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Publicado em 29 de junho de 2021 às 21:03
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) investigam quatro casos de varíola bovina em humanos no Espírito Santo; 24 vacas também foram identificadas com a doença. Questionada pela reportagem de A Gazeta, a Sesa não informou em qual município os casos são investigados, apenas identificou o local como "Região Central".>
Em nota, a Sesa informou que os casos investigados na Região Central se tratam de varíola bovina, um tipo de zoonose em que a fonte primária é o gado. "É importante ressaltar que a varíola humana foi erradicada no mundo há mais de 40 anos", ressaltou.>
As equipes estão realizando a investigação e orientando as vigilâncias da Atenção Primária dos municípios vizinhos sobre o manejo clínico e epidemiológico relacionados à doença. "É importante ressaltar que a transmissão ocorre principalmente por contato direto do ordenhador com úbere do animal. Apesar de pequena gravidade, traz transtornos para o trabalhador, que fica impedido de atuar", informou.>
Por fim, a Sesa esclareceu que não há necessidade de sacrifício dos animais nem restrições para a comercialização do leite, entretanto a inspeção sanitária do alimento em estabelecimento devidamente registrado no serviço de inspeção oficial é obrigatória.>
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A varíola bovina é diferente da varíola humana. Segundo o professor do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Breno Salgado, o último caso de varíola humana foi registrado no final da década de 1970, com a doença sendo considerada erradicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1980. >
Os casos investigados agora são de varíola bovina. "Existem outros vírus semelhantes que afetam animais, especialmente roedores em ambientes rurais. Onde existem roedores silvestres/selvagens é comum o contato com esses animais. Até mesmo gatos, cachorros caçando e tendo contato, acabam por se infectar", disse.>
O professor explica que o ser humano, ao ter contato com os animais com a doença, acaba se infectando também. "Como consequência, especialmente nesses ambientes rurais, ao tratar de animais que são utilizados na pecuária, como os bovinos, acaba passando", detalhou.>
Breno acrescenta dizendo que, geralmente, durante a ordenha, no caso de rebanho leiteiro, uma pessoa pode adquirir o vírus do animal e acabar repassando para outros animais. Ele ressalta que não há registro de transmissão de pessoa para pessoa.>
Breno Salgado
Professor do Departamento de Patologia da UfesBreno explica que, ocasionalmente, ocorrem alguns surtos, e cita que casos já foram registrados no Brasil em outras décadas como, por exemplo, em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.>
"No fim das contas, o ser humano funciona somente como hospedeiro acidental. Não é impossível que tenha ocorrido também varíola bovina verdadeira, ou seja, o vírus da varíola dos bovinos foi o primeiro que depois foi transmitido aos seres humanos", explicou o professor.>
Apesar dos casos investigados, Breno ressalta que isso tem ficado cada vez menos frequente, e que dependerá das análises em laboratório para saber realmente qual o tipo de vírus em questão. "Definir se são dos roedores inicialmente, dos bovinos... Existe até varíola de macaco, todas menos agressivas nos humanos que funcionam como hospedeiros acidentais", concluiu.>
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