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Plano nacional de vacinação: veja quem será vacinado em cada fase

Plano nacional de vacinação: veja quem será vacinado em cada fase

Sem informar uma data de início da campanha, o Ministério da Saúde anunciou como deve funcionar a imunização contra a Covid-19 no Brasil

Publicado em 16 de dezembro de 2020 às 15:18

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Muitos cientistas políticos alertaram para a disputa que se daria pelas vacinas no mundo
Governo Federal afirma ter negociado mais de 300 milhões de doses de vacina. (Freepik)

O governo federal apresentou na manhã desta quarta-feira (16) o Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. O documento prevê quatro fases de vacinação para grupos prioritários. As três primeiras devem imunizar 49,65 milhões de pessoas.

Não há data definida para início da aplicação dos imunizantes, mas o governo, no entanto, prevê que a campanha será iniciada cinco dias após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar o uso emergencial do medicamento.

350 MILHÕES
O Ministério da Saúde afirma já negociar cerca de 350 milhões de doses de imunizantes para 2021, sendo que a imunização deve exigir duas aplicações em cada pessoa.

Na etapa inicial, a ideia é usar doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, que será fabricada pela Fiocruz, além de aplicar a vacina da Pfizer em profissionais de saúde de capitais e regiões metropolitanas que atuaram na pandemia. A ideia é receber 2 milhões de doses da Pfizer no primeiro trimestre de 2021.

Na nova versão do plano apresentada nesta quarta-feira (16), o governo passa a afirmar que está negociando a compra da Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e o Instituto Butantan. O órgão é ligado ao governo paulista, comandado por João Doria (PSDB), adversário político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Até então, o governo federal estava resistente em incluir a vacina no plano nacional do vacinação.  

O plano está dividido em dez eixos, que incluem descrições sobre a população-alvo para a vacinação; detalhamento das vacinas já adquiridas pelo governo e as que estão em processo de pesquisa; a operacionalização da imunização; o esquema logístico de distribuição das vacinas pelo país; e as estratégias de comunicação para uma campanha nacional.

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Plano nacional de vacinação contra a Covid-19

Veja a íntegra do documento apresentado pelo Governo Federal

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A capixaba Ethel Maciel, que é pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), participa do grupo técnico formado por pesquisadores e cientistas encarregados de auxiliarem o Ministério da Saúde na elaboração do plano nacional de vacinação contra a Covid-19.

Integrante de um grupo formado por 36 especialistas,  ela anunciou que a primeira versão do plano, divulgada no sábado (12), não havia sido apresentada a eles.  Eles destacaram, inclusive, que alguns pontos do planejamento para a imunização contra o coronavírus não refletiam o posicionamento do grupo.

"Eles tiraram os nossos nomes, fizeram agradecimentos genéricos às sociedades científicas que participaram, o que eu acho mais correto porque eu recebi isso (esse plano) da imprensa, não recebi deles", pontuou Ethel. A epidemiologista destacou também que algumas recomendações do grupo para vacinação das populações vulneráveis, além dos indígenas, foram contempladas. "Ainda que não tenha o período em que serão vacinados, agora (esses grupos) constam no plano. Incluíram pessoas com deficiências. Então isso é bom",  pontua. 

O governador Renato Casagrande (PSB) esteve na cerimônia de lançamento realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. Ele disse que o governo do Estado está preparado para auxiliar na aplicação do plano.

Aspas de citação

Foi importante porque isso mostrou uma quebra da barreira do impedimento ideológico da origem da vacina. O que cabe agora é definir um cronograma de aplicação dessa vacina para que a gente possa chegar o mais rápido possível para todos os brasileiros

Renato Casagrande
Governador do ES
Aspas de citação

GRUPOS PRIORITÁRIOS

O Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, apresentado pelo governo, prevê quatro grupos prioritários que somam 50 milhões de pessoas, o que vai demandar 108,3 milhões de doses de vacina, já incluindo 5% de perdas, uma vez que cada pessoa deve tomar duas doses em um intervalo de 14 dias entre a primeira e a segunda injeção.

FASES DA VACINAÇÃO

  • 01

    FASE 1

    Grupo formado por trabalhadores da saúde (5,88 milhões), pessoas de 80 anos ou mais (4,26 milhões), pessoas de 75 a 79 anos (3,48 milhões) e indígenas com idade acima de 18 anos (410 mil).

  • 02

    FASE 2

    Formada por pessoas de 70 a 74 anos (5,17 milhões), de 65 a 69 anos (7,08 milhões) e de 60 a 64 anos (9,09 milhões).

  • 03

    FASE 3

    A previsão é vacinar 12,66 milhões de pessoas acima dos 18 anos que tenham as seguintes comorbidades: hipertensão de difícil controle, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, indivíduos transplantados de órgão sólido, anemia falciforme, câncer e obesidade grave (IMC maior ou igual a 40).

  • 04

    FASE 4

    Deverão ser vacinados professores do nível básico ao superior (2,34 milhões), forças de segurança e salvamento (850 mil) e funcionários do sistema prisional (144 mil). O Ministério da Saúde pondera, no documento, que os grupos previstos ainda são preliminares e poderão ser alterados.

VACINAS

Até esta quarta-feira (16), nenhuma vacina havia sido aprovada pela Anvisa. Segundo o plano, o governo federal já garantiu 300 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 por meio de três acordos: 

  • Fiocruz/AstraZeneca (100,4 milhões de doses até julho de 2020 e mais 30 milhões de doses por mês no segundo semestre); 
  • Covax Facility (42,5 milhões de doses); 
  • Pfizer (70 milhões de doses ainda em negociação).

O plano destaca que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até o dia 10 de dezembro, existiam 52 vacinas contra a Covid-19 candidatas em fase de pesquisa clínica e 162 candidatas em fase pré-clínica de pesquisa.

Das vacinas candidatas em estudos clínicos, há 13 em ensaios clínicos fase 3 para avaliação de eficácia e segurança, a última etapa antes da aprovação pelas agências reguladoras e posterior imunização da população.

DISTRIBUIÇÃO

Os profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) serão capacitados para operacionalizar a campanha. Também será montado um esquema de recebimento, armazenamento, expedição e distribuição dos insumos (vacina, seringas e agulhas).

O principal complexo logístico será a partir do aeroporto internacional de Guarulhos (SP), na sede da empresa VTC Logística, que tem contrato com o Ministério da Saúde. Há também estruturas menores em Brasília, Rio de Janeiro e Recife.

Além de acordos com companhias aéreas, também está prevista a entrega da carga embalada por modal rodoviário para Santa Catarina, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e outras unidades da federação que fiquem em até 1.400 quilômetros de raio dos centros de distribuição.

ORÇAMENTO DO GOVERNO

  • R$ 1,9 bilhão: encomenda tecnológica associada à aquisição de 100,4 milhões de doses de vacina pela AstraZeneca/Fiocruz;  
  • R$ 2,5 bilhões:  adesão ao Consórcio Covax Facitity, associado à aquisição de 42 milhões de doses de vacinas;
  • R$ 177,6 milhões: custeio e investimento na Rede de Frio, na modernização dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs), no fortalecimento e ampliação da vigilância de síndromes respiratórias;
  • R$ 62 milhões: aquisição de mais 300 milhões de seringas e agulhas.

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