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Polícia conclui que Clarinha não é a menina raptada em Guarapari

Polícia conclui que Clarinha não é a menina raptada em Guarapari

Investigação aponta que o perfil genético da mulher em coma no ES foi comparado ao de familiares da garota desaparecida, mas se mostrou incompatível

Publicado em 5 de agosto de 2021 às 19:34

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Clarinha
Clarinha está internada desde junho de 2000. (Fernando Madeira)
Aline Nunes
Repórter de Cotidiano / [email protected]

Nesta semana, um fato novo havia reacendido a esperança de localizar parentes de Clarinha, mulher sem identificação oficial e que está em coma há 21 anos no Hospital da Polícia Militar (HPM). As caraterísticas físicas eram compatíveis a de uma criança de 1 ano e 9 meses que havia sido raptada no final da década de 1970, em Guarapari. Contudo, as investigações foram concluídas e a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), que analisava o caso, atestou que a Clarinha não é a menina sequestrada. 

A conclusão se baseou em análises comparativas dos perfis genéticos da Clarinha e dos pais da criança sequestrada. A família é de Minas Gerais, mas passava férias no litoral capixaba quando houve o sequestro. 

Em nota, a PCMG informa que as amostras biológicas dos pais da menina desaparecida em 1976 foram processadas pela Seção Técnica de Biologia e Bacteriologia Legal da instituição e os perfis foram inseridos no Banco de Dados de Perfis Genéticos em fevereiro de 2013. A amostra biológica da Clarinha foi processada pelo Laboratório de DNA Criminal do Espírito Santo e inserida no Banco de Dados de Perfis Genéticos em novembro de 2015.

"Os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo são integrantes da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, o que permite que, periodicamente, haja o confronto de suas respectivas inserções com todas as inserções dos Laboratórios de DNA Forense do país que contribuem com esta rede. Assim, caso a paciente fosse filha do casal mineiro, a maternidade/paternidade teria sido confirmada em novembro de 2015", observa a Polícia Civil.

Ainda assim, nesta quinta-feira (5),  os perfis do casal de Minas Gerais e da paciente foram novamente comparados e o resultado previamente apresentado pela Rede Integrada de Perfis Genéticos foi confirmado (exclusão de maternidade e paternidade).

"A PCMG esclarece que, na época dos fatos, tomou as providências cabíveis (divulgação das imagens da criança e seus familiares, inclusive da fotografia envelhecida da desaparecida, contato com as redes da assistência social e da saúde em busca de informações sobre o paradeiro da desaparecida) e a mídia nacional deu ampla divulgação ao caso. Em virtude disso, esta Polícia Civil recebeu informações de mulheres que poderiam ser a desaparecida em questão, porém, após confronto do material genético dessas mulheres com o material genético dos genitores de Cecília (nome de batismo da criança desaparecida), todas as possibilidades foram descartadas."

INVESTIGAÇÃO

O pedido de investigação havia sido feito pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), que conduz as ações na tentativa de localizar a família de Clarinha. No ano passado,  uma equipe de papiloscopistas da Força Nacional de Segurança Pública que estava em operação no Estado soube da história e pediu autorização do órgão estadual para ajudar na apuração do caso. A equipe utilizou o processo de comparação facial, com buscas em bancos de dados de pessoas desaparecidas com características físicas semelhantes às de Clarinha.

Chegou-se então ao caso da menina sequestrada em Guarapari. Para a confirmação das semelhanças físicas entre a criança e 'Clarinha', foi solicitada a realização de exame de reconhecimento facial por uma empresa especializada neste trabalho localizada no Paraná. O exame concluiu haver 'compatibilidade' entre ambas. 

Com esses novos elementos, o Ministério Público requisitou a um laboratório o perfil genético de Clarinha e a amostra foi encaminhada para a Polícia Civil de Minas Gerais promover a comparação, mas o resultado foi negativo. 

Antes dessa testagem, várias outras tentativas de localizar familiares já foram feitas desde que Clarinha chegou ao hospital sem documento de identificação. Pessoas de diversas partes do país, sobre as quais havia indícios de parentesco, submeteram-se a exames de DNA.

O caso ganhou mais repercussão após uma reportagem do Fantástico, em 2016, e 102 famílias procuraram o MPES tentando identificar Clarinha como uma possível parente desaparecida. Desse total, 22 casos chamaram mais atenção, pelas fotos ou pela similaridade dos dados próximos ao perfil da mulher internada.

Após nova triagem, quatro casos foram descartados, devido à incompatibilidade de informações ou pelo fato de as pessoas procuradas já terem sido encontradas. O Ministério Público dividiu as 18 pessoas restantes em dois grupos para a realização dos exames de DNA. No entanto, os resultados mostraram-se incompatíveis para traços familiares.

ENTENDA O CASO

A mulher identificada como "Clarinha" foi atropelada no dia 12 de junho de 2000 quando, segundo testemunhas, fugia de um perseguidor. Ela correu para o meio de uma avenida movimentada no Centro de Vitória e foi atingida por um ônibus. Socorrida, foi levada para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE) São Lucas, no qual foi submetida a diversas cirurgias.

Contudo, ela nunca se recuperou do trauma e está em coma profundo desde o acidente. Sem documento de identidade e digitais desgastadas, não foi possível localizar um parente. Nem mesmo as testemunhas do atropelamento souberam informar de quem se tratava aquela jovem na época. Clarinha foi transferida para o HPM, hospital em que permanece internada. Inclusive, foi no local, que recebeu o apelido da equipe de saúde que a acompanha.

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