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Publicado em 26 de dezembro de 2020 às 08:19
- Atualizado há 5 anos
A macadâmia é uma árvore originária da Austrália que produz uma noz adocicada e muito apreciada em todo mundo, mas foi na cidade de Castelo, na região Sul do Espírito Santo, que o fruto da "terra do canguru" ganhou fama no Estado. >
No município, ela foi plantada no quintal da casa da família Brunelli. Mal sabiam eles que a mudinha que cresceu e frutificou se tornaria anos mais tarde o carro-chefe dos negócios da família, além de um ícone gastronômico não apenas da cidade, mas também da região.>
Foi pelas mãos de sete irmãos que a noz virou um doce de sabor único e que há mais de duas décadas é sucesso garantido de vendas, ao ponto de ser reconhecido como uma tradição castelense. O detalhe mais interessante é que o surgimento do "pé de moleque de macadâmia" começou por acaso, como narrado por Marta, uma das que colocam a mão na massa, ou melhor, na panela, para fazer da junção da noz, água, açúcar e leite condensado, um produto desejado por quem visita a cidade.>
"Nós sempre trabalhamos com doces, bolos e temos há mais de 40 anos um comércio, aqui em Castelo, onde vendemos nossos produtos. A gente tinha uns pés de macadâmia no quintal e já fazíamos o pé de moleque. Aí tivemos a ideia de usar a semente ao invés de amendoim. O resultado foi uma delícia e, desde, então não paramos mais de fazer. Isso tem pelo menos uns 25 anos", explicou Marta.>
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A nova versão do doce tipicamente brasileiro foi aos poucos sendo conhecida por vizinhos e moradores, que inicialmente davam o pé de moleque como um mimo a médicos e visitantes. Em pouco tempo, a procura cresceu e o docinho, feito quase que por acaso, virou negócio que já está na terceira geração da família Brunelli.>
"Não podemos deixar de ter o doce à venda na nossa loja. Todo mundo que vem a Castelo já chega e procura por ele, fora os moradores. O negócio foi ganhando fama na região e as pessoas já pedem pelo nosso pé de moleque de macadâmia de Castelo. É simples, mas feito com muito amor e dedicação da nossa família. Acho que esse é o segredo", complementou Marta.>
O sucesso se traduz em números: em condições normais, são produzidos cerca de 30 quilos por semana do doce apenas para ser vendido no comércio. A família, contudo, recebe encomendas para casamentos e eventos corporativos, como a "Cachoeiro Stone Fair" - estes fazem com que a produção diária seja intensificada. Embora todos os sete irmãos participem de alguma forma do processo, é Lúcia quem comanda o fogão. Quando a "coisa aperta", ela chega a cuidar de quatro panelas simultaneamente. >
O sucesso do pé de moleque não se limita à cidade. O doce ganhou fama nacional, quando a equipe do programa "Mais Você", da Rede Globo, visitou a cozinha montada atrás do hortifruti da família para ver como o campeão de vendas era produzido. Na ocasião, no fim de 2015, o cozinheiro Jimmy McManis foi pessoalmente ao local. A matéria foi ao ar no dia 6 de janeiro de 2016 e a iguaria ganhou elogios da apresentadora Ana Maria Braga, que o reproduziu no estúdio, e também do Louro José.>
"Ali que explodiu mesmo. Eles vieram aqui, foram uma simpatia só com a gente, e adoraram o doce. Depois que passou na televisão, veio gente de tudo o que é canto do mundo nos visitar para prová-lo. Fora que mandamos pelos Correios, pois vira e mexe somos procurados por quem já veio na cidade e quer comer de novo. Até para outros países nosso docinho já foi parar", contou Marta.>
A família é formada pelos irmãos Beto, Lúcia, Marta, Vera, Rosilene, Bete e Cátia. Junto deles, as primas Cintia e Nathalia também colaboram no sucesso do produto. Além do pé de moleque de macadâmia, a família ainda produz bolos, biscoitos, doces, salgados e uma vasta linha alimentos caseiros.>
Para atender a demanda incessante, os Brunellis tiveram de importar a noz, que atualmente chega já beneficiada (descascada) diretamente da cidade de Jaboticabal, no interior de São Paulo. >
Marta Brunelli
Doceira e comercianteSe interessou? Para quem não conhece Castelo, a cidade fica a cerca de 150 quilômetros de Vitória e o acesso pode ser feito pela BR 262, em uma viagem de cerca de três horas de duração. Além do pé de moleque de macadâmia, a cidade também oferece como gastronomia o torresmo prensado, outro produto típico local e que os produtores se empenham para que seja reconhecido como um exclusivo do município. >
Aos aventureiros, Castelo conta com rampas para a prática do voo livre, sendo, inclusive, um dos melhores pontos do mundo para a modalidade. Além disso, no feriado de Corpus Christi, os tapetes colorem as ruas por quilômetros, sendo apontado como um dos mais belos do Brasil. Em resumo, um doce de cidade. >
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