todo aço que entra nos Estados Unidos fizeram as siderúrgicas brasileiras venderem o produtos para o mercado americano com preço entre 5% e 7% mais barato. Como os EUA são os principais compradores de aço do Brasil, a tendência é de queda no faturamento.
Para a instalação da nova linha na unidade na Serra, a previsão é gerar 2.500 empregos no pico das obras. E, quando entrar em operação, vai demandar cerca de 450 profissionais.
A nova linha contará com tecnologias avançadas, incluindo um laminador de tiras a frio (LTF) e uma linha de Revestimento Contínuo, que permitirão à unidade expandir sua cadeia de produção e oferecer produtos com maior valor agregado. A iniciativa posiciona o Espírito Santo como um polo estratégico de inovação e desenvolvimento para a indústria do aço nacional.
Com foco na produção de aço de alta qualidade, o laminador de tiras a frio será responsável por entregar produtos a partir das bobinas a quente já feitas em Tubarão para abastecer o mercado e a linha de revestimento contínuo. Essa linha vai aplicar um revestimento metálico, garantindo maior resistência à corrosão e acabamento diferenciado.
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